Construir com materiais provindos diretamente da terra é uma das práticas mais antigas da civilização humana, como evidenciado pelas obras vernaculares, por exemplo.

Nos últimos anos, houve um significativo resgate desses modelos construtivos, impulsionado pela criação de novos sistemas, como a permacultura. Cada vez mais pessoas estão conscientes da necessidade de adotar práticas arquitetônicas sustentáveis, como o uso de solo-cimento.

Nesse sentido, tem havido uma redescoberta de técnicas do passado, buscando alternativas para substituir os materiais de construção atuais, que frequentemente demandam um alto custo energético e estão fundamentados em uma visão equivocada de que os recursos naturais são inesgotáveis e acessíveis a todos. Para se aprofundar no assunto, confira o texto a seguir, do Engenharia 360!

O que é solo-cimento

Há mais de três séculos, o homem deixou de valorizar a terra crua como material construtivo. Técnicas simples, como o adobe, a taipa de mão e o pau a pique, foram substituídas pelo tijolo cozido. Entretanto, no Brasil, uma tecnologia menos agressiva vem sendo difundida e consagrada desde o final da década de quarenta, embora seja conhecida há mais tempo em outras partes do mundo. Essa tecnologia refere-se ao tijolo ou bloco modular de solo-cimento, que, apesar de ter uso restrito, representa uma excelente alternativa para a construção civil.

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Exemplos de aplicações

As peças em solo-cimento podem ser empregadas para diversos fins e de inúmeras formas. Elas são especialmente úteis para erguer paredes monolíticas, fundações, pisos, passeios, muros de arrimo e barragens. Além disso, geralmente são indicadas para construções de habitações populares e instalações mais econômicas, como galpões, aviários e armazéns, especialmente em regiões rurais e suburbanas.

O solo-cimento apresenta vantagens significativas, como baixo custo, disponibilidade de matéria-prima local e menor impacto ambiental, o que o torna uma escolha atraente para diversas aplicações na área da construção. Sua popularidade tem crescido, impulsionando a busca por soluções sustentáveis e eficientes no setor da construção civil. Falaremos mais sobre isso ainda neste texto.

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Com é feita a fabricação dos tijolos

A fabricação dos tijolos ou blocos de solo-cimento é bastante simples e versátil, permitindo a produção de até mil e quinhentas peças por dia. Não é necessária mão de obra qualificada, podendo ser feita de forma manual com pequenas fôrmas em madeira ou através de prensas próprias oferecidas por diversas empresas no mercado, com modelos de custo relativamente baixo, o que torna o processo mais ágil.

Além disso, a técnica possibilita a produção de até cinco modelos diferentes de peças em solo-cimento, bastando trocar os moldes metálicos das prensas. Dentre os exemplos estão os blocos maciços, de encaixe, canaletas, placas de revestimento e padrões mais sofisticados, como elementos decorativos. Em poucos dias, os tijolos adquirem a consistência compacta necessária para uso.

Essa variedade de peças permite a elaboração de projetos com maior qualidade e proporciona uma execução mais racional da técnica. Ademais, as instalações hidráulicas e elétricas seguem procedimentos semelhantes aos utilizados em construções convencionais, o que simplifica o processo de incorporação desses elementos.

Dessa forma, a fabricação de tijolos ou blocos de solo-cimento oferece uma alternativa viável e eficiente para a construção civil, apresentando-se como uma opção sustentável e de baixo custo para a produção de materiais de construção com ótima qualidade e ampla aplicabilidade em diferentes projetos.

Como é a composição do material solo-cimento

A composição do solo-cimento é obtida através de uma simples mistura de terra disponível no próprio local da obra, juntamente com água, cimento (preferencialmente do tipo Portland comum) e areia argilosa, excluindo-se pedregulhos maiores ou qualquer material orgânico, como raízes.

Quando se trata de obras de pequeno porte, é possível realizar a dosagem dos materiais no local (in loco). No entanto, o método mais recomendado é realizar a avaliação em laboratório para garantir a qualidade final desejada. Isso evita problemas como um traço excessivamente rico em cimento, o que poderia comprometer a construção. É fundamental que a mistura seja homogênea e apresente uma coloração uniforme.

Para verificar a umidade da mistura, existem diversos procedimentos simples, sendo um deles a simples pressão dos dedos. A consistência da mistura deve ser semelhante à de um bolo comestível.

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Quais as principais características e benefícios do solo-cimento

O solo-cimento é uma tecnologia que proporciona inúmeras vantagens para construções sustentáveis e eficientes. Os tijolos de solo-cimento oferecem excelentes índices de conforto ambiental e controle de pragas, assegurando condições mínimas de habitabilidade. Além disso, as peças têm um aspecto visual atraente e são altamente resistentes, apresentando perfeita impermeabilidade e, consequentemente, exigindo pouca manutenção.

Diferentemente dos tijolos convencionais, as paredes monolíticas de solo-cimento dispensam a aplicação de chapisco, emboço ou reboco, o que simplifica o processo de construção. Basta realizar uma única aplicação de pintura com tinta à base de cimento para finalizar o acabamento.

Outra grande vantagem é a facilidade e rapidez no processo de fabricação, cura e secagem dos elementos, bem como na montagem das paredes ou pisos. Essa agilidade resulta em economia de tempo e de materiais, tornando a utilização de peças em solo-cimento uma escolha econômica e sustentável.

No entanto, o benefício mais significativo do solo-cimento reside na sua abordagem ecológica. Ao contrário dos tijolos tradicionais, que requerem a queima de materiais e geram altos índices de emissão de carbono, o solo-cimento utiliza técnicas de compactação e cura que dispensam qualquer processo de queima, tornando-o uma opção ambientalmente amigável.

Para obter mais informações sobre o tijolo de solo-cimento, recomenda-se a leitura da NBR 8491, uma norma técnica que traz especificações e diretrizes para a aplicação adequada dessa tecnologia construtiva. Investir em materiais sustentáveis, como o solo-cimento, é um passo importante para o desenvolvimento de construções mais sustentáveis e conscientes ambientalmente.

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Fontes: CEPLAC, Fórum da Contrução, Téchne.

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Simone Tagliani

Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.