A prefeitura da cidade de Santos, no litoral do estado de São Paulo, busca soluções sustentáveis para o aprimoramento das condições de vida do Dique Vila Gilda, localizado na Zona Noroeste da cidade. A intenção é transformar o local também socialmente, com o novo projeto denominado 'Parque Palafitas'.
Santos abriga atualmente não só o maior complexo portuário da América Latina, mas também o maior complexo de favelas de palafitas do Brasil. Por isso, o projeto pretende fazer a reorganização das moradias da área, que foram construídas sobre manguezais. Além da melhoria nas habitações, que são irregulares e apresentam riscos à população, estão incluídas melhoras na paisagem urbana local, como por exemplo a implementação parques e áreas reservadas para a recuperação do bioma natural local.
O projeto foi elaborado pela Jaime Lerner Arquitetos Associados. A equipe do escritório do famoso arquiteto e urbanista paranaense, falecido recentemente, iniciou os primeiros esboços em 2018. Aliás, além da renovação arquitetônica nas áreas de palafitas, o projeto original conta com reformas e mudanças em vários pontos da cidade de Santos. Por isso, para ser implementada, a iniciativa conta com recursos da organização Comunitas.
Veja algumas imagens do projeto de Jaime Lerner Arquitetos Associados:
Região permaneceu desassistida durante décadas
A palafita é um sistema construtivo presente em todos os continentes do mundo, mas especialmente comum em regiões tropicais, com alto índice pluviométrico. No caso de Santos, as palafitas são muitas vezes a única opção de moradia de pessoas que vêm de outras regiões do Brasil em busca de trabalho, e não têm onde morar. Esse processo acontece desde a década de 1950 até hoje.
O documentário Sobre Água, produzido no final do ano passado, mostra a realidade dos moradores do local. Apesar de estar sobre a água, a favela é mais uma das muitas regiões do país que não é abastecida por água tratada e coleta de esgoto. Além da falta de saneamento básico, as casas de palafitas em si também são problemáticas, apresentando constante risco de desmoronamento.
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Contudo, a região conta com o auxílio de algumas iniciativas, como é o exemplo da Arte no Dique. Funcionando como um respiro para os moradores da região, a ONG funciona desde o início dos anos 2000. Ademais, no documentário Arte no Dique, é possível saber mais sobre as atividades deste centro educacional e cultural.
Projeto pretende resolver o problema de saneamento básico
"Há décadas o governo vem tentando remover as palafitas. Mas elas só crescem ano após ano. Percebemos com os nossos estudos que tentar sumir com essas moradias seria como enxugar gelo. As pessoas da comunidade sempre acabam voltando. Elas já estão acostumadas com os serviços próximos e a localização."
- Ariadne dos Santos Daher, arquiteta coordenadora do projeto
O projeto Parque Palafitas prevê a construção de casas com estrutura pré-fabricada sobre a água. Além disso, na área seca do mangue haverá prédios, e neles serão contidas caixas d'água que abastecerão a comunidade. O prefeito da cidade explica:
"Muitas pessoas não se adaptam a lugares distantes e acabam voltando para o seu local de origem. Trata-se de um projeto inovador do Brasil. Queremos ordenar as palafitas e promover a recuperação ambiental. Queremos que as pessoas habitem o local com o qual já estão familiarizadas, mas com dignidade. Com saneamento, energia elétrica e moradia adequada.",
"(...) É a maior palafita do Brasil, com vários problemas sociais. Ainda temos que superar muitas barreiras como as ambientais, a busca de recursos, o que faremos com planejamento e trabalho técnico. É um resgate da cultura das pessoas que moram ali e do bom convívio com o meio ambiente, o oceano e o mangue."
- Rogério Santos.
Se quiser saber mais sobre o projeto Parque Palafitas, assista ao vídeo a seguir:
Fontes: Novo Milênio; R7; Arte no Dique; Prefeitura de Santos; Jaime Lerner Arquitetos Associados.
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Joachim Emidio Ribeiro Silva
Pesquisador, professor e artista. Colaborador do E360, difunde notícias e atualidades da Engenharia e todos os seus desdobramentos. É especialmente curioso sobre os campos de intersecção entre Engenharia e Música, como a Acústica e a Organologia. Atualmente é pós-graduando em Performance Musical pelo Instituto de Artes da UNESP, em São Paulo, SP.