Ciência

Ciência x fé: por que o Vaticano possui um observatório astronômico?

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Por: Simone Tagliani | Em: | Atualizado: 22 meses atrás | 6 min de leitura

Imagem reproduzida de revista Astronomía

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Nos últimos anos, parece que mergulhamos num mar de dúvidas e discussões acaloradas sobre todo tipo de assunto. Muito se duvidou da ciência. E algumas pessoas, de forma muito infeliz, levantam essa bandeira distorcendo discursos religiosos. Porém, talvez uma parcela da "culpa" - se podemos chamar assim - seja da própria Igreja. Não é segredo que, no passado, a Igreja Católica perseguiu demais pesquisadores, como Galileu Galilei. O astrônomo, no século XVII, chegou a ser levado a um tribunal católico por defender que a Terra girava em torno do Sol - teoria heliocêntrica.

Observatório do Vaticano
Imagem reproduzida de UPN

Olha que absurdo; estamos em 2022! Até hoje, com toda a facilidade de coleta de informações, tem gente duvidando de que a Terra é redonda. E esta história de que ciência e religião precisam ou devem estar em lados opostos é mentira! Na verdade, não há, de fato, contradição entre ciência e fé. Como bem lembrou certa vez um membro da cúpula da Igreja, seria uma ignorância pensar que Deus, em sua infinita criatividade, se limitaria a criar vida apenas na Terra. Aliás, o próprio Jesus disse: "Na casa de meu Pai há muitas moradas." (Jo 14,1-6).

Você talvez não saiba, mas a Igreja Católica realiza, frequentemente, conferências sobre ciência. Sim, ciência! Debatendo temas, por exemplo, como galáxias. E geralmente isso é por parte do Observatório Astronômico Vaticano. Saiba mais sobre ele no texto a seguir!

A criação do Observatório do Vaticano

O Observatório do Vaticano - Specola Vaticana - é um instituto de pesquisa astronômico gerido pela… Santa Sé, a jurisdição eclesiástica da Igreja Católica, em Roma. Sua sede fica hoje ao lado da "residência de verão" dos Papas da Igreja Católica Romana, em Castel Gandolfo, na Itália. Ela é coordenada por um ex-professor de Harvard e do MIT, o Irmão Guy Consolmagno. E sua contribuição para a ciência é inestimável.

A Igreja passou a manifestar o interesse pelo estudo da Astronomia ainda no século XVI, com o Papa Gregório XIII, por recomendação do Concílio de Trento. Na época, os estudos focaram na troca do calendário juliano para o gregoriano, aquele que usamos até os dias de hoje. Mas, de lá para cá, várias investigações sobre o céu foram realizadas pelos religiosos católicos. Já o observatório foi criado em 1891, como uma resposta do papa Leão XIII às acusações de que a Igreja era inimiga da ciência. Na época, ele ficava mais próximo da Basílica de São Pedro - mas a cidade cresceu e as luzes das zonas urbanas comprometeram a observação do espaço.

Observatório do Vaticano
Imagem reproduzida de Associação Brasileira de Cristãos na Ciência

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Os estudos desenvolvidos pelo observatório

Inicialmente, apenas cientistas jesuítas trabalhavam no instituto. Contudo, posteriormente, o instituto passou a ter integrantes de outras ordens religiosas, como os barnabitas, os agostinianos e os oratorianos. Atualmente a responsabilidade do observatório compete à Companhia de Jesus. Em novo endereço, desde 1939, o observatório passou a contar com instrumentos mais modernos - como artigos de computação da multinacional Hewlett-Packard - e também um departamento de astrofísica para estudo da estrutura e evolução da Via-Láctea.

Hoje ainda existe uma unidade do Observatório Vaticano no interior do estado do Arizona, nos Estados Unidos. Aliás, o "Telescópio de Tecnologia Avançada do Vaticano", no Monte Graham, é considerado um dos melhores locais de visibilidade astronômica.

Observatório do Vaticano
Imagem reproduzida de Vatican Observatory Advanced Technology Telescope
Observatório do Vaticano
Imagem reproduzida de ACI Digital

Mas, no endereço do Castelo Gandolfo, a poucos quilômetros de Roma, a Igreja Católica mantém uma rica biblioteca com 22 mil títulos de livros antigos e raros, como obras de Galileu Galilei, Nicolau Copérnico, Isaac Newton, Johannes Kepler e outros cientistas famosos. Além disso, uma relevante coleção de meteoritos.

Que fique claro que o trabalho deste observatório não recebe interferências do papa. Assim, se mantendo neutro, sempre contou com a cooperação da NASA. As linhas de pesquisas desenvolvidas incluem: fotometria e espectroscopia sobre aglomerados estelares; estudo da distribuição espacial das estrelas de diferentes tipos espectrais; órbitas de estrelas duplas; produção de atlas de espectro de interesse astrofísico; entre outras.

Observatório do Vaticano
Imagem reproduzida de Aleteia

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A saber, em sua página na internet, o Observatório do Vaticano tenta deixar claro para os visitantes leigos que a instituição não usa telescópios visando procurar 'algo divino lá em cima', sendo católico, mas sem fins religiosos.

"Nem com um telescópio potentíssimo poderíamos ver Deus. Ele está além do universo, por trás de tudo que existe." - José Funes, diretor do Observatório Astronômico Vaticano.


Fontes: Unisinos, Wikipédia, Cristãos na Ciência, O Estadão.

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