Em 2025, o famoso empresário Donald Trump assume pela segunda vez - não consecutiva - a presidência de uma das maiores potências do mundo - se não, a maior. Seu país, que vive um período de forte retomada da economia e valorização do dólar, se prepara para assumir velhas promessas realizadas ainda na campanha de 2016, incluindo melhor controle dos gastos públicos, das taxas comerciais e da fronteira. E neste ponto destaca-se o polêmico muro fronteiriço Estados Unidos-México.
Trump sempre foi a favor de realizar deportaçõs em massa de imigrantes ilegais, sobretudo aqueles envolvidos em atividades como tráfico de drogas. Além disso, ele tenta vender a ideia de erguer uma barreira física para conter os invasores. Porém, a expansão desse projeto ambicioso para a fronteira esbarra em desafios técnicos, financeiros e sociais. Veja a seguir, neste texto do Engenharia 360, quais as realidades que cercam a construção dessa grande estrutura de engenharia!
As estruturas ao longo da divisa Estados Unidos-México
Nós, seres humanos, vivemos num mesmo planeta, mas não somos unidos. Ao nosso redor existem inúmeras barreiras, como cercas e muros, exemplos de engenharia. Ademais, a própria natureza, em regiões mais remotas, serve como barreira natural, dificultando o trânsito de pessoas e a construção de qualquer estrutura física. Isso acontece também lá entre os Estados Unidos e o México.
O muro fronteiriço entre os dois países se estende por quase 4 mil quilômetros, abrangendo uma diversidade de terrenos que vão desde desertos áridos até áreas urbanas, de propriedades públicas a privadas. O interessante é que ao longo desse trajeto pode-se ver cercas simples, feitas especialmente para impedir a passagem de pedestres; estruturas de concreto, para bloqueios de veículos; e contenções de aço (resistentes à corrosão salina) que se estendem até o mar em áreas costeiras, como em San Diego e Tijuana.
Voltando à questão da natureza. Na região do Rio Grande, por exemplo, é a própria natureza, com canais e pântanos, que age contra os imigrantes, tornando até mesmo desnecessária a presença de estruturas humanas para fiscalização.
As mudanças de engenharia propostas por Donald Trump
A equipe do primeiro mandato de Donald Trump, de 2017 a 2021, propôs algumas mudanças para o muro fronteiriço Estados Unidos-México. Vale destacar que essas mudanças refletiram não apenas questões práticas, mas também de necessidade dos agentes de fronteiras, formando uma estrutura mais viável para o combate à imigração assim como desejado.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
LEIA MAIS
Num primeiro momento, Trump imaginava criar uma super barreira impenetrável de concreto de nove metros de altura. Contudo, mais tarde, ele optou por apresentar uma proposta que combinava aço e concreto, considerando as limitações logísticas dos materiais. Oito protótipos da foram elaborados. Infelizmente, as simulações realizadas pela Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) demonstraram que os modelos de engenharia apresentavam falhas.
O cenário era mais complexo do que se pensava! Era preciso considerar que a estrutura, em diferentes pontos da fronteira, precisaria ser adaptada aos terrenos acidentados e variados. Também que concretar em terrenos desérticos é inviável, ou seja, teria que se levar as peças prontas in loco - o que ainda assim é caro. Nos testes, ferramentas simples, como marretas e serras elétricas, já foram suficientes para violar as estruturas, criando buracos de mais de 30 cm de diâmetro. Inaceitável!
Estima-se que, para ser eficaz na contenção de imigrantes ilegais, o muro precisaria ter pelo menos 20 metros de altura e fundações profundas.
Então, foi entendido que o projeto precisaria de melhorias. Mas o tempo hábil para a elaboração de um novo foi insuficiente. Trump perdeu as eleições de 2020, Joe Biden assumiu, e os planos da direita americana precisaram ser adiados. Mas agora, em 2025, tudo é possível!
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
As consequências da retomada do plano 'Muro de Trump'
Os americanos cobram há anos, desde o governo de Barack Obama, uma postura mair firme da presidência com relação à imigração. A retórica em torno do muro tem alimentado divisões políticas. Agora, as tensões estão nas alturas, com as comunidades ao longo da fronteira voltando a ser ameaçadas pela presença massiva de forças de segurança na região.
A saber, neste janeiro de 2025, Trump enviou mais de 1.500 soldados para conter travessias na divisa com o México.
Não vamos aqui, neste texto, nos prolongar no debate sobre imigração. Só vale ressaltar como essas pessoas que vivem perto do muro fronteiriço Estados Unidos-México são afetadas pelas políticas migratórias rígidas. E tal estrutura de engenharia ainda é um triste lembrete diário de que histórias serão interrompidas, famílias serão separadas e culturas serão divididas para cada lado da divisa. Essa sim é uma situação que merece reflexão sobre direitos humanos e segurança.
Comparações históricas
Além desse muro fronteiriço Estados Unidos-México, muitos outros muros foram construídos ao redor do mundo para separar países. A Grande Muralha da China (8.850 quilômetros) é um exemplo, também o Muro de Berlim (154 quilômetros) - já derrubado - e o muro que separa Israel da Cisjordânia. Todos esses projetos enfrentaram seus desafios até serem colocados em prática. Especialmente o último citado, foi parcialmente erguido em placas pré-fabricadas de concreto, mas não está totalmente concluído.
O que impede a expansão do muro fronteiriço Estados Unidos-México
O que tem impedido os Estados Unidos de ampliar esse muro fronteiriço com o México é o seguinte: finanças e logística!
A perspectiva era estender a estrutura em 1.600 quilômetros ainda no primeiro governo de Donald Trump - talvez se ele tivesse sido reeleito, a história hoje seria bem diferente. Porém, já naquela época, custo e complexidade inviabilizaram os planos do político. A promessa logo se mostrou irreal diante dos desafios. Foram solicitados US$ 5,7 bilhões iniciais (dos US$ 15 bilhões a US$ 25 bilhões necessários para a obra, mais US$ 750 milhões de manutenção anuais); o Congresso negou - aliás, esse evento provocou a maior paralisação que o governo americano já teve na sua história.
Seriam necessários 12,6 milhões de metros cúbicos de concreto e 4,1 milhões de toneladas de aço, tornando essa uma das maiores obras já planejadas nos Estados Unidos.
Outro grande empecilho para o avanço do muro é a propriedade privada. Enquanto estados como Califórnia e Arizona têm terras federais ao longo da fronteira, no Texas, centenas de donos de terras dificultam a construção. Muitos proprietários se recusam a ceder seu patrimônio, e processos de desapropriação frequentemente se arrastam por anos. Sem contar que o custo de compensação para os proprietários e litígios associados.
Então, durante quatro anos, Donald Trump falou e falou. No fim das contas, a maior parte do muro construído durante a sua administração consistiu em reforços e substituições de barreiras existentes. Só menos de 100 km de novas barreiras foram adicionados em áreas onde não havia nenhuma estrutura anterior. Mas será que agora, em 2025, a coisa muda de figura? Será que a construção de um muro fronteiriço contínuo com os Estados Unidos-México vai rolar? Bem, parece que só o tempo dirá!
Veja Também: As 5 fronteiras mais surpreendentes e curiosas do mundo
Fontes: Mundo Educação - UOL, BBC, Cimento Itambé, ArchDaily, G1.
Imagem de capa: US Border Patrol em Wikipédia - httpspt.wikipedia.orgwikiFicheiroAlgodones_sand-dune-fence.jpg
Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.
Comentários

Eduardo Mikail
Somos uma equipe de apaixonados por inovação, liderada pelo engenheiro Eduardo Mikail, e com “DNA” na Engenharia. Nosso objetivo é mostrar ao mundo a presença e beleza das engenharias em nossas vidas e toda transformação que podem promover na sociedade.