Para Heloisa Neves, professora de Design dos cursos de Engenharia do Insper, os alunos de Engenharia buscam muito mais que cálculo em seus cursos. Cada vez mais, design, fabricação digital e projetos "mão na massa" fazem parte do dia-a-dia das melhores faculdades.
O mundo atual não funciona através de áreas isoladas. Na verdade, ele mais se parece com uma cena de culinária onde o melhor prato é aquele feito com diferentes ingredientes misturados na medida certa. Fala-se bastante e há alguns estudos teóricos sobre o profissional do futuro e muitos acreditam que a grande qualidade deste seja a facilidade de colaboração e uma certa expertise em diferentes áreas. Mas, apesar do avanço teórico, a concretização prática começou a acontecer somente agora. Ela vem conquistando algumas áreas e, ao que tudo indica, uma delas é a Engenharia.
Algumas escolas de Engenharia já começaram a incluir em seus currículos disciplinas de Design, Inovação e práticas “hands on” (mão na massa) provenientes do Movimento Maker. Talvez o caso mais famoso de integração entre Engenharia, Design e Inovação seja a d.School na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos.
Conhecida como “d.school”, nome curto dado ao “Hasso Plattner Institute of Design”, o instituto foi fundado na Escola de Engenharia em 2005 para preparar uma geração de inovadores para enfrentar desafios complexos. Eles acreditam que as soluções não virão de um campo único, mas da colaboração entre os inovadores que consigam enxergar para além das soluções rotineiras, através da descoberta de novos caminhos.
No Brasil, de maneira bastante inovadora, o Insper criou cursos de Engenharia que prometem seguir o caminho da d.School e de outras escolas pioneiras, conectando seus estudantes com Design e Inovação e indo além, porque também estará conectada diretamente com o Movimento Maker, movimento este que vem transformando a área de inovação e educação através do conceito do “aprender fazendo”.
Os cursos de Engenharia do Insper oferecerão uma base forte em Design através de uma trilha que pode ser percorrida durante todo o curso, iniciando com disciplinas obrigatórias complementadas pelas eletivas (na segunda parte do curso). Os alunos ainda terão à sua disposição um laboratório totalmente voltado à Inovação e conectado ao Movimento Maker: o Insper Fab Lab. Na foto abaixo, você pode ver várias pessoas trabalhando no Insper Fab Lab durante um workshop de bijuterias, chamado "Bijuteando".
Os Fab Labs são laboratórios abertos de fabricação digital. Eles fazem parte de uma rede mundial formada por quase 500 laboratórios, espalhado por todos os os continentes. Este é um projeto iniciado pelo Center for Bits and Atoms do MIT (Massachusetts Institute of Technology) pelas mãos do professor Neil Gershenfeld.
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O Insper Fab Lab é o primeiro Fab Lab dentro de uma Escola de Engenharia no Brasil e já está sendo considerado um modelo a ser seguido por outras faculdades de Engenharia.
Fora do Brasil e atrelados à rede Fab Lab, existem outros laboratórios criados dentro de Escolas de Engenharia e para podermos mostrar melhor o potencial deste espaço, relataremos aqui um caso de grande sucesso, o Nairobi Fab Lab.
Este Fab Lab foi criado dentro do curso de Engenharia da Universidade de Nairobi, no Quênia, e atualmente conta com projetos de extremo impacto social, um dele em parceria com o Kenyatta National Hospital. Tal projeto se chama Maker Movement for MNCH (maternal newborn & child health) e tem como objetivo criar um hub que estimule a criatividade para projetar, prototipar e testar equipamentos médicos essenciais e que sejam produzidos localmente.
No Quênia, muitos centros de saúde não dispõem dos equipamentos básicos e suprimentos necessários nesta área. Os equipamentos essenciais são importados e as despesas com manutenção de dispositivos médicos internacionalmente produzidos fazem com que a aquisição e manutenção sejam inviáveis financeiramente. Sem estes equipamentos as unidades de saúde não podem fornecer alta qualidade nos serviços.
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Para Kamau Gachigi, diretor do Fab Lab da Universidade de Nairobi: “este projeto é um esforço de equipe muito grande porque não é realizado somente pelos engenheiros. Se alguém da equipe vê que há algo errado com a prototipagem, podemos voltar facilmente para o rascunho do projeto e refazer. É um processo iterativo, você está constantemente indo para trás e para a frente e sempre temos as enfermeiras para dizer: ei, esta solução pode ser boa para a Engenharia mas não funciona sob a minha perspectiva.”.
Este tipo de colaboração e o ensinamento de que o engenheiro deve ir além das fronteiras técnicas da profissão é certamente o caminho que a Engenharia do Insper seguirá. A promessa é a de proporcionar aos estudantes e à comunidade em geral uma chance de, através de uma nova maneira de estudar Engenharia, preocupar-se com questões sociais e inovar de maneira cada vez mais disruptiva.