O setor do urbanismo e administração de terras públicas do Brasil já vinha em alerta nos últimos anos. Porém, com a pandemia de Covid-19, muitos problemas graves foram escancarados. Agora, os profissionais estão em alerta sobre o que pode acontecer nos próximos meses e anos. Uma coisa é certa: as coisas não podem ficar como estão. As cidades vivem no caos, os construtores e ruralistas estão descontentes, e a natureza agoniza nas chamas. Precisamos, já, de um novo plano urbano e novas atividades e iniciativas públicas e privadas para o ano e 2021!
1. Parcelamento de solo e Plano Diretor cidade
A primeira crise que presenciamos atualmente é a do parcelamento de solo. Há muitas pessoas disputando o mesmo território. No fim das contas, até que é bom que elas queiram morar mais perto dos centros urbanos de cidades, pois isto as impede de devastar mais a natureza. Em contrapartida, esta ação pode ocasionar um aumento expressivo do preço imobiliário nestas aéreas, o que leva alguns a buscarem formas de ter mais por menos, buscando invadir áreas e maneira irregular – desmatando e descartando resíduos de maneira errada.
Com um bom planejamento e gestão urbana, muitos destes problemas seriam evitados. Infelizmente, às vezes, é preciso fazer a cidade crescer. Mas há formas melhores de se fazer isto, principalmente com o melhor aproveitando de áreas já construídas e garantindo que mais áreas de proteção ambiental e valor histórico sejam respeitadas. Para isto, é preciso respeitar o conhecimento de urbanistas e exigir mais dos governantes um compromisso para com o povo e a natureza, acima de seus lucros pessoais e dos interesses de parceiros empresários.
Planos Diretores
Pós pandemia, pode ser interessante fazer uma revisão completa dos Planos Diretores de todas as cidades brasileiras. Primeiro, visando torna-los mais verdes, ou seja, amigos do meio ambiente. Segundo, rever as zonas industriais e comerciais que se expandiram equivocadamente. Também avaliar como as zonas residenciais acabaram se estendendo além destes limites. E, por fim, traçar projetos que sejam sustentáveis e possíveis de serem executados em menos tempo - com qualidade -, tornando os municípios mais seguros, saudáveis, funcionais, bonitos e atrativos o mais rápido possível.
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2. Setor de transportes urbanos
O traçado urbano é altamente impactado pelo plano de transporte público. Mas até isto precisa ser revisto no Brasil. Hoje em dia, os veículos motorizados são colocados em primeiro lugar, frente aos pedestres. Mas devemos buscar formas de estimular mais as pessoas nas cidades para que utilizem o transporte coletivo, diminuindo a quantidade de veículos nas pistas – causa maior dos grandes congestionamentos. Também que elas andem mais a pé, de bicicleta e patinete, em calçadas e ciclovias de melhor qualidade, beleza e segurança.
Em alguns municípios já existem alguns sistemas avançados de transporte público ou APTS – um bom exemplo sempre será aquele implantado na cidade de Curitiba, no Paraná. Contudo, por conta da pandemia, muitas empresas de ônibus e táxis lotação optaram por diminuir as suas frotas e, em consequência, suas linhas - o que deverá ser rediscutido no ano que vem, visando chegar a soluções mais flexíveis e inteligentes.
Aplicativos
Uma maneira de estimular a população a voltar a consumir este serviço é criando mais modalidades diferentes de vale-transporte como benefício. E para diminuir ainda mais o tráfego de veículos privados, devem ser refeitas as regras de trânsito e estimular o uso de aplicativos para identificação de serviços de táxi e deliveries. Uma metrópole com melhor mobilidade também oferece uma variedade maior de opções de transporte – como os sobre trilhos e os aquaviários. Além disso, oferecer boas rotas de fuga tanto para veículos – com pontes, túneis e mais – quanto para pedestres – com largos, canteiros, praças e outros.
“Para mim, mobilidade vai muito além do transporte, é sobre o respeito ao acesso e liberdade de escolha das pessoas. Segurança, qualidade de vida, sustentabilidade e produtividade devem estar intimamente ligadas à questão de mobilidade.”
– citação de Cesário Nakamura, em reportagem de RH Pra Você.
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3. Construções de edificações e espaços públicos
Em último lugar, vamos citar mais outra crise urbana vivida pelo Brasil, que é a do Patrimônio Edificado. Infelizmente, vamos começar este tópico relembrando o momento em que nosso querido Museu Nacional do Rio de Janeiro pegou fogo, em 2019. E o retrato de outros monumentos antigos de nosso país não é diferente. A maioria está mal cuidada, sem proteção adequada contra incêndio ou ataques de vândalos. Além do mais, muita coisa precisa de um processo de restauro urgente ou já está em um estado tão avançado de deterioração que encontra-se ameaçada pela especulação imobiliária.
Nova Arquitetura
E se o brasileiro não respeita ou não conhece bem a sua história, é um problema! Sem se preocupar com a imagem das suas cidades, ele também passa a ter cidades menos bonitas, menos seguras e piores de viver. Isso, além de tudo, impacta outro grande setor da economia nacional, o turismo. É chegado o momento dos arquitetos repensarem as Engenharias e a Arquitetura & Urbanismo Brasileiros!
Nosso povo já foi capaz de realizar obras incríveis com Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Paulo Mendes da Rocha e outros renomados profissionais. Mas, no momento, parece ter perdido a sua identidade, se apegando demais a soluções e conceitos estrangeiros. Apesar, de estar diante de uma economia mais fraca, precisa ser mais criativa para encontrar soluções possíveis para a valorização e fachadas de edifícios, jardins e espaços públicos. Vamos pensar: “qual o Brasil que queremos deixar para os nossos filhos e netos?”.
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Fontes: Instituto de Engenharia, Unifor, Uninter, SEESP, Diário do Comércio.
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