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Computação afetiva: inteligências artificiais podem ter emoções?

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por Kamila Jessie
| 16/07/2020 2 min

Computação afetiva: inteligências artificiais podem ter emoções?

por Kamila Jessie | 16/07/2020

A inteligência emocional tem parte na forma humana de pensar e por isso pode ser empregada também em inteligências artificiais.

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A inteligência emocional tem parte na forma humana de pensar e por isso pode ser empregada também em inteligências artificiais.

Quando falamos sobre inteligência artificial e aprendizado de máquina, geralmente tratamos de uma forma muito particular e estreita de inteligência - o tipo de competência analítica relacionada ao raciocínio lógico e capaz de resolver equações matemáticas complexas. Esse tipo de inteligência é importante, mas é incompleto. Os assuntos humanos não operam apenas na razão e na lógica e emoções podem ser fundamentais no desenvolvimento de IA, por meio da computação afetiva.

O que é computação afetiva?

A gente simplifica dizendo que seria uma situação em que computadores adquiriram a capacidade de expressar e reconhecer emoções. Muito do objetivo da inteligência artificial é reproduzir a forma de pensar do ser humano, acelerando processos nesse sentido.

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Entretanto, nosso pensamento não é puramente baseado no reconhecimento de padrões e análise puramente lógica e racional. O papel essencial da emoção tanto na cognição quanto na percepção humana indica que os computadores afetivos não devem apenas proporcionar melhor desempenho na assistência aos seres humanos, mas também podem aprimorar as habilidades dos computadores para tomar decisões.

Essa ideia foi reunida em 1995, quando a engenheira eletricista e cientista da computação Rosalind Picard escreveu um artigo e um livro subsequente defendendo que os campos da ciência da computação e da IA ​​deveriam levar a emoção a sério. Nesses trabalhos, ela também forneceu uma estrutura para como as máquinas poderiam entender, expressar e monitorar a emoção. Esse projeto lançou o campo da “Computação Afetiva” e hoje Picard é fundadora e diretora do Grupo de Pesquisa em Computação Afetiva do MIT, e uma dos principais inventoras e empresárias em computação afetiva.

O importante é que emoções eu vivi

Cabe mencionar que, na época em que o artigo foi lançado, a ideia não foi bem recebida. Rosalind Picard mencionou em um recente podcast para o Ezra Klein, da Vox, que o fato de ser uma mulher no ramo de tecnologia tornava o tema “emoções” em geral ainda mais controverso. Ainda hoje sabemos do estigma das mulheres na engenharia, mas esse era um cenário ainda mais intenso nos anos 90, dentro do MIT, onde Rosalind era minoria no entre o grupo de engenharia elétrica e ciência da computação. Além disso, ela era uma mulher que queria falar de emoções para engenheiros eletricistas.

Computadores podem ter emoções? Imagem representando uma mão robótica e uma mão humana se tocando. Fonte: pxfuel.com
Foto: pxfuel.com

Entretanto, atualmente há uma maior compreensão da importância da inteligência emocional para a tomada de decisão humana, um impulso motivado principalmente por avanços em neurociência. Com isso, a tecnologia de rastreamento de emoções está sendo usada de diversas maneiras.

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A detecção e “computação” de emoções humanas, coletadas principalmente de forma voluntária em aplicativos de monitoramento de humor, ou então por meio do uso de wearables com sensores pode ser aplicada de diversas formas, mas sabemos também que seu uso pode gerar resultados distópicos.

Sabemos que a Amazon está trabalhando na detecção de emoções e também há outras iniciativas, como a do EmoSense, em desenvolvimento em uma universidade japonesa. Entretanto, a realidade de vestíveis que nos monitoram e podem fazer associações do nosso comportamento e emoções é factual. O que resta agora é verificar como esse emprego se dará nos avanços de computação afetiva.

E você, o que acha de computadores sensíveis? Parece uma boa ideia? Conta para a gente nos comentários!

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

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