Veja um panorama da riqueza arquitetônica trazida com a imigração
Assim como a Língua, Arte, Música ou Culinária, a Arquitetura de um país é registro inegável de sua Cultura. No célebre romance “O Corcunda de Notre-Dame”, publicado em 1831, Victor Hugo define a arquitetura gótica como “o grande livro da humanidade”.
Embora homenageie a Catedral, à época tão deteriorada por servir de depósito de armamentos durante a Revolução Francesa, a metáfora transcende tempo e lugar.
De fato, construções e monumentos arquitetônicos não servem apenas ao propósito funcional para o qual foram construídos. São também registro da história humana: conflitos, movimentos e valores podem ser lidos em páginas de três dimensões.
Imigrantes e arquitetura no Brasil
Há quem diga que falta identidade na arquitetura brasileira. É certo que 520 anos de idade é pouco tempo para se criar tradições – em comparação com a China, por exemplo, que aplica o princípio do feng shui em construções há pelo menos cinco milênios, até hoje.
Contudo, mesmo com “pouca” idade, o Brasil é mais do que experiente quando o assunto é miscigenação cultural. E é justamente esse fator que torna sua arquitetura original.
Afinal, o próprio país outrora chamado de Pindorama foi edificado por povos diferentes, e com sua identidade arquitetônica não seria outra coisa. Veja a seguir como os imigrantes de países como Itália, Alemanha e Japão contribuíram para essa originalidade.
Imigrantes italianos
O maior contingente que migrou para o Brasil a partir da metade do século XIX. Uma característica marcante das construções feitas por italianos são as casas estreitas e enfileiradas, principalmente nas cidades. Geralmente divididas em dois andares, as casas também possuíam porão e sótão.
Alguns destaques são bairros de São Paulo historicamente ocupados por italianos. onde ainda é possível ver construções desse tipo, como Brás, Mooca, Barra Funda, e Bexiga.

Influência da Alemanha
A imigração alemã para o Brasil se iniciou na década de 1820. Os alemães migraram para as regiões Sul e Sudeste, a maior parte concentrada nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
O estilo de arquitetura trazido pelos alemães é próximo ao da região da Bavária, que ocupa o sudeste da Alemanha e parte da Áustria. Algumas cidades como Blumenau (SC), Pomerode (SC), Gramado (RS) e Campos do Jordão (SP) são exemplos dessa influência.

Arquitetura do Japão no Brasil
Chegados em 1908 no porto de Santos, a bordo do navio Kasato Maru, os japoneses não deixaram de contribuir nas mudanças urbanas, sobretudo em São Paulo. Um de seus traços mais expressivos é a simplicidade e a horizontalidade.
Exemplos são as cidades de Tomé-Açu (PA), Assaí (PR) e Ivoti (RS), praticamente colônias japonesas. O famoso bairro da Liberdade, em São Paulo, também é destaque, abrigando cerca de meio milhão de japoneses e descendentes.

E então, gostou de conhecer mais sobre essas influências? Deixe seu comentário!

Clara Ribeiro
Jornalista especializada em arquitetura e engenharia. Ávida consumidora de informação; viciada em produzir conteúdo; amante das letras, das artes e da ciência.