Quando vamos planejar uma viagem, geralmente planejamos quanto vamos gastar, não é mesmo? Estudamos os custos da passagem, hospedagem, procuramos a melhor taxa de câmbio, pesquisamos os custos da alimentação no destino, o preço dos passeios, entradas em eventos e ainda colocamos uma margem para eventuais imprevistos. O motivo é simples: se o custo real for acima do esperado a viagem pode se tornar uma grande dor de cabeça. E isto é assunto de BIM também!
Na construção civil, existe uma cultura muito reticente em relação ao orçamento de obra. De maneira geral quem constrói opta pela conhecimento adquirido em obras anteriores e custos já praticados. A crise econômica que o Brasil enfrenta fez com que muitas construtoras do país se deparassem com uma redução das suas margens de lucro e começassem a entender a importância de melhorar o controle financeiro de seus empreendimentos. Daí a importância do orçamento de obras!
Como funciona a relação BIM e o trabalho de orçamento de obra?
O trabalho de orçamento de obra é uma relação simples de quantidades e preços unitários. Sua elaboração, todavia, é complexa. Tradicionalmente as quantidades são retiradas a partir de projetos em AutoCAD, medidas com comandos simples, cujos resultados são inseridos em planilhas e filtrados por métodos diversos de medição.
A parte de custos normalmente é praticada através de composições de serviços. Como isso funciona? É como uma receita de bolo. Digamos que um serviço da obra seja a “execução de paredes de alvenaria com blocos cerâmicos 11,5x19x19cm”. Para cada m² de alvenaria são utilizados insumos.
Por exemplo: 27 tijolos mais 0,014m³ de argamassa de assentamento. Ou seja, inserindo a quantidade de alvenaria, vamos ter automaticamente a quantidade de tijolos e de argamassa, por uma multiplicação simples.
As composições de serviço normalmente são retiradas de fontes como a TCPO e o Sinapi, e aí mora um perigo que pode comprometer a assertividade e a operabilidade do orçamento: é fundamental estudar os métodos e padrões construtivos de cada empreendimento, alinhar as composições com a realidade do canteiro de obras. Isso reduz as margens de erro e permite a operação do orçamento associado ao setor de compras, por exemplo.
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Mas o que o BIM tem a ver com tudo isso?
Em primeiro lugar é importante ressaltar que a utilização do modelo BIM para orçamentação de obras está diretamente ligada à forma como ele é construído. Nesse sentido, é importante levar ao pé da letra o conceito de construção virtual e incorporar os processos construtivos à modelagem.
É fundamental também estudar a Estrutura Analítica de Projetos (EAP) do orçamento praticada por cada empresa e entender como o modelo pode atender à ela, ou revisá-la com o objetivo de adotar processos BIM. Se a construtora aplica diferentes composições de chapiscos para estrutura e alvenaria, é importante entender como essas quantidades vão ser extraídas do modelo quando concluído. Por isso é necessário planejar a modelagem, fazer uma gestão BIM.
O uso do BIM associado ao orçamento de obras já é uma prática relativamente consolidada no Brasil. A prática mais comum consiste na extração de quantitativos de obra a partir do modelo BIM. Isso certamente já é um avanço em relação ao método tradicional, principalmente em função da assertividade das quantidades retiradas diretamente do modelo, como também da possibilidade de mapeamento da informação. Através de softwares como o próprio Revit ou o Navisworks, podemos identificar os elementos construtivos que estão sendo considerados em cada quantidade.
É importante frisar, porém, que este processo tem se dado na maioria dos casos de forma não integrada. De maneira geral, o adotado é a extração de quantitativos dos modelo, que são jogados para planilhas que estão desassociadas deste modelo. Enquanto no software BIM altera-se um elemento no modelo e automaticamente alteram-se as quantidades vinculadas a este elemento, no processo adotado isso não ocorre, já que o quantitativo é exportado para outras plataformas não integradas ao modelo, demandando atualizações periódicas e manuais.
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Softwares para planilhas orçamentárias
Existem softwares BIM (o Vico, por exemplo) que permitem a estruturação de planilhas orçamentárias. Isso faz com que seja possível inserir a EAP de orçamento e as composições de serviços no mesmo programa que lê as informações do modelo, viabilizando a vinculação das quantidades lidas do modelo com informações da planilha de orçamentos, caracterizando um processo BIM.
Outro processo fundamental da construção no qual o BIM está inserido é o planejamento de obras, mas falaremos sobre isso num próximo post.
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Fontes: Bim na Prática.