Como falamos no texto anterior, a Modelagem da Informação da Construção está tomando a atenção de todo o globo e temos nos projetos de edificações uma das áreas com grande possibilidade de melhorias em produtividade e qualidade.

Ao pensarmos em um modelo de projeto baseado em CAD, o que nos vem à cabeça é o desenho de diversas linhas e hachuras com o intuito de representar a ideia concebida pelos projetistas. Essas representações normalmente não tem um grande conjunto de informações relacionadas a elas, criando assim lacunas na quantidade e qualidade dos dados que elas podem oferecer a quem interpreta o projeto.

Para fazermos simulações e análises em um modelo como esse, precisamos recorrer a planilhas do Excel e softwares sem interoperabilidade. O projetista precisa então realimentar manualmente esses softwares com todas as informações necessárias para rodar a simulação, analisar o resultado e só assim atualizar, de novo manualmente, sua representação no CAD.

Por fim, somente ao final do processo de projeto de cada disciplina a compatibilização é realizada. A forma mais comum é fazer uma sobreposição das representações bidimensionais de cada projeto e buscar manualmente por erros e interferências.

Fica bem claro, portanto, que o processo utilizando CAD na sua forma mais tradicional é extremamente propenso a erros e retrabalhos excessivos, seja pela constante entrada manual de dados em diferentes softwares e rotinas de cálculos, seja pela chance de interferências e erros passarem despercebidos pela pessoa responsável pela compatibilização.

Quando pensamos em um modelo de trabalho projetual baseado em BIM já começamos a trabalhar de forma diferente. O projetista não mais representa suas ideias por linhas e hachuras, mas constrói a sua intenção de projeto utilizando objetos tridimensionais com informações relacionadas, as famosas famílias. Tais objetos alimentam o modelo com informações dos mais diversos tipos. Quando, por exemplo, um engenheiro mecânico projeta seu sistema de dutos de ventilação, ele pode informar as vazões dos terminais de ar que o duto já vai apresentar as somas de vazões que ele carrega no seu comprimento.

Sendo esse modelo BIM formado por diversas informações, as possibilidades de simulações com o objetivo de otimizar os projetos começaram a chamar a atenção de diversos setores da construção. Profissionais interessados na área de simulação energética começaram a visualizar o ganho em produtividade que um modelo como esse poderia oferecer. Ao termos a edificação toda criada digitalmente podemos adicionar as características térmicas de cada elemento e zonas e desenvolver simulações integradas rapidamente e sem necessidade de retrabalho mesmo nas fases mais iniciais de desenvolvimento do projeto.

Ao pensarmos na coordenação de projetos podemos vislumbrar rapidamente certas vantagens, como a checagem de interferências e regras. Podemos, com uso de softwares específicos, criar um conjunto de verificações para aprovar a qualidade de um modelo, encontrar interferências entre disciplinas (os conhecidos clashes) ou ainda checar se o modelo atende à diversas normas, como de caminhamento máximo até a escada ou largura mínima dos corredores.

Parece bem claro que temos diversas vantagens ao se trabalhar com um modelo BIM na área de projetos, só precisamos lembrar que essas alterações no processo trazem mudanças nas formas de trabalhar, de coordenar a informação do modelo, de planejar as etapas de projeto e até nas formas de contratação. Esses temas serão abordados em outros posts, mas deixamos aqui algumas referências para quem quiser se aprofundar mais no assunto:

• BIM para Gestores de Projetos: fluxos, funções e entregas (em inglês)
• BIM - Guidelines da New York City Department of Design and Construction (em inglês)
• Entendendo BIM
• Modelagem da Informação da Construção, por Sergio Scheer
• Termo de Referência para desenvolvimento de projetos com o uso do BIM  

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