Construir calçadas seguras e acessíveis é crucial para a mobilidade urbana moderna e o bem-estar de todos os cidadãos. Porém, isso só é possível quando engenheiros e arquitetos urbanistas seguem as melhores práticas em seus projetos, desenhando partidos que beneficiam pedestres antes dos veículos, especialmente aqueles pedestres com deficiência.
Neste artigo do Engenharia 360, vamos explorar questões de design envolvendo a construção de calçadas que seguem normas de segurança, indicações de conforto e técnicas de pavimentação. Confira!
A importância de calçadas seguras e acessíveis
Precisamos das calçadas nas cidades; elas são essenciais para a circulação de pedestres, nos oferecendo espaço seguro para caminhadas fora das vias de tráfego de veículos. Qualquer problema nelas, como buracos, desníveis e obstáculos, pode resultar em acidentes. É aí que entra o trabalho dos urbanistas, projetando bem as cidades com calçadas de qualidade, fáceis de serem mantidas ou reformadas, que permitam a locomoção livre das pessoas mesmo em áreas densamente povoadas.
São características de design das calçadas classificadas como seguras e acessíveis:
- Superfície antiderrapante (com espessura mínima de 1,5 cm), ideal para evitar quedas, especialmente em dias chuvosos.
- Nivelamento uniforme, acompanhando o perfil da rua (inclinação máxima de 3% no sentido transversal), evitando trepidações e permitindo fluidez do tráfego, sem dificultar a circulação de pessoas com dispositivos como cadeira de rodas e andadores.
- Cobertura com revestimentos de alta resistência.
- Espaço livre de obstáculos, incluindo lixeiras, placas de sinalização e vegetação que possam provocar interrupções no trânsito de pedestres.
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As melhores práticas para construção de calçadas
1. Escolha de materiais adequados
Durante o projeto de calçadas, o primeiro grande desafio enfrentado por engenheiros e arquitetos urbanistas, depois do desenho, é a escolha dos materiais de revestimento, que deve ser baseada em durabilidade, resistência e facilidade de manutenção. Lembrando que é fundamental garantir que essas superfícies sejam antiderrapantes, para evitar acidentes.
Sendo assim, dentre as opções de materiais, podemos citar:
- Blocos de concreto
- Placas de concreto pré-moldado
- Concreto moldado “in loco”, com juntas de dilatação e acabamento desempenado (vassourado, texturizado ou estampado)
- Concreto asfáltico
- Basalto
- E pisos alternativos, como ladrilho hidráulico, pedra portuguesa e laje de grés regular.
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2. Instalação de piso tátil
O piso tátil aparece muito em projetos de calçadas seguras e acessíveis. Ele foi desenvolvido especialmente para auxiliar pessoas com deficiência visual ou surdocegueira (incapacidade total ou parcial de audição e visão, simultaneamente), proporcionando sinalização tátil que permite a navegação autônoma. Pode apresentar diversas cores, texturas e formas, oferecendo sinalização tátil - por isso o nome.
Existem dois modelos principais tipos de piso tátil:
- Modelo Tátil de Alerta: Informa sobre a existência de desníveis, obstáculos, mudanças de direção, degraus, escadas, rampas e travessias de pedestres.
- Modelo Tátil Direcional: Guia a direção do deslocamento, indicando caminhos preferenciais de circulação.
Observação: Geralmente esses modelos são colocados nas calçadas em cores contrastantes em relação ao piso adjacente, para facilitar sua identificação.
3. Rampas de acessibilidade
Em pontos estratégicos, como esquinas e locais com desníveis, será preciso construir rampas com inclinação adequada, garantindo que cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida possam transitar com segurança. É importante que elas sejam largas o suficiente para acomodar o tráfego de pedestres.
4. Manutenção regular
O trabalho dos engenheiros e arquitetos urbanistas não termina com a finalização da construção das calçadas. Depois disso, será preciso realizar a manutenção dessas superfícies, garantindo a segurança dos usuários a longo prazo. Então, esses profissionais são novamente contratados, agora para a realização de inspeções regulares. Outros profissionais trabalharão na limpeza e remoção de detritos, desobstrução de caminhos e reparos de superfícies com quebras de revestimento ou reinstalação de mobiliário urbano.
Responsabilidades dos engenheiros e arquitetos
No Brasil, as construções de calçadas devem seguir legislações municipais e federais que regulam a acessibilidade e segurança.
Em Porto Alegre, por exemplo, as normas estão dispostas no Plano Diretor e nos códigos de Posturas e de Edificações, além de planos de Acessibilidade; o Código de Trânsito Brasileiro também estabelece algumas diretrizes sobre o tema. E é a Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (SMMU) que fica responsável pela fiscalização e manutenção dessas superfícies - essas obras são supervisionadas pela Secretaria de Serviços Urbanos (SMSURB).
Para saber mais, indicamos a leitura da Cartilha Calçada Cidadã, desenvolvida pela Prefeitura de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Clique aqui para conferir detalhes sobre tipos de revestimentos permitidos, dimensões e equipamentos do mobiliário urbano que podem ser instalados nos passeios públicos da cidade.
Responsabilidades dos proprietários
A construção de calçadas seguras e acessíveis é, na verdade, uma responsabilidade compartilhada entre projetistas (engenheiros e arquitetos urbanistas), autoridades municipais e proprietários de terrenos (edificados ou não, localizados em logradouros com meio-fio). Estes últimos devem realizar a pavimentação do passeio em frente aos seus imóveis, mantendo tudo sempre em bom estado de conservação e limpeza - claro que, como sabemos, a realidade infelizmente não é esta.
Fato é que calçadas bem construídas e mantidas são essenciais para evitar acidentes e garantir a acessibilidade de todos os pedestres. Para isso, as melhores práticas que podemos seguir são seguir as legislações vigentes, usar materiais adequados e instalar pisos táteis; só assim podemos criar cidades de ambientes urbanos mais seguros e inclusivos. Afinal, todos os cidadãos têm direito de desfrutar de seus espaços públicos com dignidade e conforto, não é mesmo?
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Fontes: Correio do Povo.
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