A ciência brasileira tem muito o que comemorar! Recentemente, uma engenheira do nosso país, chamada Mariangela Hungria da Cunha, microbiologista da Embrapa Soja e referência global no uso de fertilizantes biológicos, conquistou o World Food Prize, conhecido como o ‘Nobel da Agricultura’. Tem noção do que isso representa? É possível que de agora em diante iremos testemunhar uma verdadeira revolução na maneira como o Brasil cultiva e alimenta diversos povos – sim, lembrando que somos chamados de “o celeiro do mundo”.
Só para contextualizar, existem agricultores que ainda defendem o uso de insumos químicos para acelerar a produtividade agrícola. Contudo, a proposta de Mariangela está baseada em princípios da biotecnologia sustentável, prometendo até mesmo superar os métodos tradicionais. Te contamos mais no artigo a seguir, do Engenharia 360!
A importância do World Food Prize no meio científico
No ano de 1986, Norman Borlaug, ganhador do Nobel da Paz e figura central da ‘Revolução Verde’, criou o prêmio chamado World Food. Seu objetivo era homenagear adequadamente profissionais que fizessem avanços significativos para aumentar a qualidade, qualidade e acessibilidade dos alimentos no planeta. E agora temos a primeira mulher brasileira a ser laureada. Vale destacar que nenhum outro representante do Brasil, ganhador do Nobel, contribuiu diretamente para a transição da agricultura convencional para modelos biológicos e sustentáveis, como a paulistana Mariangela.
A saber, sua conquista foi anunciada recentemente em uma cerimônia na sede da fundação do World Food Prize, Des Moines, Iowa, Estados Unidos.

A jornada da cientista brasileira Mariangela Hungria
A cientista Mariangela foi criada na cidade de Itapetininga e teve as suas primeiras experiências com a ciência ainda no Ensino Fundamental. Naquela época, ela já demonstrava extrema curiosidade e paixão pela microbiologia. Mais tarde ela se formou em Engenharia Agronômica pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ-USP), fez mestrado e doutorado em Ciência do Solo e ainda Pós-Doutorado nos Estados Unidos e na Espanha. E desde 1991, atua na Embrapa Soja, no Paraná, onde lidera pesquisas que colocam o Brasil no topo do uso de insumos biológicos na agricultura.
Sua trajetória acadêmica realmente impressiona: são mais de 500 publicações científicas, 200 alunos orientados, diversos prêmios nacionais e internacionais, e a autoria do primeiro manual em português sobre microbiologia do solo adaptado aos tópicos. Mas, dependendo para quem você perguntar, dirá que o maior legado de Mariangela foi popularizar uma agricultura regenerativa sustentável, com foco em pequenos produtores e agricultores familiares.
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A proposta que pode mudar o rumo da agricultura mundial
A história de Mariangela Hungria é realmente muito inspiradora e representa o marco na história da engenharia de agricultura. Todo seu trabalho é baseado em ciência e numa visão estratégica que ajudou a bolar um plano para economizar cerca de 25 bilhões de dólares por ano e evitar mais de 230 milhões de toneladas de CO2 na atmosfera. Sua aposta está nos inoculantes biológicos, ou seja, bactérias e fungos que fixam nitrogênio, melhoram a absorção de nutrientes e aumentam a produtividade no campo de forma natural.
Basicamente, esse processo de fixação biológica do nitrogênio permite que as bactérias, por exemplo, “conversem” com o solo e “traduzam” o nitrogênio do ar em formas assimiláveis pelas plantas, substituindo fertilizantes sintéticos. Entendeu?

Durante alguns testes, a cientista fez uso de rizóbios, que são bactérias que vivem em simbiose com leguminosas, como a soja. E os resultados foram bastante satisfatórios! Esses microrganismos conseguiram substituir parcialmente o uso de fertilizantes sintéticos, aumentando a produtividade em até 8%. Depois disso, Mariangela ainda liderou o desenvolvimento comercial da Azospirillum Brasilense, outra bactéria promissora, capaz de melhorar a absorção de nutrientes em culturas como feijão e milho.
O impacto científico, social e econômico no Brasil
Pode-se dizer que o trabalho de Mariangela Hungria – ainda mais agora, depois de ela ter recebido esse Nobel de Agricultura – só ajuda a reforçar a imagem do Brasil como celeiro agrícola global. Mas isso tudo de uma forma diferente, muito menos destrutiva como normalmente nos vem à cabeça. De fato, ela nos ensina que é possível trilhar um caminho mais sustentável. Até porque devemos honrar com o nosso compromisso de alta produtividade com responsabilidade ambiental, não é mesmo?
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A boa notícia é que esse tipo de solução, como proposta por Mariangela, tem grande potencial de ser exportada, abrindo portas para novos mercados e estabelecendo o Brasil como referência em engenharia e biotecnologia agrícola. Cientistas como ela só desejam que o nosso país possa cada vez mais investir em pesquisa, na indústria nacional e em políticas públicas que incentivem a adoção dessas tecnologias inovadoras. E mais, em ensino multidisciplinar nas universidades, que ajude os alunos a entender e resolver questões complexas, como a fome e a insegurança alimentar.

Para finalizar, nós do Engenharia 360 deixamos aqui os nossos sinceros desejos de ver mais participação feminina na ciência. E que o mundo possa ser conduzido numa visão ainda mais alinhada nos bons valores, com uma agricultura que cuide ao mesmo tempo do solo, do meio ambiente e das pessoas.
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