Umas das características que melhor define o Brasil é o fato de ele ser um país ensolarado (tanto que a gente até reclama). Então, por que ainda não aproveitamos todo esse potencial para gerar energia solar?
A energia solar é barata, renovável, não poluente, de fácil instalação e manutenção e perfeita para complementar a matriz energética brasileira. Se pensarmos em questão de área, realmente, é preciso uma área maior para gerar uma grande quantidade de energia. Porém, no Brasil, espaço é o que não falta: além de poder aproveitar os telhados, temos uma imensa extensão territorial.
Ainda, um estudo técnico de 2017 da Consultoria Legislativa para a Câmara dos Deputados mostrou que o potencial de irradiação solar em qualquer lugar do território brasileiro é maior que o de muitos países europeus como Alemanha, França e Espanha, onde o aproveitamento solar é grande. O mesmo levantamento mostrou que o potencial total brasileiro de geração de energia fotovoltaica é 2,3 vezes o consumo residencial do país.
Os maiores potenciais de energia solar aqui estão em Minas Gerais, Goiás, Tocantins e os estados da Região Nordeste praticamente inteira. Mas isso não quer dizer que o restante do país não pode aproveitar a energia solar: não só pode, como deve, já que o potencial solar nessas regiões também é satisfatório. Ainda, regiões mais povoadas (como São Paulo e Rio de Janeiro) também possuem a oportunidade maior de aproveitamento, visto que há mais residências e, consequentemente, mais telhados.
Então, voltamos à pergunta inicial: por que não aproveitar todo esse potencial? Uma das respostas para essa pergunta consiste no fato de que, há alguns anos, a energia solar não era tão acessível como é agora. Como os recursos hídricos no Brasil eram abundantes (agora nem tanto), a hidrelétrica teve preferência e, por uma questão meio cômoda, permanece até hoje.
Agora, com crises hídricas afetando grande parte do país periodicamente, é um ótimo momento para o incentivo à instalação de painéis fotovoltaicos. Nos últimos anos, ficou cada vez mais fácil ter seu próprio painel: além de estarem mais baratos, eles também podem ser financiados. É um investimento que já se mostrou viável.
O incentivo começou lá em 2012, com a resolução nº 482/12 da Aneel, que “Estabelece as condições para o acesso de microgeração e minigeração distribuída aos sistemas de distribuição de energia elétrica, o sistema de compensação de energia elétrica e dá outras providências”. Alguns benefícios são listados nessa resolução, como a interligação na rede elétrica convencional para o abatimento na conta, mas o incentivo não vai muito mais longe que isso.
Em 2014 e 2015, a energia solar participou dos leilões de energia e foram contratados 2,6GWp de capacidade instalada no Brasil. Porém, uma queda na previsão da demanda por essa energia fez com que ela não entrasse no leilão de 2016.
Há quem afirme que a desvantagem da energia solar é o fato da redução da sua produção durante a noite. Porém, se pensarmos bem, não temos água em todas as hidrelétricas o ano todo em abundância. Ainda, o objetivo não é alimentar a matriz energética nacional somente com energia solar: a intenção é aproveitar ao máximo seu potencial e, em conjunto com as outras fontes de energia disponíveis (hidrelétrica, eólica e outras), conseguir um melhor aproveitamento de nossos recursos naturais, gerando o menor impacto possível.
Felizmente, as previsões são boas: até 2024 o país deve ter cerca de 887 mil sistemas de energia solar instalados (até o final do ano passado esse número era cerca de 48.613). Porém, para isso, é preciso haver certo incentivo. As pessoas precisam conhecer a energia solar, saber de suas vantagens e desvantagens, saber se podem instalar em suas residências, conhecer a forma de financiamento que podem obter e visualizar o tamanho da economia que será feita mensalmente.
Ainda, para baratear mais ainda o custo da energia solar, o Brasil poderia investir na produção dos painéis solares em território nacional com baixo custo. Afinal, o silício, a matéria-prima desses painéis, é abundante por aqui.
Não podemos negar que o incentivo existe (como a redução do imposto de renda, o abatimento no uso do sistema convencional, o financiamento e outros fatores), mas ele é muito pequeno. Muitas pessoas ainda desconhecem a energia solar fotovoltaica e, muitas que já ouviram falar acreditam que o custo é absurdo ou que é inviável para a sua região. Esses mitos precisam ser quebrados.
Tudo isso mostra que há muito que avançar nesse sentido e, felizmente, nós podemos fazer nossa parte. Com o intuito de contribuir para essa conscientização, nós já mostramos aqui no Engenharia 360 tudo que você precisa saber sobre energia solar, como instalar, como financiar e muito mais em nossa página especial sobre essa energia. Basta então, dar o primeiro passo.