O biogás, como o nome diz, consiste no gás gerado a partir da decomposição da matéria orgânica. Apesar de não ser novidade (ele é usado há alguns séculos), é uma forma de gerar energia que está conquistando espaço na matriz energética nacional.
Enquanto vários países buscavam formas de energia para substituir as fontes não renováveis, o Brasil estava “tranquilo” por ter grande parte da matriz energética composta por hidrelétricas, uma fonte renovável. Porém, quando a água começou a faltar em diversas regiões, a incerteza sobre o futuro das nossas fontes de energia foi um pontapé para a busca de outras fontes complementares.
O biogás pode ser gerado usando biodigestores, nos quais ocorre o processo de biodigestão anaeróbia. Ali, a matéria orgânica é decomposta por microrganismos e o gás liberado desse processo é usado para gerar energia. Assim surge a possibilidade de gerar energia em pequena escala usando resíduos orgânicos de organizações, residências e instituições (como escolas). Esse gás pode ser usado no próprio local, como no fogão da cozinha.
O biogás oriundo do tratamento de esgoto pode servir como fonte de energia para o próprio funcionamento do processo. Ele é gerado quando os resíduos líquidos do processo de tratamento são colocados em um reator com bactérias que fazem a digestão da matéria orgânica (passando posteriormente por uma etapa de pós-tratamento). O grande problema é que nem sempre há estações de tratamento com porte suficiente para produzir uma quantidade de energia que seja vantajosa no sentido do custo-benefício.
Além dos biodigestores e do tratamento do esgoto, há a geração do biogás por aterros sanitários. Com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), ficou instituída substituição dos lixões por locais adequados para a disposição de resíduos sólidos, como os aterros sanitários. O aterramento dos resíduos gera a produção de biogás, o qual é coletado, tratado e utilizado para gerar energia.
Ainda, o biogás pode ser gerado a partir de excrementos de animais e usado para produzir energia. Um exemplo recente é da primeira termelétrica de biogás do Brasil, que começou a funcionar em Julho, no Paraná. A capacidade total da usina é de 480KW e ela é capaz de transformar o gás de 215 toneladas de dejetos em energia. Os dejetos são provenientes de produtores de suínos.
O uso do biogás é benéfico não só por diversificar a matriz energética ou por aproveitar uma fonte de energia alternativa, mas também por impedir que esse gás seja diretamente liberado na atmosfera. A expectativa é de que, na medida do possível, fontes alternativas viáveis sejam cada vez mais exploradas no Brasil.