Sempre que o tema 'BIM' é debatido aqui, no Engenharia 360, facilmente ele é relacionado aos trabalhos de construção civil. Mas será que apenas em Engenharia Civil e Arquitetura é que podemos utilizar tal conceito? Ou será que o BIM surge em situações de trabalho de outras profissões também, como de Engenharia Mecânica, por exemplo?
Bem, num primeiro momento, podemos imaginar que não é possível. Contudo, a resposta é mais complicada que isso. Olha só, para certos departamentos financeiros de empresas que lidam exclusivamente arquivos em Excel e Access, a integração de informações e projetos via intranet com outros setores é trabalhar com BIM. E você, concordaria com isso?
A utilização de BIM na Engenharia Mecânica
Para entender se há ligação entre Engenharia Mecânica e BIM, o Engenharia 360 conversou com alguns de seus colaboradores. Primeiro, Diego Rafael Santos chegou a dizer que não há a utilização direta de BIM na Mecânica, mas que indiretamente poderia ser considerada. Depois, o colega Daniel dos Santos Silva contou que na empresa em que trabalha também não é utilizado BIM; e até que, talvez, esse seja o motivo, o tipo de atividade que é exercida na profissão.
Quando Victor Peron entra na conversa, completa o que os colegas dizem, afirmando que, em sua empresa, o BIM é utilizado bem pouco. Detalhe para o 'pouco', que é diferente de 'nunca'. Portanto, de alguma forma é utilizado, sim!
Sua opinião é confirmada por Joana Patrícia de Matos Santos, que enfatiza que, na Mecânica, o BIM raramente é um modelo considerado, exceto em determinados projetos que têm interface com Engenharia Civil, ou seja, em projetos que conversam com a área civil. Por exemplo, de climatização, pressurização de escadas, sistemas de GLP e sistemas de combate a incêndio.
Uma curiosidade: Victor lembra que, na indústria, o foco principal da Mecânica, utiliza-se mais o PLM. O mesmo tem bastante similaridade com o BIM. Mas, ao mesmo tempo, é um pouco mais completo e junta ainda mais informação dentro de seu sistema, acompanhando um pouco melhor o processo evolutivo de um projeto até seu descarte.
O BIM como quebra no paradigma de se fazer Engenharia
Outro colaborador do Engenharia 360, Cristiano Oliveira da Silva, compartilhou conosco uma visão bem particular sobre como os profissionais das engenharias têm encarado esse aprendizado de BIM - algo que pode estar longe do técnico. Ele destaca que essa metodologia não deve ser chamada de nova, já que o conceito da parametrização vem sendo utilizado com frequência nos últimos vinte anos. Também que a grande vantagem reside no fato de tornar mais ágeis revisões, visualização prévia de problemas, bem como tornar possível a configuração e parametrização das saídas (documentos de projeto). Entretanto, como toda mudança, gera resistência por parte dos usuários, que estão "acostumados" a trabalhar do jeito que aprenderam.
Cristiano diz que o que tem observado e vivenciado nos últimos dias é que há forte resistência à mudança e utilização dessa nova metodologia.
"Há um livro que gosto muito, que são os '10 pergaminhos' (Og Mandino). Há um trecho no pergaminho número 1 que diz 'o valor da experiência é, muitas vezes, superestimado por velhos que parecem sábios, mas falam tolices (...) uma ação que resultou em êxito no passado, pode não ser apropriada no presente (...)'.",
"Essa tem sido a principal razão por haver dificuldades de implementação da metodologia BIM. Apesar disso, o mercado vem demandando que os trabalhos sejam realizados no formato BIM e é um caminho sem volta. Quem já entendeu, está se preparando e produzindo via BIM. Quem ainda não entendeu, ou entende e aplica, ou estará preparando para um mundo que não existe mais."
A resistência ao aprendizado
Talvez o BIM esteja mesmo longe de ser compreendido pelos técnicos em todo o seu potencial. Por exemplo, recentemente, apresentamos uma matéria sobre a diferença entre BIM 4D e 5D - que são os principais níveis conhecidos. Mas parece que as dimensões de BIM vão até 7D. O colaborador Cristiano diz que o nível de resistência ao aprendizado está no 3D. Esse mundo de responsabilidades é quantificado pelo nível de maturidade - e existe esse índice e regras para enquadramento.
"O pior de tudo, é que não há dificuldade técnica, mas facilidades! A dificuldade está em autoaprendizagem, autocapacitação, etc. Porque há um grupo de engenheiros que a partir de um certo nível acha que não precisa mais aprender; algo diretamente proporcional ao tempo de formado. Isso só ajuda a travar o processo de implementação, porque já era, é caminho sem volta! Seria mais fácil haver alinhamento. Como raramente há, está tudo seguindo o 'flow' natural!"
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