Oceanos sempre foram cheios de mistérios e pauta para histórias de criaturas míticas. Atualmente, ainda carecemos de muita informação sobre as profundezas oceânicas - mesmo sendo algo grande demais para ignorar, principalmente no quesito das mudanças climáticas. Nesse cenário, a startup Sofar criou os Spotters, boias que mais parecem drones de alto-mar, como um equipamento para monitoramento de dados ambientais nos oceanos. Continue lendo este artigo do Engenharia 360 para saber mais!
O desafio de monitorar as profundezas oceânicas
Uma estratégia para obter medidas ambientais dessas regiões remotas no fundo do oceano é construir estações com sensores flutuantes. O problema é que os custos de 50 mil dólares americanos (ou mais) por boia e quase o mesmo em manutenção anual tornam isso proibitivo para todos, exceto agências governamentais e grandes corporações. Obviamente, os satélites espiam do espaço, mas são limitados em precisão para mapeamento oceânico.
Nesse cenário, a startup Sofar Ocean Technologies abriu o acesso a uma nova matriz global de boias oceânicas, Spotters, que prometem medições detalhadas do vento, do tempo e das correntes no Pacífico e, eventualmente, em todos os oceanos do mundo.
A proposta inovadora com equipamentos de baixo custo
A Sofar adotou a estratégia CubeSat de emprestar hardware de ponta, dar um jeito de protegê-lo contra intempéries e depois lançar os equipamentos em ambiente inóspito. A saber, os CubeSats - satélites em miniatura montados a partir de componentes relativamente baratos - são geralmente emprestados de smartphones e já conquistaram a órbita próxima à Terra. Mas os oceanos ainda estão quase vazios.
Embora o vácuo além de nossa atmosfera pareça duro, é quase calmo em comparação com tempestades oceânicas, colisões de navios e água salgada corrosiva, capaz de afundar todas as embarcações menos resistentes.
Drones flutuantes Spotters para monitoramento dos Oceanos
Para resolver isso, a Sofar, fundada em 2016 por Tim Janssen, engenheiro e oceanógrafo, projetou e lançou mais de 200 boias chamadas Spotters. Tratam-se de pequenas pirâmides amarelas brilhantes rodeadas de painéis solares que podem atravessar os oceanos do mundo. Os dados de vento, ondas e temperatura são transmitidos continuamente através de uma conexão via satélite a um custo pelo menos 10 vezes menor do que os instrumentos tradicionais.
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Para obter dados em tempo real, os pesquisadores inverteram o modelo de monitoramento existente. Em vez de implantar relativamente poucas boias carregadas de sensores muito caros, a Sofar embarcou centenas de boias leves e baratas que podiam percorrer os oceanos por uma fração do custo de suas antecessoras flutuantes.
Expansão futuras
Aliás, depois dos Spotters, estão nos planos da empresa a construção de uma enorme frota de embarcações de superfície autônomas movidas a energia solar, chamadas Striders, que poderiam ser descartadas por navio aeronaves em qualquer lugar no oceano aberto. Elas transmitiriam dados em tempo real e vídeos.
O futuro do monitoramento oceânico com a Sofar
Com observações meteorológicas comparáveis àquelas feitas para continente, uma série de novas aplicações é aberta e a Sofar busca vender a tecnologia produzida. Vale ressaltar que os satélites podem ser calibrados usando dados globais da superfície para melhorar as previsões. O desafio será acessar e integrar dados de plataformas de sensores autônomos de baixo custo nos modelos climáticos e oceânicos do mundo. No fim, calibrar e refinar essa nova fonte de dados trará grandes benefícios.
Eventualmente, a Sofar espera que o custo da implantação de sua rede de sensores fique tão baixo que seja possível cobrir o oceano do mundo, mesmo em áreas próximas a países em desenvolvimento e comunidades insulares onde nada desse tipo existe atualmente. "Trabalhamos para evitar o problema de hardware e torná-lo um problema de dados", disse o engenheiro e oceanógrafo Janssen. "Pela primeira vez, podemos fechar a lacuna de dados nos oceanos.".
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Fonte: Quartz.
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Kamila Jessie
Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.