Engenharia 360

Saiba mais sobre o controle da drenagem na fonte

Engenharia 360
por Larissa Fereguetti
| 09/07/2015 | Atualizado em 17/03/2022 4 min

Saiba mais sobre o controle da drenagem na fonte

por Larissa Fereguetti | 09/07/2015 | Atualizado em 17/03/2022
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A drenagem é um item extremamente importante no planejamento urbano. Um dos grandes problemas relacionado à falta do planejamento de um sistema de drenagem são as inundações em áreas urbanas.

drenagem | Imagem: costaesmeraldaportobelo.com.br
Imagem: costaesmeraldaportobelo.com.br

Antes, vamos conceituar a diferença entre enchente e inundação. A enchente é a elevação do nível da água em um canal devido ao aumento da vazão, atingindo a cota máxima, mas sem extravasar. Por outro lado, a inundação é referente ao transbordamento da água do curso de água, atingindo a planície de inundação ou as áreas de várzea. Resumindo, nem sempre uma enchente é uma inundação.

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Então, já que o principal problema são as inundações em áreas urbanas, é exatamente delas que vamos tratar. Estas inundações resultam de dois processos, que podem ocorrer de maneira isolada ou integrada: a ocupação de áreas ribeirinha pela população, que ocupa o leito do rio, e a urbanização, que aumenta a impermeabilização do solo.

Modelos de controle de drenagem

Para evitar problemas decorrentes das inundações, as alternativas de controle para a rede de drenagem pluvial possuem dois objetivos principais, o controle do aumento da vazão máxima e a melhoria das condições ambientais. As medidas de controle do escoamento podem agir:

  • Na macrodrenagem: controle sobre áreas acima de 2 km² ou de principais riachos urbanos;
  • Na microdrenagem: controle que atua sobre o hidrograma proveniente do parcelamento em função da área;
  • Na fonte: atua sobre o lote, praças e passeios.

O controle da drenagem na fonte pode ser feito através de vários dispositivos que mantenham a vazão de saída do local menor ou igual à vazão de pré-desenvolvimento. São dispositivos que aumentam a área de infiltração, como pavimentos permeáveis, por exemplo, ou armazenam a água temporariamente, como reservatórios locais.

Dentre estes dispositivos é possível citar:

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  • Pavimentos permeáveis: o objetivo é fazer com que a água infiltre mais rapidamente, passe por um filtro e vá para um reservatório composto por pedras. A capacidade de armazenamento é determinada de acordo com a profundidade do reservatório de pedras.
Imagem: auepaisagismo.com
Imagem: auepaisagismo.com
  • Mantas de infiltração: São mantas cobertas pelo solo ou por alguma superfície que permita a infiltração. Por ser enterrado, este sistema permite que o solo tenha outro uso.
  • Bacias de infiltração: são áreas cercadas por uma contenção que retém a água até que ocorra a infiltração através da base e das laterais. Além disso, promovem a atenuação dos picos de cheia. Podem ser escavadas ou aproveitar pequenas encostas do terreno.
Imagem: aguaspluviais.inf.br
Imagem: aguaspluviais.inf.br
  • Valos de infiltração: concentram o fluxo das áreas adjacentes e criam condições para que a infiltração ocorra ao longo do seu comprimento, agindo também como canais ao armazenar e transportar água para outros dispositivos de drenagem;
  • Poços de infiltração: escavação cilíndrica ou retangular que permitem a infiltração e o armazenamento;
  • Trincheiras de infiltração: construídas para recolher a água do telhado e criar condições de escoamento através do solo. A construção é feita removendo-se o solo e preenchendo o local com cascalho, criando espaço para o armazenamento.
  • Reservatórios: o armazenamento pode também ser realizado através de pequenos reservatórios, com a função de amortecer o escoamento.

Na escolha destes dispositivos é necessário avaliar as características do local e do dispositivo e escolher o mais viável, realizando o dimensionamento de cada um da maneira mais adequada. Ainda, muitos precisam de manutenção regularmente, principalmente pelo risco de colmatação (é basicamente entupir, mas, como diriam meus professores, engenheiro não diz entope, engenheiro diz que colmata).

Imagem: blogpetcivil.com
Imagem: blogpetcivil.com

Já que falamos tanto em reduzir o escoamento superficial, é bom deixar claro o motivo de ser tão importante reduzir este escoamento.  Normalmente, a água que não infiltra escoa superficialmente. A impermeabilização do terreno, que é comum em áreas muito urbanizadas, reduz a infiltração do solo e, consequentemente, gera um aumento do escoamento superficial. Quem mais sofre é quem está a jusante das áreas onde a água escoa, pois recebe toda a vazão de água em um tempo menor.

Quando há muita impermeabilização e o sistema de drenagem não é suficiente para amortecer a vazão de água, acontece aquela situação de você tentando atravessar a rua com água até o joelho. Quem nunca?

Por todos esses e outros motivos, o sistema de drenagem é um componente de grande importância no planejamento urbano. A drenagem na fonte é o primeiro passo para contribuir para o amortecimento da vazão de água pluvial e evitar que problemas aconteçam posteriormente. Atualmente, alguns destes dispositivos citados acima situam-se no interior dos lotes e possuem, além da função de permitir a infiltração, função paisagística.

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Veja Também: Sanear, prever e embelezar: um panorama sobre os projetos de drenagem urbana


Fontes: IPH, Instituto de Pesquisas Hidráulicas. Plano Diretor de Drenagem Urbana de Porto Alegre–Manual de Drenagem Urbana, PortoAlegre: IPH/UFRGS,223p.,2005.

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Larissa Fereguetti

Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.

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