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Reciclagem Energética: Saiba como transformar resíduos em energia

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por Lucie Ferreira
| 01/04/2024 | Atualizado em 01/04/2024 4 min
Imagem de wayhomestudio em Freepik

Reciclagem Energética: Saiba como transformar resíduos em energia

por Lucie Ferreira | 01/04/2024 | Atualizado em 01/04/2024
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A geração de resíduos é um desafio global. Nesse cenário, a reciclagem energética surge como uma solução inovadora para transformar esses resíduos em energia limpa e renovável, contribuindo para a preservação do meio ambiente e a diversificação da matriz energética.

Aliás, vale enfatizar como a reciclagem é um processo hoje bastante comum; ele foi popularizado demais nas últimas décadas. Através dele, resíduos como plástico, vidro, metal e papel, que antes eram descartados, são reaproveitados e transformados em novos materiais. Mas vamos conversar mais sobre a reciclagem energética no texto a seguir, do Engenharia 360!

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Reciclagem Energética: Saiba como transformar resíduos em energia
Lixo reciclável sendo despejado em aterro: material pode ser usado para gerar energia | Imagem reproduzida de Ascom/AMA

Definição e funcionamento da reciclagem energética

Como dito antes, na reciclagem energética, são convertidos resíduos em energia térmica ou elétrica (ou, ainda, em ambas). Essa conversão é realizada através da incineração controlada dos resíduos, liberando calor que é utilizado para gerar vapor e, posteriormente, energia.

Em resumi, a ideia é aproveitar os resíduos que não podem mais ser reutilizados nem reciclados. Ao substituírem os óleos combustíveis, esses materiais promovem a combustão e reduzem o uso de combustíveis fósseis.

Materiais utilizados

Por ter alto poder calorífico, o plástico é o material mais apropriado para a reciclagem energética. Para se ter uma ideia, um quilo de plástico é equivalente ao mesmo peso de óleo diesel. O ideal é que o material seja separado por categoria. Por exemplo, quando separado, o valor combustível chega a 42 mil BTU/kg de resíduo, enquanto misturas de plásticos dos lixões e aterros equivalem a 9 mil BTU/kg.

Nesse modelo de reciclagem, a energia é, portanto, produzida através da força do vapor que resulta da queima dos resíduos. Ele, por sua vez, move a turbina e, por meio da energia cinética, gera a energia elétrica. Uma tonelada de plástico produz cerca de 650 kWh de energia. Para isso, a temperatura do forno precisa ser de 950 °C, sendo que os gases da combustão oxidam dois segundos a mais de 1000 °C.

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Reciclagem Energética: Saiba como transformar resíduos em energia
Resíduos plásticos utilizados para geração de energia de uma usina em Grangemouth, na Escócia | Imagem reproduzida de James King-Holmes / Science Source

Vantagens e desvantagens da reciclagem energética

A reciclagem energética oferece diversos benefícios, como:

  • Redução do volume de resíduos enviados aos aterros sanitários;
  • Diminuição da emissão de gases poluentes;
  • Geração de energia limpa e renovável; e
  • Criação de novos empregos e oportunidades de negócios.

Detalhando melhor, a reciclagem energética não gera efluentes líquidos, já que água é neutralizada e reutilizada. Os gases poluentes que saem durante o processo são tratados e purificados. O vapor e monóxido de carbono são liberados em quantidades insignificantes. As cinzas, por sua vez, podem ser usadas na construção civil, servindo de matéria-primas para telhas e tijolos.

Os materiais não precisam ser tratados antes do uso nas caldeiras, tornando o processo uma maneira de higienizar e eliminar agentes biológicos nocivos. As plantas das usinas de reciclagem energética são pequenas e podem ser instaladas em áreas urbanas, já que produzem baixo ruído. Isso também faz com que a logística do transporte dos resíduos seja mais barata.

Contraponto

Por outro lado, esse processo custa mais caro do que reaproveitar os materiais com outras formas de reciclagem. Outra desvantagem é que os resíduos plásticos são os mais viáveis energeticamente, sendo necessário garantir seu fornecimento às usinas de reciclagem energética por meio de uma estrutura logística para a coleta e o transporte dos materiais.

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Em resumo, as desvantagens da reciclagem energética incluem:

  • Investimento inicial elevado na construção das usinas;
  • Necessidade de coleta seletiva eficiente dos resíduos; e
  • Possibilidade de emissão de gases poluentes caso o processo não seja realizado de forma adequada.
Reciclagem Energética: Saiba como transformar resíduos em energia
Usina de Reciclagem Energética no estado de Nova York (EUA) | Imagem reproduzida de Ironclad Energy Partners

Reciclagem energética no Brasil

A reciclagem energética ainda está em desenvolvimento no Brasil, mas apresenta grande potencial de crescimento. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) incentiva a implementação de novas usinas, e o aumento da demanda por energia renovável pode impulsionar esse mercado.

A única usina brasileira desse tipo é a Usina Verde, que fica no campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e tem caráter experimental. Como a implementação dessas estruturas é bastante cara, outros projetos do tipo acabaram se tornando inviáveis.

Por exemplo, havia um projeto de desenvolvimento de usina no polo petroquímico de Mauá (SP). Mas, o investimento de R$ 500 milhões para a construção da unidade de 60 MW de capacidade instalada inviabilizou a planta. Espera-se que esses obstáculos para a implementação das usinas de reciclagem energética possam ser logo solucionados agora que temos a PNRS!

Reciclagem Energética: Saiba como transformar resíduos em energia
Usina Verde, que se tornou a primeira e, por enquanto, única usina de reciclagem energética do Brasil | Imagem reproduzida de Eduardo Jose Jankosz

Exemplos internacionais

Na Alemanha a reciclagem energética ajudou a eliminar completamente o uso de aterros. Aliás, a maioria dos países que aposta nessa medida faz parte da União Europeia: são mais de 400 usinas, que produzem 10 mil MW de energia elétrica ou térmica. Nos Estados Unidos, essas usinas fornecem energia a 2,3 milhões de residências.

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Fontes: eCycle, Pensamento Verde e Jornal do Comércio.

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Lucie Ferreira

Jornalista especializada.

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