Recentemente, o Brasil ganhou mais destaque no cenário científico internacional, especialmente no setor de biotecnologia; isso porque pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade do Porto, conseguiram desenvolver uma pele artificial altamente inovadora. Mas o será que ela tem de diferente?
Bem, para começar, essa pele foi criada utilizando impressora 3D. Além disso, suas características podem transformar a forma como os médicos tratam feridas e queimaduras. Saiba mais sobre essa história no artigo a seguir, do Engenharia 360!
Como foi criada a pele artificial brasileira
A pele artificial criada pelos pesquisadores brasileiros em impressora 3D chama-se Human Skin Equivalent with Hypodermis (HSEH) ou "Pele Humana Equivalente à Hipoderme". A história da sua criação foi contada na prestigiada revista científica Nature, destacando seu potencial para os setores farmacêutico e cosmético, além de possivelmente contribuir para o tratamento de feridas graves, como queimaduras e lesões de difícil cicatrização.
A pesquisa iniciou-se em 2021. O objetivo era criar uma estrutura de pele artificial que pudesse simular com precisão a pele humana. E a certeza de que isso seria mesmo possível veio com a introdução da hipoderme, uma cama essencial da pele que tem a função de regular processos biológicos, como a hidratação e a diferenciação celular.
Vale destacar que o processo de todo esse experimento foi bastante complexo. Foram necessários cerca de 18 dias para a produção da HSEH, sendo composta por três camadas principais: epiderme, derme e hipoderme - sendo esta última, como explicamos antes, fundamental para a funcionalidade da pele. A questão é que modelo semelhante jamais havia sido feito no Brasil, só produzido em outros seis países ao redor do mundo.
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Otimização do processo
A colaboração dos pesquisadores da Unicamp e de Portugal facilitou a análise de dados e otimização das técnicas de bioimpressão. Nesse caso, foi utilizada uma "biotinta" contendo células-tronco e componentes como colágeno, permitindo que a estrutura da pele artificial ficasse realmente parecida com a pele humana real.
Benefícios da pele artificial para a medicina e a ciência
1. Redução de testes em animais
O principal propósito dos cientistas do CNPEM era criar uma pele artificial que ajudasse as empresas a não depender mais de testes em animais para comprovar a eficácia de produtos médicos e cosméticos. Ou seja, essa é uma conquista ética! A expectativa é que essa nova pele, produzida em laboratório, seja uma alternativa mais precisa e segura, oferecendo uma análise altamente detalhada, sem comprometer a vida de seres vivos.
2. Tratamento de feridas e queimaduras
Outro benefício apontado para a nova pele artificial é seu uso no tratamento de pessoas com feridas crônicas e queimaduras. Os cientistas apostam nesse potencial, já que o material impresso em 3D realmente apresenta características semelhantes à pele humana, podendo cobrir áreas lesionadas e promover uma cicatrização mais eficaz.
3. Estudos sobre diabetes
Vale destacar um estudo que já está em andamento na Holanda utilizando a pele artificial. Os cientistas desejam investigar questões sobre como o órgão de pacientes com diabetes reage a ferimentos - lembrando que a doença impacta na cicatrização, levando, em alguns casos, a amputações dos membros inferiores. A pele criada no Brasil seria uma opção confiável para entender tais condições e testar tratamentos que podem ajudar na regeneração do tecido danificado.
4. Estudo sobre outras doenças
Por fim, os cientistas afirmam que a criação de tecidos artificiais, feitos em laboratórios, pode revolucionar o estudo e o tratamento de outras doenças e condições médicas que afetam a hidratação e a regeneração celular - é o caso do câncer de pele, por exemplo. O material seria perfeito para a condução de certas terapias, substituindo partes danificadas dos corpos dos pacientes com tecidos cultivados a partir das suas próprias células.
Aliás, a presença da hipoderme na pele artificial facilita a reprodução de processos biológicos fundamentais. A camada, composta por células adiposas, cria um ambiente mais próximo do tecido humano real, permitindo uma adesão às células mais eficiente.
Perspectivas para o futuro da biotecnologia
Para que a pele artificial criada no Brasil possa ser produzida em larga escala e ter aplicação clínica, os cientistas precisam avançar em técnicas de bioimpressão e na formulação das biotintas utilizadas. Além disso, é provável que eles tenham também que garantir que os tecidos impressos mantenham suas propriedades funcionais ao longo do tempo. Acontece que eles não podem sofrer os mesmos processos biológicos que ocorrem na pele humana real, como regulação de temperatura e proteção contra infecções.
No entanto, as oportunidades são imensas. Com os avanços contínuos na impressão 3D e na engenharia de tecidos, a medicina está mais próxima de oferecer tratamentos que, até pouco tempo atrás, pareciam impensáveis. A pele artificial brasileira é apenas um exemplo de como a inovação tecnológica pode trazer benefícios significativos para a saúde humana, desde a redução de testes em animais até a criação de tratamentos mais eficazes para doenças complexas.
Fontes: Olhar Digital, Canaltech.
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