Você já parou para pensar na quantidade de contaminantes que pode estar presente no seu copo de água? Um estudo mostrou que esses contaminantes podem estar associados a casos de câncer, e os números são bem elevados.
Para começar, a água sai da estação de tratamento (ETA) é adequada para o consumo (ou, pelo menos, deveria ser), visto que passou por uma série de processos a variar conforme sua caracterização prévia. Porém, quando falamos em tratamento de água convencional no Brasil, precisamos lembrar que nossos sistemas não são projetados para tratar alguns poluentes químicos, como os agrotóxicos.
Para averiguar a associação entre casos de câncer e essas substâncias contidas nas águas, alguns pesquisadores usaram uma estrutura analítica que calculava os impactos combinados dos agentes cancerígenos sobre a saúde em 48.363 sistemas comunitários de água nos Estados Unidos. Vale ressaltar que a pesquisa relata casos nos EUA, mas não é difícil espelhar a situação para o Brasil.
Esse modelo de avaliação cumulativa do risco de câncer de contaminantes da água, que nunca havia sido realizado, oferece uma visão mais profunda da qualidade da água. Eles constataram que a maior parte do aumento do risco de câncer é devido à contaminação com arsênico e elementos radioativos, como urânio e rádio. Embora os sistemas com maior risco encontrados sejam os que atendem pequenas comunidades, os grandes sistemas superficiais também contribuem com uma grande parcela.
O que a pesquisa mostrou foi que, normalmente, os sistemas comunitários de água estão dentro dos padrões legais impostos pela legislação. Porém, também constatou que os níveis estabelecidos nesses padrões podem ser prejudiciais para a saúde humana.
Se pensarmos na situação brasileira, além dos agrotóxicos, há regiões com muito arsênio e outros compostos químicos presentes na água subterrânea, provenientes das rochas, como mostrou um estudo realizado em Ouro Preto e Mariana (ambos em Minas Gerais), que podem oferecer risco de câncer e outros problemas de saúde. Ainda, compostos orgânicos em água bruta podem reagir com o cloro, formando subprodutos cancerígenos, como os tri-halometanos.
A verdade é não haver muitas alternativas para fugir desses contaminantes, visto que muitos são naturais e característicos da região. O que é possível fazer cabe não só à empresa responsável pelo tratamento de água (que deve avaliar a qualidade de forma ampla), como também aos órgãos normativos (na revisão das quantidades limites permitidas) e à população (que pode instalar filtros específicos para os contaminantes em sua residência).
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Fontes: Phys.org
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Larissa Fereguetti
Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.