Imagine a cena: você está prestes a sair de casa e, ao colocar a mão na porta, nota que esqueceu a chave. Então, volta para buscar, abre a porta e, após descer dois andares, lembra que ao voltar para pegar a chave, esqueceu o celular. Quantas vezes isso já aconteceu com você nos últimos dois anos? Sabe responder? Pois é! Alguns cientistas estão utilizando de maneira coloquial o termo “Cérebro Pandêmico” para denominar os males que o nosso cérebro vem sofrendo com altos níveis de estresse ocasionados pela Pandemia do Covid-19.
Como surge o Cérebro Pandêmico?
Longos períodos submetidos ao estresse incessante – chamado crônico – estão alterando não somente a nossa capacidade de concentração e memória, mas também é possível que algumas áreas do cérebro tenham reduzido de tamanho.
Renomados pesquisadores e autores, como David Allred Whetten (teórico organizacional americano e professor de liderança e estratégia organizacional), afirmam que o estresse em um nível saudável é fundamental para que as coisas aconteçam. Entretanto, ao viver em um período constante de confinamento, espera, restrições, incertezas de futuro e dificuldades, liberamos cortisol em doses elevadas. Essa liberação desequilibrada aumenta certas áreas cerebrais em detrimento de outras.
A pesquisadora de Cambridge (Reino Unido), Barbara Sahakian tem estudado sobre os efeitos do confinamento e ansiedade em nossa massa cefálica. E ela detectou um encurtamento do hipocampo - estrutura cerebral que regula a motivação, as emoções, a aprendizagem e a memória, levando o ser humano a transtornos de humor bem parecidos com o que vivem os pacientes depressivos.
Qual o impacto do cérebro pandêmico?
Esses efeitos no hipocampo afeta de maneira negativa o nosso cérebro; provocando, por exemplo:
- prejuízos de fluxos de aprendizagem,
- dificuldades de tomada de decisão (que antes eram fluidas),
- oscilações de humos,
- sentimento de medo,
- hesitação,
- alteração de sono,
- apetite, e
- sensação de cansaço que não passa mesmo tendo acabado de acordar.
Outro fato impactante que a pesquisadora concluiu foi que, nesse contexto de Pandemia, indivíduos que tiveram perdas de entes queridos além de desenvolver o estresse crônico o associaram com o estresse pós-traumático, potencializando ainda mais as consequências negativas para o cérebro.
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Tem solução?
Michel Yassa, neurologista do Centro de Neurobiologia da Aprendizagem e Memória da Califórnia, nos Estados Unidos, acredita que sim. Porém, não de imediato!
"As pessoas superam desastres naturais ou a perda de entes queridos. Por isso também devemos superar isso. Mas primeiro, a causa precisa desaparecer."
- Michel Yassa, Neurologista
Enquanto esperamos o fim da Pandemia, existem algumas técnicas que os pesquisadores indicam para ajudar na redução da perda das funções cognitivas e dando uma melhor oportunidade para o cérebro se recuperar. Por exemplo:
- Jogos de memória,
- Buscar sempre aprender coisas novas,
- Desenvolver uma rotina diária saudável, e
- Praticar exercícios físicos.
É importante enfatizar que tais técnicas podem ser suficientes para algumas pessoas, mas não para outras, que precisam de ajuda profissional, como terapias e afins.
E vocês? O que têm feito para evitar os males do cérebro pandêmico? Conte para nós nos comentários!
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Ana Claudia Santos
Engenheira de Produção, Mestranda em Desenvolvimento Empresarial, MBA em Engenharia Econômica e Financeira pela UERJ e amante de música, leitura e lógica nebulosa nas poucas horas vagas. @anacseng07