Quando pensamos em grandes obras realizadas pela humanidade, logo vem à cabeça construções como a Grande Muralha da China e as pirâmides do Egito. Mas, infelizmente, a única estrutura visível do espaço (detectada por satélites) não é nenhuma dessas, mas sim o Mar de Plástico de Almería, localizado no sul da Espanha. Trata-se de uma gigantesca área agrícola, com mais de 40 mil hectares, cheia de estufas cobertas por plástico. Saiba mais sobre esse grave desafio ambiental no artigo a seguir, do Engenharia 360!

A história por trás do Mar de Plástico de Almería
Sabe-se que o microclima local da região de Almería, um dos locais mais secos da Europa, é ideal para o cultivo de frutas e vegetais. Desde os anos sessenta, os agricultores têm utilizado a técnica das estufas cobertas por plásticos para maximizar a produção agrícola, especialmente fora das épocas tradicionais de colheita. Essas estruturas permitem o controle de temperatura e umidade, além de proteger as plantas dos ventos e geadas.
Com o tempo, as zonas com estufas se expandiu, transformando Almería em um dos principais fornecedores de frutas e vegetais do continente - sobretudo tomates, pepinos e melões -, com uma produção anual estimada entre 2,5 e 3,5 milhões de toneladas de alimentos, com 99% dos produtos exportados para países europeus. E é justamente essa vasta rede de estufas que é chamada de 'Mar de Plástico', considerado um símbolo da modernidade agrícola, mas também problema ambiental.
O lado social e econômico dessa prática agrícola
Além dos desafios ambientais, o Mar de Plástico de Almería levanta questões sociais. Milhares de imigrantes africanos e do Leste Europeu trabalham na região, muitos em condições precárias de trabalho, com salários baixos e pouca proteção social. A União Europeia vem tentando regulamentar a situação e garantir os direitos humanos. Porém, isso vem acontecendo a passos lentos. Fato é que muitos têm medo de mexer com o caso, já que tal produção agrícola é um dos principais pilares econômicos para a Espanha.
O impacto ambiental do Mar de Plástico
Embora o Mar de Plástico de Almería seja um grande sucesso econômico, referência de modelo em agricultura, seu impacto ambiental é catastrófico. O problema é que essa massa de plástico utilizado nas estufas gera problemas para a natureza.
Já para começar, há um intenso uso de fertilizantes e pesticidas para maximizar a produtividade. Depois, o descarte inadequado de resíduos plásticos, incluindo embalagens de pesticidas que acabam nas margens das estradas, em terrenos de áreas vizinhas ou, pior, no Mar Mediterrâneo. E, por fim, consumo de água bombeada do subsolo, esgotando os aquíferos e ressecando os rios na região.
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Para piorar, nas últimas décadas, a transformação da paisagem natural em vasta extensão coberta por estufas levou à perda de uma grande parte do habitat natural e diminuição da biodiversidade de Almería.
Propostas para redução de plástico e práticas mais sustentáveis
Para mudar a situação no sul da Espanha, mitigando os impactos negativos provocados pelo Mar de Plástico, os cientistas têm feito algumas propostas. Uma delas é diminuir o próprio uso de plástico nas estufas, substituindo o material por bioplásticos degradáveis. Depois, trabalhar para que todas as estufas sejam brancas. A reflexão solar causa curiosamente um efeito de resfriamento na atmosfera local (uma queda de cerca de 0,3 grau por década), contrastando com as tendências globais de aquecimento.
A saber, é justamente por conta dessa reflexão que a estrutura se destaca, tornando-a visível lá do espaço, registrada por satélites.
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Para finalizar, os cientistas afirmam que é preciso promover em Almería práticas como de agricultura orgânica e gestão eficiente da água, garantindo um cultivo mais sustentável e ecológico. Um exemplo é a técnica hidropônica, que dispensa o uso de solo, nutrindo as plantas diretamente com soluções ricas em nutrientes - é menos uso de água e mais terras férteis. Esse tipo de prática visa não apenas aumentar a produtividade mas também preservar os recursos naturais.
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Fontes: ND+, movieco, Metrópolis.
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Eduardo Mikail
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