Marie Curie é, sem dúvida alguma, uma das maiores divas e ícones da ciência. Um dos seus grandes feitos é relacionado a pesquisas com radioatividade, o que permitiu vários avanços na área e lhe rendeu nada menos que dois Prêmios Nobel. Além disso, Marie Curie é uma das grandes inspiradoras de várias mulheres que sonham em conquistar seu espaço na ciência.
Quem foi Marie Curie?
Diferentemente da maioria das outras mulheres retratadas nesta série de mulheres que mudaram a engenharia e a ciência aqui do Engenharia 360, essa pergunta sobre quem foi Marie Curie quase todo mundo sabe responder: ela foi uma cientista famosa responsável por ser a pioneira da radioatividade.
Maria Salomea Skłodowska, mais tarde Marie Curie, nasceu na Polônia em 1867. Infelizmente, ela não pode seguir seus estudos no país pelo fato de ser mulher. Por isso, a irmã e ela estiveram envolvidas em uma universidade ilegal, a qual era frequentada principalmete por mulheres impedidas de estudar.
Marie Curie precisou trabalhar durante um tempo para então, em 1891, ir para Paris para ingressar no ensino superior na Université Paris-Sorbonne. Lá, estudou física, química e matemática. Porém, a vida também não foi fácil. Com poucos recursos financeiros, precisou sobreviver com uma dieta pobre baseada em pão, o que afetava sua saúde. Mesmo assim, Marie Curie não desistiu e obteve um diploma em física em 1893 e um em matemática em 1894.
A primeira pesquisa de Marie Curie foi sobre propriedades magnéticas de alguns tipos de aço, encomendada pela Societé d’Encouragement pour l’Industrie Nationale. Foi nesse período que ela conheceu seu futuro marido, Pierre Curie. Ele era instrutor na École Supérieure de Physique et de Chimie Industrielle de la Ville de Paris e disponibilizou um espaço para as pesquisas dela. O interesse pela ciência aproximou os dois, que se casaram em 1895.
Em 1896, Henri Becquerel incentivou o casal Curie nos estudos das radiações que ele havia descoberto. Então, eles ingressaram nas pesquisas sobre radioatividade. Pierre Curie faleceu em 1906, devido a um acidente na rua. A devastação pela morte do marido não fez Marie Curie desistir e ela continuou na ciência.
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Mais tarde, na época da Primeira Guerra Mundial, Marie Curie usou suas descobertas e seu tempo para ajudar. Ela usou equipamentos portáteis de raio-x para ajudar os médicos em campo. Marie Curie faleceu de câncer em 1934. A origem da doença é um pouco óbvia: exposição à radiação.
Como Marie Curie mudou a engenharia e a ciência?
Como ela mudou a engenharia e a ciência é outra pergunta que muita gente sabe responder. As pesquisas de Marie Curie foram a alavanca para o avanço da radioatividade. Cada raio-x tirado atualmente leva um pouquinho das pesquisas da família Curie.
O casal Curie recebeu uma Medalha Davy em 1903 e uma Medalha Matteucci em 1904. Além disso, ela foi a primeiríssima mulher a receber um Prêmio Nobel, o que aconteceu em 1903. Ela o recebeu junto com seu marido e Henri Becquerel, na categoria Física. E tem mais: ela também foi a única mulher a ganhar dois Prêmios Nobel e ainda foi a primeira pessoa a fazer isso. O segundo prêmio, na categoria Química, veio em 1911.
Marie Curie foi também a primeira professora mulher na Université de Paris. Ela assumiu o cargo do marido, Pierre Curie, quando ele faleceu. Só essas informações já mostram a grandiosidade das pesquisas da matriarca dos Curie, a família que mais recebeu Prêmios Nobel (totalizando 5). Vale ressaltar que vários institutos levam o nome Curie, como a Université Pierre et Marie Curie em Paris, além do elemento Cúrio, da tabela periódica, a unidade de atividade de radionuclídeos Curie (Ci), uma estação de metrô em Paris, reatores, asteroide, institutos de câncer e etc.
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Juntos, Pierre e Marie Curie descobriram o polônio em 1898 e o rádio em 1902. Marie Curie, apesar de ter se naturalizado na França, não esqueceu suas origens. Tanto que seu primeiro elemento radioativo descoberto foi nomeado em homenagem ao seu país.
Marie Curie: inspiração na ciência
Ela foi uma mulher que deu a vida pela ciência. Naquela época, os efeitos da radiação eram desconhecidos e foi a exposição prolongada que levou Marie Curie à morte. Até hoje os materiais que ela usava e suas anotações são mantidos isolados devido à radiação. Se não tivesse sido exposta, com ou sem o conhecimento das consequências, não teria feito as brilhantes descobertas que fez. Isso acontece atualmente: quantos pesquisadores não são expostos a tecnologias novas cujos efeitos são desconhecidos?
Outro fato que merece ser mencionado sobre a cientista brilhante é que ela não era apegada ao dinheiro. Boa parte do que recebia em premiações era dedicado a instituições de pesquisa. Isso acontecia quando aceitava algum prêmio, o que não ocorria sempre. Suas pesquisas também não eram patenteadas, de forma que toda a comunidade científica pudesse usá-las livremente.
Marie Curie lutou para vencer a pobreza e a discriminação por ser mulher e conseguir ingressar na universidade. Ela foi atrás de seus sonhos, mesmo que adiados pelo tempo que precisou trabalhar antes de estudar. É um exemplo de quem, mesmo na universidade, teve apertos financeiros para se manter, mas não desistiu. É um exemplo de mulher que foi para a guerra usar suas pesquisas para ajudar a salvar as vidas de soldados feridos. É um exemplo de pesquisadora que deu a vida pelo trabalho e que mudou, com toda certeza, a engenharia e a ciência. São tantos exemplos que é impossível negar o posto icônico que ela atingiu.
Fontes: Marie Curie the scientist; The Nobel Prize; Interesting Engineering; BBC.
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Larissa Fereguetti
Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.