Mais uma vez o Engenharia 360 precisa comentar um triste caso envolvendo a área da construção civil. Em janeiro deste ano, uma ponte estaiada que era construída sobre o Rio Guatiquía, na Colômbia, desabou – nesse episódio as vítimas foram dez operários. Mais recentemente, no dia 15 de março, seis pessoas morreram e várias outras ficaram feridas após uma passarela cair em Miami, nos Estados Unidos. Dois trabalhadores estavam sobre na estrutura, e pelo menos oito carros abaixo dela, quando tudo desabou. Infelizmente, as autoridades ainda não sabem dizer quais as causas do acidente.
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Sobre o acidente da passarela
A passarela que caiu em Miami estava sendo construída pelas empresas americanas MCM e Figg Bridge Group, a pedido da Universidade Internacional da Flórida. Ela localizava-se no bairro Sweetwater e deveria servir para a travessia segura de estudantes entre a área residencial e o campus – esse é o mesmo ponto onde uma jovem de 18 anos morreu atropelada no ano passado. Embora a estrutura ainda não estivesse aberta ao público, já que sua conclusão seria apenas em 2019, a passagem de veículos sob ela era permitida.
Cinco dias. Foi só esse curto período de tempo em que a passarela de pedestres da FIU ficou de pé, após seus elementos serem montados no canteiro. Há princípio, não há evidências que levem os engenheiros a acreditarem que a tecnologia usada seja a causa do seu colapso. Para isso, a polícia e os órgãos regularizadores estão abrindo uma investigação. As únicas informações que se tem até agora é que as equipes de construção estavam, no momento do acidente, realizando um teste de estresse e apertando os cabos da ponte, procedimentos totalmente comuns em engenharia.
"O que deveria ser uma parte icônica e estável da conectividade entre a cidade e a universidade se converteu em uma tragédia nacional." - Orlando López, prefeito de Sweetwater, em reportagem do Correio Braziliense.
Estruturas Instantâneas
A estrutura da passarela de Miami seguia um sistema apelidado de “ponte instantânea” ou “ponte acelerada”, que não é nenhuma novidade na área da construção civil. O nome corresponde, justamente, à velocidade com que tudo é realizado - não quer dizer que isso deva ser sinônimo de má qualidade. As peças são levadas prontas ao canteiro de obras, que nesse caso era a rodovia. Tudo foi montado do lado da estrada e depois instalado na posição que era prevista. Há muitos outros exemplos como esse no estado de Massachusetts.
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Esse tipo de método é seguido por algumas construtoras, pois reduz, supostamente, os potenciais riscos para os trabalhadores, motoristas e pedestres. Em Miami, esse processo é benéfico para o funcionamento da cidade, porque evita a interrupção do trânsito. O trecho da passarela que desabou tinha 864 toneladas e 53 metros de comprimento. Ele era todo modular e feito em um concreto do tipo autolimpante, o que também reduziria a necessidade de futuras manutenções – novamente, falado sobre as paradas do trânsito.
"Geralmente, a construção de uma ponte pode levar meses, mesmo anos. Essa técnica permite construir a ponte em um local diferente, mas perto de onde será instalada. Depois, com guindastes, ela é colocada no local definitivo." - Reid Castrodale, consultor de engenharia da Carolina do Norte, em reportagem de BBC.
Analisando o caso
Horas antes da passarela em Miami desabar, um dos engenheiros responsáveis pelo projeto informou a construtora sobre uma rachadura na estrutura. A resposta que ele obteve da mesma foi que não havia qualquer comprometimento da integridade do sistema. Esse relatório ficou registrado em uma mensagem de correio de voz, obtido através de desbloqueio de sigilo telefônico, obtido pela polícia que investiga o caso. Se essa fissura havia, de fato, ninguém sabe dizer. Tampouco se ela foi à causa do desastre. Todas as informações colhidas com as testemunhas devem ser muito bem analisadas.
Olhando as imagens que foram apresentadas pelas mídias, antes e depois do colapso da passarela, parece que o projeto não estava completo em sua totalidade. Os desenhos técnicos mostram uma passarela suspensa, com um pilar central e cabos de aço que o ligariam ao tabuleiro. Esse elemento grandioso deveria ter sido erguido até uma altura elevada e era fundamental para suportar o peso de todo o conjunto.
Pode-se ver ainda que, no momento da instalação das primeiras peças pré-moldadas, havia suportes metálicos no local – como escoras. Por algum motivo, elas foram retiradas, posteriormente. A carga foi jogada sobre dois únicos pilares de concreto existentes nas extremidades, que não eram dimensionados para isso. E a treliça acabou forçando um movimento no sentido contrário do que deveria ser. Mas, isso talvez tenha ocorrido porque o sistema estava incompleto e porque as peças provisórias já não estavam mais lá.
Veja mais informações sobre o caso do colapso da passarela de pedestres em Miami assistindo ao vídeo a seguir:
Fontes: CNN, NY Times, NBC News, Portal OLM, PT Jornal, BBC.
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