Infelizmente, é muito comum encontrarmos pessoas centralizadoras, que gostam de manter tudo sob seu controle, seja nas organizações, na vida acadêmica ou até mesmo entre nossos familiares. Essas pessoas acreditam que não compartilhar seus conhecimentos sobre os processos organizacionais que dominam, sobre a tarefa que conseguiram fazer, a matéria que entenderam ou como aprenderam determinada coisa é a melhor maneira de se manter onde estão e conseguir seguir em busca de crescimento sem que ninguém os atrapalhe ou compitam com eles (como se a vida fosse mesmo uma competição, não é amigos?).
O mais engraçado no meio disso tudo é que, pessoas como eu, que nunca se importaram em compartilhar conhecimento, são taxadas de “bobas”. Eu sempre fui muito dedicada nos estudos e, por isso, andava sempre com a matéria em dia, tentava fazer os exercícios e (até hoje) amava fazer resumos para estudar, até porque a minha memória é visual e fotográfica, então eu preciso muito de criar esquemas e linhas do tempo para me ajudar a fixar conteúdos.
Em certos períodos da faculdade, meus resumos rodavam por toda a sala, todo mundo tirava xerox, meu caderno às vezes eu nem sabia com quem estava porque emprestava para uma pessoa e outra quem vinha me devolver porque também tinha pego para copiar ou xerocar. E com isso eu ouvia sempre um: nossa mas você tem todo o trabalho de copiar, anotar, resumir e tem coragem de emprestar para essas pessoas que sequer aparecem na sala, devia pelo menos cobrar.
Isso pesa e, por várias vezes, me questionei se eu realmente estava certa em dar, no sentido mais livre da palavra, todos os meus métodos de estudo e todo meu tempo e esforço ali dedicados para pessoas que às vezes eu nunca tinha de fato visto antes. Mas no final das contas, eu nunca conseguia dizer não quando me pediam.
Fui extensionista e monitora em todos os semestres, e tenho o sonho de ser professora algum dia (já dei aula particular para crianças e adolescentes como complemento de renda, mas quero mesmo ensinar pessoas). Contudo, nunca foi só pela experiência ou pelo currículo, já que eu sempre estava cercada de gente na faculdade me pedindo ajuda, explicação, materiais, didáticos ou não (já perdi algumas calculadoras porque não sabia para quem eu emprestei), fotos, etc e eu sempre dava meu melhor porque acho incrível essa oportunidade de ver alguém satisfeito por ter realizado o que queria.
Estudar em grupo é sempre uma experiência ímpar! Lógico que todos devem estar com o mesmo de objetivo, que é conhecimento mútuo, mas estar rodeada de pessoas com opiniões diferentes, formas de aprendizado, memória e entendimento distintos, poder expor suas visões e enxergar com os olhos de outras pessoas, é uma coisa única e que todos deveriam usar para absorver os aprendizados que o outro pode te proporcionar.
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Por fim, eu me formei, como destaque e com direito a medalha, mas não estou aqui para me gabar sobre isso. O que eu quero é mostrar que sim, eu não me arrependo nem um minuto de pegar matéria pra quem faltou, de ter copiado duas vezes pra um colega que pegou dengue e ficou uma semana sem ir a aula, de perder materiais, de dar meu cadernos completos para pessoas de semestres anteriores, de ter meus resumos xerocados e dar a mesma nota pra maioria da turma.
Eu me sinto orgulhosa em ter compartilhado, gerado conhecimento, em não ter cobrado em nenhum momento sequer por isso (até porque eu venho de uma família simples e fui bolsista durante toda a minha vida), orgulho de ter plantado essa sementinha de que conhecimento é para ser compartilhado sim, e que isso não vai te atrapalhar, nem te prejudicar e nem fazer ninguém passar na sua frente.
Quero concluir dizendo que eu gostaria muito que acabasse esse sentimento de competição que rege o mundo. Pessoal, não tem que ser assim! Estamos aqui pra agregar e somar na vida uns dos outros. Infelizmente, tive um colega assim durante a faculdade toda e sabe o que acontecia? Quando era ele quem precisava, as pessoas se negavam, ele quase não tinha amigos e não, apesar de excelentes notas, ele não ganhou nenhum destaque.
Sejamos menos egoístas, mais humanos e empáticos. Hoje, você é procurado para ajudar alguém, amanhã pode ser você quem pedirá ajuda, mesmo que seja uma dúvida que só o professor ou alguém mais experiente na empresa poderá te responder. Conhecimento foi feito pra ser compartilhado e sim, gratuitamente sempre que for possível para que cada vez mais pessoas possam ter acesso a ele e assim repassar para outras e criarmos uma corrente que será capaz de romper fronteiras e mudar nossa realidade, que anda tão difícil.
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E então, como você anda compartilhando seus conhecimentos? Compartilhe comigo nos comentários, engenheiro (a)!
Comentários
Giovanna Teodoro
Engenheira Mecânica e Pós Graduanda em Gerenciamento de Projetos. Mineira curiosa que se divide entre a engenharia, a leitura, a escrita e a música. Não carrego certezas, mas sigo querendo aprender.