Arquitetura

Tragédia em Petrópolis: histórica enchente e os repetidos erros de planejamento urbano

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Por: Simone Tagliani | Em: | Atualizado: 4 meses atrás | 1 min de leitura

Imagem reproduzida de O Globo

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ATUALIZAÇÃO: Dia 21 de março de 2022, Petrópolis sofreu com fortes chuvas e existe a previsão para mais dias de chuva ainda nesta semana. Então, todos os eventos narrados a seguir podem lamentavelmente se repetir!


"Aqui trabalho melhor que no Rio apesar dos dois passeios que faço todos os dias.” - D. Pedro II, se referindo à Petrópolis.

Infelizmente, no último dia 15 de fevereiro de 2022, o Brasil assistiu, através das mídias, os relatos de pessoas que enfrentavam uma grave enchente na cidade histórica de Petrópolis, na Região Serrana do estado do Rio de Janeiro. O antigo local de refúgio da Família Imperial Brasileira amanheceu, no dia seguinte, apresentando um verdadeiro cenário de guerra, com morros despencados, carros pendurados em postes, muito entulho e sujeira. Triste demais ver o desespero de uma população que perdeu amigos e familiares, além dos muitos que ficaram sem os seus patrimônios. Certamente, o trabalho de reconstrução levará meses, embora algumas coisas jamais serão recuperadas.

enchentes - Petrópolis
Foto aérea de local de deslizamento em Petrópolis, registro feito em 16 de fevereiro de 2022 - Imagem reproduzida de UOL

Situação no Centro Histórico de Petrópolis

Por exemplo - claro que muito menos importante diante das perdas de vidas humanas -, pontos turísticos da cidade foram gravemente afetados, como a propriedade da Casa da Princesa Isabel, que teve até um muro tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico completamente afetado. Toda a área do Centro Histórico virou um grande lamaçal a céu aberto. Diversos casarões antigos tiveram seus subsolos inundados e por pouco a altura da água não atingiu os andares principais. A correria foi grande para salvar arquivos da memória da nossa nação!

Relatos desde os tempos do Imperador

Mas está enganado quem pensa que esse problema das enchentes em Petrópolis é novo. A única diferença da situação atual para os tempos do Imperador Dom Pedro II são as proporções do estrago. Desde a época dele, as pessoas já reclamavam das ações do poder público no enfrentamento desses desastres ambientais. Inclusive, parte da receita do monarca ia para o reflorestamento de áreas da cidade, visando evitar possíveis desmoronamentos. Só que na noite de ontem, ele, representado por sua estátua na esquina do Museu Imperial, na praça que leva justamente o seu nome, olhava com olhar triste e contemplativo para a destruição ao redor e até em direção ao Morro da Oficina, onde se encontravam a maior parte das vítimas.

“Ontem de noite houve grande enchente. Subiu três palmos acima da parte da Rua do Imperador do lado da Renânia; acordou o Câmara (sic), e um homem caiu no canal, devendo a vida a saber nadar e aos socorros que lhe prestaram. Conversei hoje com o engenheiro do distrito; pouco se fez do ano passado para cá. Os estragos que fez a enchente levaram 2 meses a reparar, segundo me disse o engenheiro. Falei-lhe sobre a vantagem de introduzir na colônia a cultura da amoreira e criação do bicho-da-seda." - trecho de diário de viagens de Dom Pedro II, datado de 5 de janeiro de 1862.

enchentes - Petrópolis
Imagem reproduzida de O Globo
enchentes - Petrópolis
Imagem reproduzida de Sou Petrópolis
enchentes - Petrópolis
Imagem reproduzida de A Tribuna RJ

Perspectivas para o futuro do Brasil

Portanto, há pelo menos mais de 150 anos Petrópolis sente a fúria das águas. Alguns alegam que as coisas pioraram ainda mais com as recentes alterações de planejamento urbano ou pela ocupação irregular de solo urbano. O fato é que cenas como essas, com carros e corpos flutuando, ninguém mais deseja assistir. Vivemos de promessas constantes de um futuro melhor para o país desde os tempos do Imperador. E, de lá para cá, as recomendações de nosso especialistas parece que nunca foram respeitadas e postas em prática.

Está na hora de todos nós nos unirmos para agir e pensar melhor as nossas cidades e áreas verdes do Brasil, para que tragédias como estas não voltem a se repetir. Ignorar e deixar de atuar nesses problemas é a economia mais burra que fazemos e que devemos evitar, já!


Fontes: História do Brasil em Instagram, Yahoo, Sou Petrópolis, O Globo.

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