É inegável que o conhecimento sobre o ambiente no qual uma indústria está inserida influencia diretamente no sucesso de sua estratégia de atuação e produção de um negócio. Afinal, todo esforço é válido para atingir as metas estabelecidas e alcançar maiores e melhores patamares, pois só sobrevivem as mais eficientes nesse mercado competitivo.
Mas como podemos entender esse ambiente? De que forma é possível determinar se os fatores são favoráveis ou prejudiciais à situação da indústria?
Os gestores e colaboradores na busca por essa resposta voltam as suas atenções para as relações de concorrência. Esse, contudo, é um erro recorrente que restringe a visão do gestor e deixa de levar em conta que a competição pelo lucro vai além da simples rivalidade entre concorrentes. Há outras quatro grandes forças envolvidas nessa disputa. Hoje vamos conhecer uma representação gráfica que ajudará a observar os outros integrantes dessa disputa: as 5 Forças de Porter.
Os integrantes que nos referimos são: clientes, fornecedores, potenciais entrantes e os produtos substitutos.
Quem inventou?
O criador dessa excelente ferramenta foi Michael Porter, que publicou na forma de artigo científico "As cinco forças competitivas que moldam a estratégia", em 1979, na Harvard Business Review. O objetivo principal era analisar a competição entre as empresas. Analisando essas cinco forças, a empresa pode elaborar estratégias para ganhos competitivos em relação aos seus concorrentes.
Porter mencionava que a estratégia competitiva de uma empresa deve aparecer a partir da abrangência das regras da concorrência que definem a atratividade de uma indústria. A figura abaixo nos mostra as 5 forças de Porter:
Agora vamos entender cada um dos itens dessa ferramenta:
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
LEIA MAIS
Ameaça de produtos substitutos
Quem nunca se perguntou se preferiria ir ao cinema ou assistir a um filme em casa? Ou qual carro escolher na hora da compra? No mercado, muitas vezes temos necessidades que podem ser satisfeitas por dois ou mais produtos diferentes. Essa incerteza e possibilidade de mudança gera o que chamamos ameaça de serviços/produtos substitutos.
Uma das empresas que podemos utilizar como exemplo é a Netflix. Ela simplesmente revolucionou o mercado de aluguel de filmes, passando a cobrar uma taxa fixa mensal para acesso ilimitado a sua galeria. Na prática, ela utilizou o modelo de negócios convencional, no qual pessoas (segmento de clientes) queriam ver filmes (proposta de valor) de forma mais fácil e prática (canais de distribuição) e inovou focando em um novo canal de distribuição para seus clientes, passando a oferecer o acesso a esse entretenimento de forma muito mais prática que, por exemplo, a tradicional Blockbuster.
Poder de barganha dos clientes
Imagine que sua indústria possui apenas um cliente. É intuitivo pensar que, se ele pedir um desconto, provavelmente você estará mais inclinado a ceder. Esse é o poder de barganha do consumidor. Resumindo, podemos dizer que é o poder que o cliente tem na negociação do valor de um produto. No fundo, consiste na relação do quanto o cliente depende da sua empresa e vice-versa.
Mesmo não sendo tão atual, podemos observar o exemplo da PSA Peugeot Citroën e da General Motors que, em 2012, formaram uma aliança que teve como consequência o aumento o valor percebido do produto e reduziu o número de opções que o consumidor tinha, diminuindo, assim, seu poder de barganha.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
Poder de barganha dos fornecedores
Utilizando o conceito mencionado anteriormente, podemos definir o poder de barganha dos fornecedores como a influência que esses têm na negociação do valor de um produto. E, novamente, a magnitude da força está ligada à relação de dependência entre a empresa e seu fornecedor.
Ameaça de novos integrantes no negócio
Essa força consiste, basicamente, no grau de dificuldade que novas empresas têm para penetrar em seu mercado. Está muito ligada à presença de barreiras e à receptividade das empresas já existentes. As barreiras são intuitivas de se pensar: simplesmente são fatores que defendem o mercado da entrada de novos concorrentes. Mas o que seria a receptividade das empresas já existentes? Esse aspecto pode ser resumido à seguinte pergunta: como as empresas já existentes vão tratar uma nova concorrente que tenta invadir o mercado? Muito provavelmente, as empresas vão tentar prejudicar a “novata”. A questão é: quanto? À medida que a repreensão aumenta, a ameaça das entrantes diminui.
Podemos citar como exemplo a Rolex, empresa suíça de relógios que construiu uma identidade associada ao poder muito forte no mercado de acessórios de luxo. Logo, mesmo com a chegada de novos entrantes, será difícil para a marca perder espaço.
Rivalidade entre concorrentes
Logicamente não poderíamos deixar para trás os concorrentes e a clássica disputa por clientes entre empresas de um mesmo segmento de mercado. A concorrência é a força mais fácil de se identificar, mas, em compensação, é provavelmente a mais difícil de se contornar. Inovar e deixar de oferecer sempre as mesmas coisas que seus concorrentes, sem dúvida, é um diferencial.
Aplicação
Uma das coisas mais bacanas dessa ferramenta é que ela pode ser aplicada em qualquer indústria, independentemente do seu ramo de atuação. Isso é possível porque está na essência de todos os negócios, que diariamente buscam entender as relações com clientes e fornecedores.
A análise das Cinco Forças de Porter tem grande relevância no planejamento de qualquer ação dentro de uma empresa, seja no desenvolvimento de um novo produto ou na decisão de atuar em um novo mercado. A indústria automobilística é um grande exemplo de negócio que utiliza essa ferramenta.
Esta análise permite aos gestores identificar possíveis ameaças e riscos inerentes ao negócio, ajudando-os a tomar decisões concretas e criar mecanismos de proteção às principais ameaças. Sendo assim, tenha as cinco forças de Porter como aliada (e garanta melhores resultados para suas próximas estratégias)!
Comentários
Kaíque Moura
Engenheiro de Produção; formado pelo Centro Universitário Santo Agostinho (UNIFSA); Pós-Graduando em Empreendedorismo e Inovação (IFPI); MBA em Management (iCEV); Técnico em Metrologia (IFRJ); Técnico em Serviços Jurídicos (IFPI) e Técnico em Mecânica (IFPI); profissional qualificado nas áreas de Gestão, Manutenção, Metrologia e Produção.