A barragem da Usina Hidrelétrica de Nova Kakhovka, na Ucrânia, foi destaque nos noticiários neste começo de junho de 2023. Infelizmente, ela sofreu um sério ataque por conta do conflito entre o país e a Rússia. Centenas de quilômetros quadrados de área acabaram inundados, matando pessoas e animais, e também aferando o controle da Usina Nuclear de Zaporizhzhia, a maior usina nuclear da Europa. O Engenharia 360 traz mais informações no texto a seguir!
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A história da barragem de Kakhovka
A barragem de Kakhovka, situada em Kherson, no sul da Ucrânia, foi construída entre 1950 e 1956 como parte de um ambicioso projeto de desenvolvimento hidrelétrico durante a era soviética. A sua estrutura de engenharia pertencente à Usina Hidrelétrica de Nova Kakhovka e consiste em uma extensa barragem de concreto, com aproximadamente 64 metros de altura e 13 quilômetros de comprimento. Ela abriga um reservatório de água e conta com comportas e turbinas hidrelétricas que aproveitam o fluxo do rio local.
Resumindo, tanto a barragem de Kakhovka quanto a Usina Hidrelétrica de Nova Kakhovka estão localizadas no rio Dnieper e estão interligadas como parte do mesmo complexo hidrelétrico, fornecendo a água necessária para a usina gerar energia elétrica, para indústrias, comunidades e outras áreas.
A Usina Hidrelétrica de Nova Kakhovka utiliza a água represada na barragem para gerar eletricidade. Ela tem uma capacidade instalada de aproximadamente 900 megawatts. Mas além das turbinas hidrelétricas da barragem transformarem o fluxo de água em eletricidade, a própria barragem em si tem um importante papel na regulação do fluxo de água do rio Dnieper, contribuindo para o controle de inundações. Pelo menos era assim até os ataques deste mês!
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O ocorrido na barragem de Kakhovka
A barragem de Kakhovka foi destruída recentemente por explosivos colocados, acredite ou não, dentro das turbinas da represa. O rompimento da barragem resultou no alagamento de uma área de aproximadamente 600 km² e causou a morte de cinco pessoas. Milhares de pessoas foram obrigadas a deixar suas casas devido ao ocorrido.
Nem precisa dizer que o impacto na população ucraniana foi significativo. A destruição da barragem afetou o abastecimento de água na região, deixando milhares de pessoas sem acesso a água potável.
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Alerta nuclear
O incidente na barragem pode ter consequências ainda para a Europa e a Ásia devido à possível interrupção do funcionamento da Usina Nuclear de Zaporizhzhia, a maior usina nuclear da Europa, localizada nas proximidades. Simplesmente a explosão na barragem ameaça o abastecimento de água necessário para o resfriamento dos reatores e pode afetar o fornecimento de água no norte da Crimeia.
Enfim, com a destruição da barragem, a disponibilidade de água para a usina é afetada, o que pode ter consequências negativas em sua operação. Até o momento, as autoridades afirmam que a situação é controlável, mas é importante acompanhar de perto o desenvolvimento da situação.
O resfriamento dos reatores de usinas nucleares é crucial devido à necessidade de controlar a temperatura e evitar o superaquecimento. Explicando melhor, os reatores nucleares geram calor intenso durante a fissão nuclear, e se esse calor não for removido de forma eficiente, pode ocorrer o derretimento do núcleo do reator, resultando em um acidente grave e liberação de material radioativo.
Por outro lado, o resfriamento adequado permite manter o reator em uma condição segura e estável, garantindo a integridade do núcleo e evitando o risco de vazamentos radioativos. Para isso, sistemas de resfriamento são projetados para remover o excesso de calor do reator e dissipá-lo para o ambiente, seja por meio de água ou outros fluidos refrigerantes.
Como a engenharia pode ajudar a Ucrânia nessa situação?
A engenharia pode desempenhar um papel crucial na resolução dos problemas enfrentados pela Ucrânia relacionados à Usina Nuclear de Zaporizhzhia e à Usina Hidrelétrica de Nova Kakhovka. Aqui estão algumas maneiras pelas quais a engenharia pode ajudar:
Reparo e reconstrução da barragem
Engenheiros podem ser envolvidos no processo de avaliação dos danos causados à barragem de Kakhovka e na elaboração de planos para sua reparação e reconstrução. Isso envolveria a aplicação de conhecimentos técnicos e habilidades de engenharia civil para restaurar a estrutura da barragem e garantir sua segurança.
Restauração do abastecimento de água
Engenheiros podem ajudar a restabelecer o abastecimento de água potável nas áreas afetadas pelo rompimento da barragem. Isso pode envolver a criação de sistemas temporários de fornecimento de água, a reparação das redes de distribuição de água danificadas e a implementação de soluções de tratamento de água para garantir a qualidade e segurança do abastecimento.
Segurança da Usina Nuclear de Zaporizhzhia
Engenheiros especializados em energia nuclear podem trabalhar para garantir que a usina continue operando de forma segura, apesar da destruição da barragem. Eles podem desenvolver estratégias alternativas para o resfriamento dos reatores, como a utilização de fontes de água alternativas, sistemas de refrigeração auxiliares ou até mesmo o desenvolvimento de tecnologias avançadas de resfriamento.
Prevenção de futuros ataques
Engenheiros de segurança podem ser envolvidos na identificação e mitigação de vulnerabilidades em infraestruturas críticas, como barragens e usinas nucleares. Eles podem trabalhar para fortalecer a segurança dessas instalações, implementando sistemas de monitoramento avançados, sistemas de detecção de intrusão e protocolos de segurança mais robustos.
Atualização: as informações divulgadas na imprensa nos últimos dias indicam que o ataque à barragem foi planejado em uma área controlada pela Rússia. A Ucrânia alega ter interceptado uma ligação telefônica em que a Rússia confessa a autoria da explosão. No entanto, a Rússia nega as acusações e atribui a responsabilidade à Ucrânia, afirmando que a barragem foi destruída por ataques de artilharia ucranianos.
A destruição da barragem de Kakhovka resultou em um cenário de acusações mútuas entre Ucrânia e Rússia, aumentando ainda mais as tensões entre os dois países.
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