Engenharia 360

Robôs que admitem erros melhoram interações das pessoas

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por Kamila Jessie
| 12/03/2020 3 min

Robôs que admitem erros melhoram interações das pessoas

por Kamila Jessie | 12/03/2020
Engenharia 360

Ouvimos muito sobre como o comportamento social de robôs
pode afetar a confiança das pessoas e suas impressões nas interações
humano-robô. No entanto, quando o contexto muda para interações dentro de um
grupo mais complexo, a influência do robô no comportamento da equipe não é tão compreendida.
Nesse sentido, um estudo determinou que robôs que assumem seus erros alteram
positivamente a dinâmica de conversação entre humanos.

Robô com tablet acoplado. Foto: Owen Beard via Unsplash.
Foto: Owen Beard via Unsplash.

Errar é humano, mas não exclusivamente

Imagine esse cenário: três pessoas e um robô formam uma
equipe para um jogo. O robô comete um erro, custando à equipe uma rodada. Como
qualquer bom companheiro de equipe, ele reconhece o erro. "Desculpe,
pessoal, eu cometi o erro nesta rodada. Eu sei que pode ser difícil de
acreditar, mas os robôs também cometem erros."

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Essa situação se repetiu várias vezes durante um estudo
conduzido pela universidade Yale sobre os efeitos do comportamento dos robôs
nas interações entre seres humanos. Sim. O que foi monitorado foi o
relacionamento interpessoal, não o humano-máquina.

Os pesquisadores realizaram um experimento no qual 153 pessoas foram divididas em 51 grupos compostos por três humanos e um robô. Cada grupo participou de um jogo em um tablet, em que os membros de cada equipe trabalharam juntos para construir as rotas ferroviárias mais eficientes ao longo de 30 rodadas.

Os grupos foram designados para uma dessas três condições caracterizadas por diferentes tipos de comportamento do robô: no final de cada rodada, os robôs permaneceram calados; proferiram uma declaração neutra relacionada à tarefa (como a pontuação ou o número de rodadas concluídas), ou; expressaram vulnerabilidade por meio de uma piada, “história pessoal” ou por reconhecerem um erro. Todos os robôs ocasionalmente perdiam uma rodada.

Dinâmica certa quando os robôs erram

Os resultados do estudo evidenciaram que as pessoas em times que incluíram um robô que não tinha nenhum problema em expressar sua vulnerabilidade se comunicavam mais. Além disso, depois do experimento, esses indivíduos humanos relataram ter vivenciado uma experiência de grupo mais positiva do que as pessoas que participaram do jogo com robôs silenciosos, ou, no outro caso, robôs que faziam declarações neutras, tais como recitar a pontuação do jogo. Esta última opção, no cenário perdedor, sem dúvida deve causar certa irritabilidade.

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Uma curiosidade é que o trabalho publicado teve como
primeira autora uma doutoranda em nada menos do que Sociologia. O nome dela é Margaret
L. Traeger e ela simboliza como as ciências humanas e exatas podem se conectar,
inclusive no campo da robótica.

"Sabemos que os robôs podem influenciar o comportamento dos humanos com quem interagem diretamente, mas como os robôs afetam a maneira como os humanos se envolvem é menos compreendido", disse Margaret L. Traeger. A confirmação da existência desse efeito sobre as relações entre as pessoas foi justamente o que o experimento evidenciou.

Criança em Osaka interagindo com um robô. Foto:  Andy Kelly via Unsplash.
Foto: Andy Kelly via Unsplash.

Tudo isso leva a gente a refletir sobre o fato de que robôs
sociais estarem se tornando cada vez mais predominantes na sociedade humana tem
consequências. A análise baseada nesse experimento mostra que o comportamento
social de um robô influencia a dinâmica de conversação entre membros humanos do
grupo humano-robô, demonstrando a capacidade de um robô de moldar significativamente
a interação humano-humano, e a gente nem precisa chegar na era dos overlords.

Leia também: Pessoas confiam mais em robôs quando eles dizem o que fazem.

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Fonte: PNAS.

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Kamila Jessie

Doutora em Hidráulica e Saneamento pela Universidade de São Paulo (EESC/USP) e Mestre em Ciências pela mesma instituição; é formada em Engenharia Ambiental e Sanitária pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) com período sanduíche na University of Ottawa, no Canadá; possui experiência em tratamentos físico-químicos de água e efluentes; atualmente, integra o Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF) do Instituto de Física de São Carlos (USP), onde realiza estágio pós-doutoral no Biophotonics Lab.

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