Tanto clientes quanto profissionais estão sempre em dúvida em relação às atribuições exatas da Engenharia Civil, da Arquitetura & Urbanismo e de outras áreas profissionais voltadas à elaboração de projetos. Somente aqui, no Engenharia 360, já foram analisados alguns casos bem polêmicos, envolvendo leis, normas e resoluções que tentam definir os limites entres atividades privativas e compartilhadas de cada um. Mesmo assim, algumas questões ressurgem a toda hora, principalmente para aqueles que estão recém começando uma das graduações.

Mas, afinal, será que Engenheiros Civis podem elaborar ou participar da elaboração de projetos de interiores?
Antes de responder isso é preciso entender, exatamente, qual a definição dessa técnica. O que é realmente um Projeto de Interiores? Quais os profissionais que trabalham nesse setor? Quais são seus limites teóricos e práticos? E se o exercício de um pode substituir o de outro?
Confira: Engenharia Civil – O que é e para que serve?
Profissional em Interiores
Existem pessoas que são autodidatas, que aprendem certas funções por conta própria, sem realizar um curso técnico ou uma faculdade. Porém, suas atribuições serão sempre muito restritas. Esse é o caso dos Decoradores de Interiores. Eles até podem desenvolver muitas habilidades, mas não têm permissão legal para reformar qualquer edificação e intervir em elementos estruturais.
Profissionais assim, geralmente, trabalham em lojas de objetos decorativos. Eles se restringem a fornecer opinião sobre a escolha de cores de tintas, estilos de móveis e acessórios, como cortinas, almofadas, tapetes e luminárias. Caso o cliente tenha o desejo de realizar uma modificação física em seu ambiente, o profissional de interiores deve encaminhá-lo a um engenheiro civil ou arquiteto.
LEIA MAIS

Desenhando ambientes
A Lei Federal número 13.369, de 2016, vem ajudando os designers de interiores a garantirem o exercício de sua profissão. Já existem, no Brasil, centenas de cursos profissionais, técnicos e faculdades com esse título. Diferente da Arquitetura, mas grande parceiro dos arquitetos, o designer pode elaborar certos projetos complementares. Seus desenhos são mais simples, suas atribuições também são restritivas, mas sua análise do espaço é bem importante.
O designer de interiores avaliará o layout do ambiente, considerando questões como a acústica e a iluminação dos espaços, os materiais disponíveis, como revestimentos de pisos e forros, além dos gostos e necessidades dos clientes. Esse profissional só não poderá planejar alterações de paredes, aberturas e infraestruturas. Mas quando se trata do mobiliário, é ele quem avaliará melhor a organização espacial, a combinação dos elementos decorativos e todos os aspectos de ergonomia, podendo criar, inclusive, peças totalmente exclusivas.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO

O arquiteto
Arquitetos devem desenvolver Projetos de Arquitetura de Interiores. Essa atribuição está descrita como sendo exclusiva da profissão, de acordo com a Resolução 51 do CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - atribuída pela Lei Federal Nº 12.378 de 2010. Nela diz-se que, Projetos de Interiores, Projetos de Reforma de Interiores e Projeto de Mobiliário só poderiam ser realizados por arquitetos. Isso porque esse profissional possui embasamento artístico e técnico, tão necessários para ter uma visão mais abrangente do espaço e, assim, criar boas propostas.
Na arquitetura de interiores se estuda todas as normas envolvendo os fatores de acessibilidade, ergonomia, luminotécnica, termos acústicos e outros, além das questões de supervisão e execução de obras. Não importa se os ambientes são residenciais, comerciais ou corporativos, o arquiteto sabe entender as necessidades do espaço e seus usuários, todas as possíveis disposições para os móveis, todas as combinações de materiais e técnicas construtivas, todas as formas de transformar e construir ambientes, de iluminá-los, ventila-los, integrá-los com o exterior, com o todo edificado e além.

Engenheiros nos interiores
As atribuições do engenheiro civil diferem das dos decoradores e designers de interiores. Assim como o arquiteto, ele também acompanha todas as fases de construção e reforma, mas esse profissional irá se dedicar mais exclusivamente ao aprimoramento do processo estrutural da edificação, como também da sua compatibilidade com projetos de outros profissionais, como dos engenheiros eletricistas. Essas etapas vêm após o planejamento arquitetônico e bem antes da decoração. Todas são importantes, mas desenvolvem-se em momentos diferentes.

Concluindo essa questão, os engenheiros civis já têm o seu papel definido na criação de ambientes. Porém, não serão eles os responsáveis pelos projetos de interiores.
Há muitos pré-requisitos para que um ambiente possa ser habitado por um ser humano, como uma organização espacial adequada, uma boa estética, funcionalidade, ordenamento dos componentes, economia de materiais, equilíbrio visual e outros. Seria demais para um profissional cuidar de tudo. Por isso essa divisão de atribuições, como descrito logo acima. Há espaço para todos no mercado de trabalho, basta que se conheça e que se respeite os limites.
Veja Também:
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
- Resolução Nº51 e a polêmica entre arquitetos e engenheiros
- Estudante de engenharia pode atuar como técnico de edificações?
- Resolução N°21 reacende a polêmica entre arquitetos, engenheiros civis e eletricistas
Fontes: Normas Legais, Casa Dicas.
Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com [email protected] para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.
Comentários

Simone Tagliani
Graduada em Arquitetura & Urbanismo e Letras; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital e Gestão de Projetos; estudante de Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.