Engenharia 360

Detroit: como a cidade se tornou referência em mobilidade urbana

Engenharia 360
por Matheus Martins
| 10/02/2020 | Atualizado em 12/05/2022 5 min

Detroit: como a cidade se tornou referência em mobilidade urbana

por Matheus Martins | 10/02/2020 | Atualizado em 12/05/2022
Engenharia 360

Detroit é considerada uma das maiores cidades dos Estados Unidos. O fato de ser uma metrópole leva também à um problema recorrente em grandes centros urbanos: a mobilidade urbana.

Visão de cima da cidade de Detroit
Imagem: reddit.com

Uma peculiaridade é que a cidade é chamada de Motor City, por concentrar a sede e instalações importantes de várias indústrias automobilísticas, tais como: Ford, Fiat, Nissan, General Motors e outras.

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A cidade de Detroit foi listada em 2018 pelo Inrix, um grupo de pesquisa de transporte, dentro dos 7% superior num ranking de congestionamento de trânsito em pesquisa com quase 300 cidades estadunidenses. Isso significa um tempo médio de 35 horas por ano em um engarrafamento por motorista. Este cenário, comparando-se com cidades mais lotadas como Nova York, Chicago e Boston, é devido a uma falta de transporte público eficiente e confiável.

No entanto, Detroit atualmente é referência mundial em mobilidade urbana. Mas como isso foi possível para uma cidade com um diagnóstico tão ruim estabelecido recentemente. Vamos entender essa trajetória.

Crise no século XX

No século XX houve um abandono em massa do sistema de
transporte público. O abandono ocorreu pela presença gigantesca das montadoras pioneiras
(GM, Ford e Fiat) em Detroit, que fez chover automóveis na época.

Vista de uma rua com engarrafamento no trânsito no século XX.
Imagem: atdetroit.net

Dessa forma, Detroit ficou conhecida como Motor City, devido
a grande presença da indústria automobilística.

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No entanto, nos anos 60 houve um abandono do centro urbano
na cidade. As indústria automobilística se concentrou na área metropolitana,
mas não na cidade. Outro fator dominante foi um evento ligado à questão racial,
o white fly, que foi a saída em massa dos brancos para os subúrbios.

Vista de uma rua com prédios abandonados nas laterais.
Edifícios abandonados em Detroit. Imagem: thrillist.com

Esta situação foi agravada por uma crise financeira, que
levou a cidade a ter diversas estações de transporte público e outros edifícios
abandonados.

Contudo, houveram iniciativas para a recuperação desses
patrimônios e a população buscou se adaptar ao novo momento.

A transformação no século XXI

A transformação da realidade da cidade de Detroit veio com o tempo e contou com diversas iniciativas. Na crise econômica de 2008, a cidade sentiu muito e foi como chegar ao fundo do poço. Desde então, o momento de transformação veio à tona.

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As montadoras passaram a pensar e querer mudar a forma de locomoção, de modo que se convertam em empresas que fornecem serviços de mobilidade e modalidades de transporte futurista, além de fabricar veículos.

Então houve sinais de compromisso dessas empresas, como a Ford, por exemplo, ao adquirir a Estação Central de Michigan, abandonada há anos, transformando o local até 2022 para desenvolvimento de tecnologia autônoma, veículos elétricos e conectividade entre automóveis.

Vista aérea da cidade de Detroit com muitos edifícios altos.
Imagem: detroit.curbed.com

Outras iniciativas de recuperação da cidade veio de investidores amantes da cidade, como é o caso de Dan Gilbert. Dono de um banco de crédito imobiliário, bilionário, detroiter e dono do Cleveland Cavaliers, equipe de basquete da NBA, Gilbert adquiriu mais de 90 propriedades em Detroit, que totalizam 15 milhões de metros quadrados à serem revitalizados. A promessa é de gerar 24 mil postos de trabalho (15 mil durante as obras e 9 mil durante o uso).

O movimento abraçado pela cidade de revitalização da cidade passou não só pelas edificações, mas também pelas ruas e, especialmente, pela mobilidade urbana.

A mobilidade urbana de Detroit

Mapa da cidade de Detroit com os modais de transportes e legenda no canto superior direito.
Mapa com os modais de transporte urbano. Imagem: estadao.com.br

A revolução da mobilidade urbana de Detroit passou principalmente pelos meios de transportes que foram disponibilizados por toda a cidade, que visou interligar os subúrbios, as periferias e o centro.

Os meios de transportes disponíveis hoje são variados como: os ônibus, o monotrilho e o People Mover (sistema automatizado de trilho elevado). Isto sem falar nas ciclovias que tomaram conta da cidade.

Vista de transporte público em trilho suspenso.
Imagem: midwestliving.com

Nos últimos anos foram construídos 272 km de ciclovias, além
de bicicletários em pontos estratégicos da cidade como terminais de ônibus,
possibilitando a conectividade entre o modal cicloviário com os demais. O
resultado disso foi que, entre 2000 e 2014 o uso de bikes em Detroit cresceu
403,2%.

A prática do ciclismo se tornou tão forte que, desde 2010, semanalmente,
durante a noite de segunda-feira, diversos ciclistas se reúnem para dar uma
pedalada conjunta pela cidade. O evento foi tão aderido pela população, que já
chegou a reunir 4.000 ciclistas num único dia.

Ciclistas pedalando em uma ciclovia.
Imagem: mobikers.com.br

Houve também a chegada dos aplicativos de celular que foi
bem aceito pelos moradores e turistas. É o caso do aluguel de scooters
elétricas e o May Mobility (micro-ônibus autônomo).

Conclusão

Para que fosse possível a cidade construir um sistema de mobilidade
urbana inteligente, foi preciso que ocorresse um trabalho conjunto de toda a sociedade.
Desde o setor privado ao setor público, até os cidadãos que são usuários dos
meios de locomoção.

As pessoas se deslocam por diferente regiões diariamente e é
preciso proporcionar esse translado sem dificuldades. Isto só é possível com
infraestrutura e mobilidade urbana planejada, de forma que o fluxo de trânsito se
dê de maneira harmoniosa.

Vista do cruzamento entre ruas de Detroit em período noturno.
Imagem: snowman-wallpapers.com

É importante existir este planejamento para que as cidades cresçam de maneira sustentável, no curto e no longo prazo, principalmente.

Detroit ainda tem os automóveis como o rei e senhor da região, todavia, as pessoas foram determinadas para que Motor City fosse melhor em sua mobilidade urbana e houve a gestão disso, de forma inclusiva com o desenvolvimento da cidade. Por isso é um caso de sucesso.

Fontes: UOL, Estadão, MoBiker, SãoPauloSâo.

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Matheus Alves Martins

Engenheiro civil; formado pelo Centro Universitário da Grande Dourados; possui especialização em Gestão de Projetos; e é mestre em Ciência dos Materiais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul; é entusiasta da gestão, da qualidade e da inovação na indústria da construção; fã de tecnologias e eterno estudante de Engenharia.

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