Na prática da Engenharia Civil, projetos mal planejados frequentemente resultam em grandes problemas durante a construção. Isso gera custos extras, aditivos contratuais e muitos outros imprevistos que afetam a qualidade de um empreendimento. Com a adoção do BIM (Building Information Modeling), essas dores de cabeça podem ser reduzidas drasticamente.
Neste artigo do Engenharia 360, vamos explorar a Curva de MacLeamy, um conceito essencial para quem trabalha com BIM. Entenda como esse gráfico ajuda a otimizar projetos na construção civil!
O que é a Curva de MacLeamy?
A Curva de MacLeamy é um gráfico amplamente utilizado no setor, especialmente em pesquisas acadêmicas e práticas profissionais com BIM. Esse gráfico exibe quatro curvas, cada uma representando diferentes variáveis ao longo das fases de projeto, construção e operação de um empreendimento. Vamos ver como cada curva pode impactar o sucesso de um projeto.
Curva 1 - Impacto no custo e desempenho
Essa curva representa uma ideia muito simples: investir tempo e esforço nas fases iniciais de projeto - etapa Preliminar e de Detalhamento -, que impactam positivamente nos custos de construção do empreendimento em questão. Em teoria, parece óbvio, mas não é!
Há inúmeras situações que ainda ocorrem no mercado da construção em que os projetos preliminares são carentes de detalhes ou deixam para ser melhor detalhados na fase da elaboração da documentação e por vezes até durante a construção. Nessas fases mais avançadas, as mudanças e otimizações já são mais difíceis de serem implementadas, dado que as empresas contratadas já estão mobilizadas, por exemplo. Aditivos contratuais são uma prática recorrente, muito devido a esse fato: de não se empenhar energia nas fases iniciais!
Nossa primeira dica é: dedique tempo e esforço para fazer um projeto bem feito, otimizado e bem pensado nas fases iniciais!
Curva 2 - Custo de mudanças no projeto
É quase uma afirmação da Curva 1! Basicamente, ela expõe outra ideia que deveria ser óbvia: mudar o projeto nas fases iniciais é muito mais barato que mudar nas fases avançadas!
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Esse fato decorre da liberdade que se tem em termos de análise de alternativas nas fases iniciais, particularmente nos casos em que a metodologia BIM é empregada, dada a facilidade de se conceber um Modelo 3D e pensar nos desafios que serão encontrados ao longo do processo de execução da obra.
Alterar projeto nas fases subsequentes implica em custos cada vez maiores. Mas se você é um construtor ou um "stakeholder" isso evidentemente não é desejado, pois impacta diretamente nos seus lucros gastar com aquilo que você não estava prevendo!
A dica aqui é: empenhe esforços em analisar alternativas e fazer as alterações necessárias nas fases iniciais do projeto!
Curva 3 - Fluxo de trabalho convencional
Observa-se nessa curva que o esforço vai crescendo conforme se avança nas etapas de projeto, havendo um ponto de máximo durante a fase de emissão da documentação de projeto. Esta etapa estaria ligada à apresentação de plantas, cortes, cronogramas, listas de materiais para cotações, e mais!
Posteriormente, a curva decresce durante a execução da obra e operação. E o que isso significa? Simples: que não foram empreendidos esforços suficientes nas fases de projeto preliminar e não foram aproveitadas as vantagens de se poder impactar custos e performance - Curva 1 - e que mudanças no projeto já são mais caras que nas fases iniciais - Curva 2.
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Fique atento! Uma grande parcela do mercado ainda trabalha nesses moldes. Mas há uma parcela mais atenta e que não gosta de gastar dinheiro à toa que vem buscando trabalhar nos moldes da Curva 4!
Curva 4 - Fluxo de trabalho BIM
Um fluxo de trabalho BIM, dentro das metodologias disponíveis, é aquele que maximiza as vantagens de se investir tempo e esforço nas fases iniciais do projeto. Isso ocorre por diversos fatores e vantagens. E o mais importante, numa fase onde mudar projeto é mais barato e empenhando energia e esforços nas fases iniciais!
São alguns fatores e vantagens das metodologias de fluxo de trabalho BIM:
- Possibilidade de visualização em 3D do empreendimento, trazendo compreensão e entendimento a todos os envolvidos no processo.
- Economia de tempo no processamento de revisões e atualizações, decorrente do processo de parametrização.
- Simulação das etapas construtivas (BIM 4D) e identificação de possíveis problemas nas fases iniciais, evitando "surpresas" desagradáveis na fase de obra.
- Orçamentação e extração de quantitativos (BIM 5D), com um grau de confiabilidade tão alto quanto se deseje.
- Simulações energéticas e análises de consumo (BIM 6D).
- Gestão e manutenção do empreendimento (BIM 7D).
Com um modelo BIM bem estruturado, a extração de documentação se torna prática e as informações são úteis tanto para a construção quanto para a operação do empreendimento.
Um projeto bem feito com BIM não apenas economiza tempo e dinheiro, mas também minimiza riscos durante a execução. As empresas que já adotaram essa metodologia estão à frente, enquanto as que ainda não perceberam as vantagens acabam perdendo competitividade. E você, já aplica o BIM em seus projetos? Compartilhe sua experiência nos comentários!
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Fonte: Livro Manual de BIM.
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Comentários
Cristiano Oliveira da Silva
Engenheiro Civil; formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo; com conhecimentos em 'BIM Manager at OEC'; promove palestras com foco em Capacitação e Disseminação de BIM / Soft Skills.