Certamente não podemos prever como será o fim da pandemia; muitas coisas ainda nós precisamos viver e aprender. Especialistas dizem que pode levar anos para que se possa tentar voltar à normalidade; que talvez o normal como conhecemos nunca mais retorne. É que os últimos meses nos levaram a perceber o mundo e um modo diferente. Os desafios impostos acabaram escancarando os problemas mais graves da nossa sociedade, sobretudo de urbanismo - já que tivemos que adotar o distanciamento social em nossa rotina.
É provável que, passado este período obscuro, muitas mudanças ocorram no planejamento as cidades. De fato, o Brasil nunca precisou tanto de um Estado que realmente se importe com as políticas públicas, concretizando projetos e seguindo as regras de maneira rigorosa e profunda!
Não podemos olhar para os problemas do mesmo modo. Devemos ir à busca do que é o melhor para todos, destacando tudo que de mais positivo podemos fazer. Só assim poderemos sair deste caos no qual nos encontramos hoje.
A Covid-19 infelizmente ceifou a história de muitas pessoas. Ela levou entes queridos, mas também veio para nos ensinar. Ou seja, este é o tempo de aprender e de mudar! Temos a oportunidade agora de criar uma realidade diferente para as próximas gerações. Só que isto será apenas possível se, de fato, quisermos. Precisamos colocar toda a nossa força a favor desta mudança, cada um na sua área fazendo o que pode de melhor! Neste texto, vamos analisar quais as lições tiradas desta pandemia no setor de planejamento de urbanismo.
O papel do Arquiteto Urbanista neste novo cenário mundial
Devemos aceitar o fato de que o Brasil vive hoje uma situação de caos urbano. Nosso Estado possui muitas deficiências, sendo a pior delas a de desigualdade social. Lamentavelmente, muitas áreas habitadas ainda não são contempladas com os serviços mais básicos – como água e energia elétrica. As zonas mais nobres recebem toda a atenção, enquanto as mais pobres quase sempre são deixadas de lado pelos gestores. E mesmo estas, quando são atendidas, acabam provocando sobre os moradores um processo de gentrificação - alteração da dinâmica local.
O Arquiteto Urbanista
Muitos se perguntam sobre de quem é a responsabilidade sobre o que está acontecendo. Bem, existe um profissional que deveria planejar as cidades, incluindo a sua expansão, criação de corredores comerciais, de áreas verdes e mais, que é o Arquiteto Urbanista. Este profissional está habilitado para a tarefa. Porém, por incrível que pareça, ele quase nunca aparece na lista de contratação de prefeituras ou em editais de concursos públicos. No fim das contas, quase todas as decisões mais sérias são tomadas por políticos com interesses financeiros. E o resultado disso está aí para quem quiser ver.
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Mas aqueles arquitetos que têm a chance de se envolver com estes projetos urbanos, mesmo que indiretamente, devem pensar sobre o peso de sua contribuição. Afinal, qual a marca que quer deixar para a sociedade? O profissional não pode olhar para as coisas no presente. Ele deve se virar para o passado, resgatando boas técnicas já desenvolvidas - incluindo para urbanismo -, e também para o futuro, tentando simular algumas hipóteses para cada decisão de projeto que tomar. Por fim, ele precisará ir atrás de soluções que deixem boas marcas com o passar dos anos.
A ideia não é o urbanista resolver sozinho todos os problemas sociais. Claro que ele precisará de ajuda. Sua obrigação é olhar para o todo de um modo geral. Mas, na etapa de detalhamento dos planos para as cidades, será necessário que ele se junte a outros profissionais, agregando conhecimentos, experiências e habilidades. Afinal, uma cidade não é composta apenas de estruturas de edificações, mas de vias públicas, redes de abastecimento de recursos, plantas e mobiliário urbano. E todas estas coisas devem servir bem a todos da sociedade, com equidade.
O que deve mudar no urbanismo brasileiro em caráter emergencial
São tantas coisas que precisam mudar no urbanismo brasileiro que seria impossível citar tudo neste texto. Com certeza absoluta, precisaríamos passar por uma reforma urbana completa!
É inaceitável que já na segunda década do século XXI ainda tenhamos soluções e projetos não sustentáveis. Também áreas loteadas sem saneamento básico; construções que não atenda os pré-requisitos de acessibilidade; congestionamento; poluição; bolsões de calor; corte desnecessário de árvores; ocupações irregulares; e mais. E como se resolve isto? Com planejamento sério!
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Redes sociais
Óbvio que não se pode resolver tudo no papel e que nem tudo que é colocado em papel é aceito tão facilmente pela sociedade. Uma coisa que a pandemia tem nos ensinado é que precisamos lutar em todas as frentes. Primeiro, votando em pessoas que realmente queiram trabalhar pelo país da forma mais correta e honesta possível. Sobretudo, apoiar pessoas que pensam não apenas no bem do empresariado, mas nos trabalhadores e na natureza. Depois, apoiar causas que defendam os nossos direitos, seja por meio de abaixo-assinados, campanhas, trabalhos voluntários, e mais. E, por fim, se comprometer em usar as Novas Mídias, como as redes sociais, para compartilhar informações verdadeiras que possam inspirar boas ações nas outras pessoas!
Preservação Natureza
Precisamos de cidades que tenham mais áreas verdes, visando a renovação do ar, a diminuição das temperaturas e a preservação da biodiversidade dentro das áreas urbanas. Precisamos de cidades com mais áreas que estimulem as atividades ao ar livre e melhores sistemas de captação e tratamento de água e esgoto - o que ajudaria muito na saúde pública. E precisamos de cidades com mais perimetrais, corredores e bons ônibus, ciclovias e alternativas que tornem o trânsito mais fluido e adequadamente veloz, permitindo um tecido urbano mais funcional.
As novas tecnologias e o compromisso com o meio ambiente
Por sorte, hoje temos muitas tecnologias avançadas a nossa disposição. Isto inclui computadores, softwares, satélites, câmeras e drones. Mas estas coisas não trabalham sozinhas, precisando ainda do conhecimento dos profissionais para resolverem questões. Por isto é importante que ainda sejam ministrados muitos cursos de capacitação, assim como aulas técnicas, de graduação e especialização em diversas áreas. Arquitetura e Urbanismo não é algo que possa ser aprendida de forma remota e dentro de casa.
Apesar de termos tido um avanço do ensino EAD neste último ano, passada a pandemia precisamos retomar com as atividades em campo, com análise de dados e aulas em sala de aula, com consulta de materiais e debate entre alunos e professores.
Arquitetura Verde
Com todo o horror contra a natureza que o Brasil tem testemunhado nos últimos anos, certamente o trabalho dos urbanistas precisa focar mais na preservação do meio ambiente. Devemos assumir um papel de maior compromisso com a natureza. Não basta apenas pedir para que as pessoas mudem seus hábitos para salvar as florestas, oceanos e animais. É preciso colocar em prática soluções mais ecológicas. Isto vai desde a adoção de novos materiais, como madeira de reflorestamento e concreto verde, à criação de estruturas mais sustentáveis, sistemas que funcionem com base em energias renováveis e muito mais.
Veja também: Um pouco de verde sobre o cinza
Novos modelos
Pós pandemia, precisamos também adotar mais as tecnologias para facilitar serviços que já foram desenvolvidos ou aprimorados durante os últimos meses. É o caso dos programas que ajudam a identificar rotas e a quantidade de passageiros dentro de coletivos urbanos ou em espaços de convívio social. E, ainda, os aplicativos que ajudam a conectar clientes e empresas, principalmente de logística.
Aliás, o urbanismo brasileiro deve avaliar melhor a questão das rotas e paradas de ônibus e caminhões de diferentes portes dentro das cidades. E também os arquitetos devem pensar como serão os novos modelos edificações de comércios e escritórios depois deste período. Será que a população ainda apreciará shoppings, por exemplo? A maioria vai continuar trabalhando em casa? Ficam estas questões!
Quais você acha que serão as mudanças na arquitetura e no urbanismo pós pandemia? Comente!
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Fontes: Instituto de Engenharia, Unifor, Uninter, SEESP, Diário do Comércio.
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.