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O que é pau a pique e como esse método de construção é utilizado na modernidade?

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por Simone Tagliani
| 18/08/2023 | Atualizado em 11/07/2024 5 min
Imagem de Imagem reproduzida de Portoquá, via Wikipédia

O que é pau a pique e como esse método de construção é utilizado na modernidade?

por Simone Tagliani | 18/08/2023 | Atualizado em 11/07/2024
Imagem de Imagem reproduzida de Portoquá, via Wikipédia
Engenharia 360

A técnica construtiva de pau a pique é um método antigo que utiliza terra crua como o principal componente, em conjunto com outros elementos para criar uma trama que serve como estrutura e vedação para a construção.

Essa técnica possui várias vantagens. Por isso, não à toa, tem um histórico de sucesso, sendo amplamente utilizada no período colonial no Brasil, resultando em estruturas que permanecem intactas até hoje. Saiba mais no texto a seguir, do Engenharia 360!

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pau a pique
Imagem reproduzida de Dante Laurini Jr, em Wikipédia - https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Casa_de_Adobe_na_Chapada_das_Mesas.jpg
pau a pique
Imagem reproduzida de Moacir Ximenes em Wikipédia - https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Arquitetura_em_taipa_no_Brasil.JPG

O que é pau a pique e por que é considerada bioconstrução

A bioconstrução é uma abordagem sustentável de construção que utiliza materiais naturais como terra crua para criar moradias.

Dito isso, pode-se dizer que a técnica de pau a pique faz parte da bioconstrução. Ela envolve entrelaçar madeira e preencher os espaços com uma mistura de solo, esterco e material vegetal. E faz parte do conceito de bioconstrução criar moradias mais sustentáveis ao usar materiais locais e renováveis, reduzindo custos e impactos ambientais. Além disso, essa abordagem pode ter impactos sociais positivos, como a promoção de habitações acessíveis e a capacitação de comunidades.

Contudo, vale destacar que a falta de mão-de-obra especializada é um desafio na prática da bioconstrução, levando a iniciativas de capacitação.

pau a pique
Imagem reproduzida de Portoquá, via Wikipédia - https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Casa_de_Pau_a_Pique.jpg
pau a pique
Imagem reproduzida de Glauco Umbelino em Flirck - https://www.flickr.com/photos/geoglauco/1376815610

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Como é feita a construção com pau a pique

A técnica de construção conhecida como pau a pique utiliza terra crua em combinação com elementos como madeira, bambu ou cipó para formar uma estrutura básica.

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Nesse método, a construção segue os seguintes passos:

  1. Primeiro, uma estrutura de suporte é criada usando madeira ou bambu, servindo para sustentar cargas superiores.
  2. Em seguida, os elementos de suporte são entrelaçados para formar uma trama com espaços vazios.
  3. Uma mistura de terra é preparada, composta por 60% de argila e silte, 40% de areia, cerca de 10% de esterco verde e uma porção de palha, capim seco ou folhas de bambu. Essa mistura é então cuidadosamente inserida nos espaços vazios da trama, com a palha e outros materiais servindo como reforços naturais para evitar rachaduras durante a secagem.
  4. A terra é compactada nos espaços para formar uma parede sólida.
  5. A seguir, a mistura preenchida passa por um processo de fermentação que dura pelo menos 15 dias, permitindo a união dos materiais e o ganho de resistência da parede. Por fim, a superfície da parede é alisada e revestida para proteção e acabamento.

Função da trama feita com sarrafos de madeira

Antes de tudo, vale lembrar que as paredes construídas com a técnica de pau a pique, em princípio, têm a finalidade de serem paredes de vedação, ou seja, elas não suportam o peso de telhados ou pavimentos superiores. Elas são construídas para delimitar espaços e fornecer isolamento térmico e acústico.

Nesse tipo de construção, o acréscimo da trama feita com sarrafos de madeira tem a função estrutural. Ela sustenta a construção e seus espaços vazios são preenchidos com terra umedecida.

pau a pique
Imagem reproduzida de Paulo Cesar Menezes, Wikipédia - https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Casa_de_pau-a-pique.jpg

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Importância da fermentação da massa

Na técnica de pau a pique, os componentes da massa usada para preencher os espaços são:

  • 1 parte de solo formado por 60% de argila e silte, e 40% de areia.
  • 10% de esterco verde (fresco de curral é ideal, mas pode-se usar esterco curtido).
  • 1 parte de palha, capim seco, folhas de pinus ou de bambu (idealmente, 20 cm de comprimento médio).

Essa massa é pisada sobre uma lona plástica e precisa fermentar antes de ser utilizada. O esterco favorece o alinhamento das partículas de argila durante o processo de fermentação, e a palha e a areia atuam como minivergalhões para evitar rachaduras no processo de retração da argila. Essa técnica é considerada uma ótima alternativa de construção sustentável, pois possui um impacto ecológico positivo.

E, para concluir, fermentação da massa é importante no processo de construção com pau a pique porque o esterco presente na mistura favorece o alinhamento das partículas de argila durante o processo de fermentação. Essa fermentação, que deve ocorrer por no mínimo 15 dias, ajuda a melhorar a coesão e a estabilidade da mistura, garantindo a durabilidade e resistência das paredes.

Vantagens da técnica de pau a pique

  • Custos: A construção com pau a pique é econômica, pois utiliza materiais locais e facilmente disponíveis, como madeira, barro e pedra.
  • Durabilidade: Quando construída e mantida adequadamente, as estruturas de pau a pique podem ser duráveis e resistentes, desafiando a ideia de que a técnica atrai roedores e insetos.
  • Sustentabilidade: A técnica utiliza materiais naturais e de baixo impacto ambiental, contribuindo para a construção sustentável.
  • Conforto térmico e acústico: As paredes de terra e palha oferecem um bom isolamento térmico e acústico, tornando as estruturas mais confortáveis para os habitantes.
  • Engajamento da comunidade: A técnica pode ser uma opção viável para projetos de autoconstrução, envolvendo a comunidade no processo de construção.

A técnica de pau a pique pode ser uma abordagem interessante para construções sustentáveis, com benefícios econômicos, sociais e ambientais, além de proporcionar maior conforto e bem-estar aos moradores. Inclusive, atualmente, existe uma proposta tramitando no Senado para oferecer um financiamento de projetos de bioconstrução pelo programa Minha Casa, Minha Vida, visando reduzir custos e impactos ambientais enquanto proporciona moradias de qualidade.

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Fontes: UFSC, Truibuna de Minas, Pindorama.

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Simone Tagliani

Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.

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