Alguns engenheiros civis e arquitetos costumam não se arriscar com novas tecnologias, optando pelos sistemas tradicionais. O cimento, por exemplo, já vem sendo usado há milhares de anos, desde as construções antigas de períodos arcaicos. Ele resistiu ao passar dos tempos e foi significante até a modernidade. Só que, infelizmente, muitas das técnicas que o aplicam permaneceram sem grandes transformações. Mas, essa situação está para mudar: novos investimentos no setor têm contribuído para o surgimento de ideias inovadoras e uma delas está ganhando bastante atenção e destaque nas mídias - o concreto inflável.
Sobre o concreto inflável
PFHC – ou Formação Pneumática de Concreto Endurecido – é como se chama o processo desenvolvido por Benjamim Kromoser e Johann Kolleggerm, do Instituto de Engenharia Estrutural - Departamento de Estruturas em Concreto - da Universidade de TU Wien, na Áustria. Eles apresentaram essa tecnologia em 2017. É um método simples de inflar o concreto já endurecido em formas curvas, como cúpulas. Isso ficou popularmente conhecido como concreto inflável.
Por ora, os pesquisadores realizaram apenas a construção de um protótipo, com dois metros e noventa de altura. Porém, acredita-se que, com as propriedades do concreto inflável, seria possível realizar construções bem maiores e complexas, com até cinquenta metros de diâmetro. Produzir formas livres, desse modo, seria algo mais fácil e econômico, em comparação com os sistemas convencionais. Isso resultaria em mais liberdade criativa aos projetistas e também um aumento de eficiência e de produtividade nos canteiros-de-obras.
Seu emprego na engenharia e na arquitetura
O concreto inflável é um processo que pode ser adaptado em diferentes projetos, visando atender melhor suas necessidades de customização e velocidade de construção. Dessa forma, seria possível construir estruturas realmente surpreendentes. Na engenharia e na arquitetura ele poderia ser empregado em pontes, passarelas, túneis, viadutos e até edifícios curvos, como conchas acústicas e residências.
Processo construtivo
No PFHC, a primeira coisa que se deve fazer é a regularização do terreno. Cúpulas ficam mais bem apoiadas sobre radiers - um tipo de fundação rasa, como uma placa ou laje, que abrange toda a área da construção. Depois, um colchão de ar vazio, composto de múltiplas folhas plásticas, é colocado sobre a superfície plana. Por cima dele, é feito uma camada de barras metálicas, em aço, e outra com placas de concreto, em forma de cunha. Todo o conjunto é, então, ajustado de acordo com a figura geométrica projetada.
Na etapa seguinte, a membrana é inflada, assumindo o formato desejado pelo projetista. Os cabos acabam funcionando como travas, adicionando tensão ao sistema, apertando todos os segmentos, elevando a estrutura e pressionando tudo de fora para dentro. Isso ajuda a manter o movimento em perfeita sincronia e evita que as lajes deslizem e tudo venha a se desmontar. Com a finalização do processo, a câmara de ar pode ser desinflada, removida e reutilizada para erguer uma nova construção. Tudo é muito simples, rápido e seguro.
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
LEIA MAIS
Possíveis patologias
Em alguns testes realizados, foi possível detectar que, quando a concha de concreto se forma, certo número de placas apresentam pequenas e finas fissuras. Vale lembrar que o concreto tende a suportar menos o movimento de flexão quando já está endurecido, mas os pesquisadores acreditam que isso não compromete a estabilidade e durabilidade dessas estruturas. Para evitar qualquer infiltração de água, uma argamassa impermeável poderia ser aplicada nas regiões das fissuras, de modo a encobri-las de vez.
Técnica Binishell
Talvez a ideia do concreto inflável tenha surgido muito antes do que se pensa. Na década de sessenta, o arquiteto italiano Dante Bini desenvolveu um sistema para a criação de casas infláveis. O primeiro protótipo foi construído em Crespellano, na província de Bolonha, na Itália. O processo lembra muito um balão de aniversário coberto com papel machê. Primeiro, a cúpula, em concreto armado com telas, é construída ao nível do solo. Depois, ela é levantada com a ajuda de uma grande bola, inflada com pressão de ar. Atualmente, já existem quase duas mil Binishells em todo o mundo.
Fontes: Inhabitat, Mapa da Obra.
Leia Também: Papo sério: como a arquitetura pode ajudar refugiados e imigrantes
PUBLICIDADE
CONTINUE LENDO ABAIXO
Conheça 12 casas incríveis e pré-fabricadas que podem ser montadas em três dias
Imagens: Todos os Créditos reservados aos respectivos proprietários (sem direitos autorais pretendidos). Caso eventualmente você se considere titular de direitos sobre algumas das imagens em questão, por favor entre em contato com contato@engenharia360.com para que possa ser atribuído o respectivo crédito ou providenciada a sua remoção, conforme o caso.
Comentários
Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.