Dias atrás, quando eu estava vasculhando a internet e pesquisando sobre o Cantareira, achei algumas reportagens a respeito da atual crise de água que atinge parte do sudeste brasileiro, uma questão que já ficou cansativa e repetitiva para muitos. A mídia internacional relata o assunto como inconcebível para os brasileiros que aprenderam que o país possui uma grande reserva de água doce e que, devido a tal informação, sempre houve um descaso com relação ao uso e preservação da água. Com a falta de água como uma realidade, é preciso buscar soluções para os diferentes fatores que contribuíram para o problema. Um destes fatores é o desmatamento!
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Quando falamos em desmatamento, o nosso cérebro vai parar lá na Floresta Amazônica. E sim, ela está relacionada à seca que afeta a região sudeste. A umidade proveniente da região amazônica é responsável por grande parte da chuva no país. Os “rios voadores”, como são conhecidos, ao invés de irem em direção ao oceano, esbarram na Cordilheira dos Andes e rumam para baixo, alcançando não só o sudeste, mas também o centro-oeste, o sul e alguns países vizinhos. Para ter uma ideia, diariamente, 20 bilhões de toneladas de água são evaporadas na região amazônica.
Entretanto, o problema não está só a tantos quilômetros de distância. Parte dele está perto demais: o desmatamento do leito dos rios. A chuva não chegou da maneira que deveria, mas, se houvesse vegetação suficiente, da pouca água que chegou uma maior parte dela iria para o curso hídrico.
A vegetação que cresce junto às margens de um rio e ao longo delas é denominada mata ciliar. Também há a mata de galeria, mais comum em corpos de água de pequeno porte e com estrutura da vegetação diferente da mata ciliar. A vegetação ao longo de corpos hídricos possui várias funções, como a fixação do solo junto às margens, reduzindo o risco de assoreamento, e a retenção de materiais que afetam a qualidade da água do rio, como excesso de agrotóxicos.
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E como as árvores podem ajudar a salvar o Cantareira? A proposta é o plantio de 30 milhões de mudas para recompor a mata ciliar em torno de 34 mil hectares, obedecendo ao imposto pelo Código Florestal. O custo do projeto gira em torno de 195,5 milhões de reais e a intenção é atribuir a tarefa aos infratores ambientais, como empresas que cometeram algum deslize na legislação ambiental e precisam regularizar sua situação, por exemplo.
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Sabemos que a quantidade de água no planeta continua a mesma, mas não é possível afirmar o mesmo sobre a água disponível para o consumo humano. O desmatamento, a poluição, o desperdício e muitos outros fatores contribuem para que haja cada vez menos água potável disponível. Também há a questão da distribuição, que é tão caótica que, atualmente, em solo brasileiro, a região do Acre sofre enchentes e parte do sudeste sofre com a falta de água, além do nordeste, que sofre com a seca característica da região.
Diante de questionamentos sobre a situação futura, nós, como engenheiros/futuros engenheiros, temos um papel fundamental, seja no planejamento dos recursos hídricos, no plantio e preservação da vegetação, no planejamento urbano, no tratamento de água e esgoto, no desenvolvimento de invenções capazes de tratar/"fazer"/economizar água e por aí vai, ou seja, na busca de soluções para os problemas atuais e na prevenção de novos problemas.
Fontes: Climate News Network; Estadão; The Guardian; The New York Times .
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Larissa Fereguetti
Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.