Em 13 de fevereiro de 2024, em pleno Carnaval do Brasil, recebemos a triste notícia de que um edifício na Praia Grande, litoral de São Paulo, com 19 andares e 133 apartamentos, sofreu um grave abalo estrutural. A crise é de proporções realmente inquietantes. Três colunas do subsolo colapsaram, o que desencadeou uma série de eventos que desafiam a Engenharia e colocam em xeque a segurança de construções similares. Continue lendo este texto do Engenharia 360 para entender melhor o caso!
O que aconteceu com o edifício na Praia Grande?
Logo que os condôminos ouviram os barulhos (semelhantes a explosões e estampidos entre os corredores) e identificaram o colapso estrutural das colunas desse edifício na Praia Grande, precisaram sair às pressas de seus lares, deixando para trás pertences e memórias. Enquanto buscavam respostas para o que aconteceu, oficiais da prefeitura, técnicos da Defesa Civil e representantes da construtora foram ao local prestar apoio aos moradores.
Outras informações relevantes:
- A construtora responsável pelo prédio é a JR.
- O prédio foi construído em 2016.
- Os apartamentos têm entre 53 m² e 224 m².
- O prédio possui piscina, academia, quadra poliesportiva e outras áreas comuns.
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Qual a resposta das autoridades sobre o ocorrido?
Inicialmente, optou-se por seguir procedimentos de rotina, mas logo se identificou o estado de emergência deste edifício na Praia Grande. Foi exigida a evacuação imediata do prédio e a área ao redor do edifício foi isolada para proteger a comunidade. Além disso, foi solicitado um laudo técnico para determinar as causas.
As equipes de engenheiros e outros especialistas começaram a trabalhar em seguira para estudar as falhas que poderiam ameaçar a estabilidade imediata da estrutura e instalaram escoras na área de garagem para evitar novos danos. Defesa Civil e construtora garantem que o prédio não corre risco iminente de desabamento.
Qual a opinião de especialistas em Engenharia Civil?
Nós, do Engenharia 360, buscamos a opinião de engenheiros para entender melhor como podemos interpretar o caso, apesar de não termos acesso ao local do incidente ou mesmo aos documentos de projeto desse edifício na Praia Grande. A ideia aqui é levantar possíveis hipóteses que podem servir de linhas de investigação.
Compressão dos pilares
Cristiano Oliveira da Silva, redator colaborador do Engenharia 360, começou sua análise observando que alguns bombeiros citaram para a imprensa a questão de possível cisalhamento dos pilares. Ele acredita que, por hora, não existem condições de afirmar isso, principalmente considerando a definição de cisalhamento e que geralmente os pilares rompem mesmo por esmagamento ou compressão. Então, o primeiro ponto para entender o mecanismo de ruptura é entender o que aconteceu.
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Instalação de caixa d'água
Cristiano relembra que esse edifício é relativamente antigo e que performou bem até então; a ruptura desses pilares agora pode estar associada a um evento específico. Algo que lhe chamou atenção foi o relato de um morador à imprensa de que recentemente eles realizaram a instalaçõo deuma nova caixa d'água de 30 mil litros no prédio, em função de haver muita falta d'água na região.
No momento dessa decisão, pode ser que não foi feita uma verificação estrutural adequada. Pode ser que, com um aumento de carga, aumentou a solicitação, a força adicional gerou um recalque localizado (ainda mais se o terreno não é bom), fazendo romper os pilares.
Obras em terrenos vizinhos
Outra linha possível destacada por Cristiano Oliveira é que tenha ocorrido, por alguma razão, outro tipo de recalque estrutural instantâneo - assim como vemos em ensaios de corpos de prova. Mas não ao longo do tempo, porque, se fosse o caso, a estrutura já teria apresentado alguns sinais, como fissuras. São hipóteses: obra de escavação em terrenos vizinhos ou algo que já existe passando por baixo do prédio.
Execução dos pilares e fundações
Também conversamos com o professor Rangel Lage, ele comentou sobre a necessidade de se avaliar como os pilares e fundações desse edifício na Praia Grande foram executados. Como estava a segurança dessa estrutura. Questões de dimensões dos elementos, fck utilizado, qualidade dos materiais empregados, e coerência do projeto com as subestações. Ele ainda acredita que deve ser investigado se sob essas fundações não possa ter um bolsão que a sondagem não conseguiu prever e que, com o tempo, levou a estrutura a um recalque.
Rangel não acredita que a carga dessa nova caixa d'água por si só possa ter forçado o colapso dos pilares desse edifício na Praia Grande. Porém, somado a outros fatores, pode ter contribuído para isso. Por exemplo, reformas em apartamentos que não seguiram normas, instalações de equipamentos como jacuzzis gerando sobrecargas adicionais não previstas no projeto original.
Confira, no vídeo a seguir, a análise de Engenharia desse caso de Praia Grande feita por 'O Canal da Engenharia':
Futuro do prédio incerto
Ainda é muito cedo para prever o que acontecerá com o edifício na Praia Grande. Na visão de Rangel Lage, não está descartada a hipótese de colapso do prédio. Claro que as chances são menores agora que foram feitos reforços. Mas estabilizar todo o conjunto a longo prazo é uma tarefa complexa e que deve custar bastante dinheiro.
Engenheiros da prefeitura, da construtora e da Defesa Civil farão uma análise para verificar as causas e as consequências da ocorrência. E, sem dúvidas, os apartamentos só serão liberados quando houver segurança. Por hora, ficou determinado que a construtora apresente laudos que comprovem essa sua segurança. As investigações devem prosseguir e, em breve, saberemos sobre o futuro do edifício na Praia Grande.
Considerações finais
Esse caso de colapso já serve como lembrete contundente dos desafios inerentes à Engenharia Civil e à construção de estruturas complexas. À medida que a comunidade se recupera desse episódio traumático, é fundamental que a sociedade una esforços para garantir que tragédias semelhantes sejam prevenidas. Somente através da colaboração e do compromisso com os mais altos padrões de segurança e qualidade poderemos construir um futuro onde nossos edifícios permaneçam firmes e seguros.
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Fontes: CNN Brasil, CNN 2, Folha de São Paulo.
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Eduardo Mikail
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