As escadas, apesar de simples conectores entre diferentes níveis, sempre foram elementos arquitetônicos fascinantes, muitas vezes consideradas verdadeiras obras de arte. Isso porque seu design pode desafiar a nossa percepção do espaço e desafiar a nossa compreensão da realidade. Quer um exemplo? Já ouviu falar da escada de Penrose? Ela guarda um enigma poderoso! Imagine subir seus degraus para sempre e jamais sair do lugar, num ciclo infinito. Será possível mesmo?
A essência da Escada de Penrose foi inventada em 1959 pelos matemáticos Lionel e Roger Penrose, pai e filho. Trata-se de um modelo de escada que desafia a geometria euclidiana, realizando um loop eterno, onde subir e descer se tornam ações simultâneas e paradoxais. Porém, isso é uma tremenda ilusão de óptica que, no fundo, só foi criada para provocar as pessoas, transcendendo a matemática e a física, influenciando na filosofia, design e arquitetura. Confira mais detalhes no artigo a seguir, do Engenharia 360!
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O primeiro teste da Escada de Penrose
A Escada de Penrose já foi fonte de inspiração de muitos artistas e pensadores de diversas áreas. Gostaríamos de citar neste texto o trabalho de M.C. Escher, um dos primeiros a incorporar esse modelo de escapa numa obra de arte. Ele fez, em 1960, uma litografia chamada “Ascendente e Descendente”, retratando monges subindo e descendo simultaneamente uma escada sem fim, sem esperança de alcançar um destino. Através desse trabalho, podemos aprender um pouco mais sobre tridimensionalidade em superfícies bidimensionais e como isso pode provocar ilusões.
A saber, "Ascendente e Descendente" é uma metáfora visual da condição humana com a nossa busca incessante por objetivos que são muitas vezes inalcançáveis.
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Numa primeira olhada, tudo parece normal. Mas ao observar melhor os detalhes da figura, percebemos que as escadas se encontram em ângulos impossíveis, desafiando as leis da física e da gravidade.
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House of Stairs, 1951 #escher #mcescher pic.twitter.com/l8ClCUXYhs
— M.C. Escher (@artistescher) May 25, 2021
O conceito por trás da Escada de Penrose
A Escada de Penrose é um paradoxo! Quando vista em duas dimensões, só no papel, como na obra de M.C. Escher, parece realmente uma estrutura contínua. Mas se acompanharmos cada linha, vem a revelação de que é impossível atingir um ponto final. Então, de alguma forma, parece que todo o espaço ao redor se transforma diante de nossos olhos e passamos a ter uma compreensão mais intuitiva da realidade.
O poder da perspectiva. Será que é isso que deixa as pessoas fascinadas pela Escada de Penrose? Não podemos negar que a imagem dessa estrutura, embora não verossímil, preenche nossa mente com ideias sobre a coerência daquilo que observamos versus como nós interpretamos o que vemos. Essa é uma oportunidade de refletirmos sobre a natureza da realidade e nossa tendência em buscar padrões onde não há e coerência no mundo ao nosso redor.
Fato é que nosso cérebro está constantemente tentando organizar as informações que recebemos, criando modelos mentais que nos permitem interpretar e prever os eventos.
Lições aprendidas
Qual a lição? Bom, podemos pensar que é não precisarmos ficar tentando o tempo todo forçar modelos pré-existentes de engenharia nos projetos por obrigação, pois, no processo, podemos falhar. Pode ser desconfortante, mas valeria a pena deixarmos nossa mente mais livre, indo além da lógica para criar algo realmente único, resolvendo com mais eficiência os problemas do dia a dia. Afinal, às vezes, a resposta para o enigma está no inexplicável!
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Nem tudo o que vemos é real; a realidade é complexa e multifacetada - sempre há mais para descobrir!
Então, sim, a Escada de Penrose pode ser impossível de construir em sua forma pura. Mas é uma oportunidade de “pensar fora da caixa”! O que você precisa ter em mente é o desafio de criatividade e design que seu conceito impõe sobre para a engenharia que, na tentativa de simulá-la, pode levar a inovações diversas em áreas como design de ambientes, criação de volumes, uso de materiais e técnicas construtivas, exploração de ambientes virtuais e em realidade aumentada.
Os exemplos de influência na arquitetura e cultura pop
A Escada de Penrose é uma fonte inesgotável de inspiração. Um exemplo de sua influência na arquitetura é o projeto ‘La Muralla Roja’, de Ricardo Bofill, um edifício labiríntico em Calpe, na Espanha, composto por uma série de escadas, plataformas e pontes interligadas que cruzam em ângulos inesperados, criando uma sensação de desorientação e vertigem.
Outro exemplo é a escultura ‘Umschreibung’, de Olafur Eliasson, em Munique, na Alemanha, uma escada espiral de nove metros que simboliza um loop infinito. E tem ainda a escultura ‘Diminish and Ascend’, do australiano David McCracken, uma escada que parece se elevar infinitamente em direção ao céu, criando a ilusão de que está desaparecendo no horizonte.
Indo para as telinhas, podemos citar a Escada de Penrose em jogos como o videogame ‘Monument Valley’, onde os gamers são desafiados a navegar por labirintos de escadas e caminhos impossíveis, explorando a geometria e a perspectiva para encontrar soluções para a estória. Por fim, o filme ‘A Origem’ ou ‘Interception’, de Christopher Nolan, onde, na trama, escadas são capazes de manipular a realidade dos sonhos. E não podemos esquecer o conto ‘Harry Potter’, de J. K. Rowling, com as escadas de Hogwarts.
Veja Também: Como são feitas as escadas flutuantes?
Fontes: Archdaily, Elsatop decorexpro.com, Wikipédia.
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Simone Tagliani
Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.