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FATO ou FAKE? Os trilhos de trem são afetados pelo frio do sul do Brasil?

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por Redação 360
| 19/06/2023 | Atualizado em 14/07/2023 5 min
Imagem reproduzido de GZH

FATO ou FAKE? Os trilhos de trem são afetados pelo frio do sul do Brasil?

por Redação 360 | 19/06/2023 | Atualizado em 14/07/2023
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É verdade! Recentemente, a variação térmica causada pelo resfriamento na região metropolitana, com temperaturas próximas a cinco graus no amanhecer, ocasionou a fissura em um dos trilhos de trem da TRENSURB na Estação Fátima, resultando em atrasos nas viagens entre as cidades de Porto Alegre e Novo Hamburgo. Mas outras ferrovias ao redor do mundo enfrentam desafios semelhantes devido à dilatação dos metais. E algumas soluções adotadas nesses casos. Veja neste texto do Engenharia 360!

trilhos de trem
Imagem de arquivo GES - Especial, via Jornal NH

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Por que o problema de dilatação dos metais é um desafio para as ferrovias?

O problema de dilatação dos metais é um desafio para as ferrovias devido à expansão e contração térmica dos trilhos. A saber, os trilhos metálicos se expandem quando aquecidos e se contraem quando resfriados. Essas variações de temperatura podem levar a diferenças de tamanho nos trilhos ao longo das estações do ano.

trilhos de trem
Imagem reproduzido de GZH
trilhos de trem
Imagem reproduzido de GZH

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Solução provisória adotada pela TRENSURB

No caso da TRENSURB, o incidente aconteceu pela variação térmica, devido ao resfriamento repentino na Região Metropolitana. O trilho se contraiu devido ao frio intenso, causando a abertura da fissura. E a solução temporária utilizada foi a utilização de hastes de metal para reconectar as barras de trilho que se afastaram devido à diminuição causada pelo frio. O trabalho com solda é uma medida mais demorada e é realizada rotineiramente pelas equipes da empresa.

Explicando melhor: os "grampos" nos trilhos convencionais têm a função de permitir que o trilho se acomode para cada lado conforme a dilatação ou contração térmica da liga metálica. Eles ajudam a reduzir o efeito da variação térmica no material dos trilhos. No entanto, em situações como ocorre em Porto Alegre, esses dispositivos não são suficientes a longo prazo.

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Vale destacar que a empresa no Rio Grande do Sul utiliza barras de trilho de 18 metros de extensão conectadas por soldas sem intervalos entre elas. O material utilizado segue normas químicas e físicas mundiais e é considerado de alta qualidade de acordo com especialistas. No entanto, a qualidade específica do material não é mencionada no texto.

trilhos de trem
Imagem de Guilherme Almeida, CP, via Rádio Guaíba

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Quais são as soluções comumentes adotadas em regiões com invernos rigorosos?

Em regiões com invernos rigorosos, algumas soluções adotadas para evitar rompimentos nos trilhos devido à amplitude térmica são:

  • Considerar a variação do volume dos trilhos devido à dilatação ou contração térmica durante as estações do ano e reservar espaços para acomodar essas mudanças.
  • Utilizar trilhos de alta qualidade que atendam às normas químicas e físicas internacionais.
  • Realizar a manutenção regular dos trilhos para garantir sua integridade.
  • Em casos de fissuras, realizar correções temporárias, como a utilização de talas de metal para reconectar as barras de trilho que se afastaram.
  • Em trilhos convencionais, utilizar grampos entre o bloco de concreto e a barra do trilho para permitir acomodação do trilho devido à dilatação ou contração térmica.

Como a variação térmica afeta os metrôs em outras regiões do mundo?

A variação térmica afeta os metrôs do Rio de Janeiro e São Paulo, assim como acontece com outras ferrovias ao redor do mundo. Quando as temperaturas oscilam, os trilhos metálicos expandem-se com o aquecimento e contraem-se com o resfriamento. E normalmente esses trilhos são projetados levando em consideração essa variação de tamanho e são instalados com dispositivos, como grampos, que permitem que eles se ajustem às mudanças dimensionais.

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Mas é claro que o cenário no sul do Brasil é diferente, com variação térmica muito grande e rápida!

trilhos de trem
Imagem de reprodução CP via Correio do Povo

Nos Estados Unidos, por exemplo, para manter os trilhos aquecidos durante o inverno rigoroso, algumas empresas utilizam um sistema de encanamento de gás com bicos ao lado dos trilhos. Esse sistema gera pequenas chamas quando a temperatura fica negativa, evitando que o frio rompa as conexões entre os componentes de metal. Anteriormente, o procedimento era feito com querosene, mas são atualmente utilizados métodos mais seguros e controlados.

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Já no Reino Unido, onde a neve e o frio são desafios frequentes, a empresa Network Rail adota várias soluções. Equipamentos são utilizados para remover a neve dos trilhos e são empregados aparatos de ventilação em alta temperatura para derreter o gelo que se acumula entre os metais. Além disso, produtos químicos, como líquidos e géis específicos, são aplicados nos trilhos. Esses produtos químicos aumentam a temperatura em contato com a água, ajudando a aquecer os trilhos e evitando encolhimentos na via metálica.

Nota especial: a título de curiosidade, na metade de julho de 2023, um trem turístico com 943 passageiros ficou preso na Serra do Mar, no litoral do Paraná, por cerca de 10 horas. A empresa responsável por sua gestão afirma que galhos nos trilhos causaram a paralisação. Foi a primeira vez em 26 anos de operação que ocorreu uma paralisação tão longa. Passageiros relataram desmaios dentro dos vagões.

trem sobre trilhos
Imagem reproduzida de Serra Verde Express via G1 Paraná

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Fontes: Gaúcha ZH.

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