Existe hoje um esforço da Engenharia Moderna em encontrar alternativas para sistemas e produtos utilizados na construção civil que possam estar contribuindo para o aumento do aquecimento global, sobretudo através das emissões de CO2. Sabemos que a produção de tijolos, por exemplo, não é considerada ecologicamente correta. Então, depois do concreto e do aço, este é o produto foco da investigação de muitos pesquisadores, com atenção para a redução da pegada de carbono incorporada a unidades de alvenaria.
Por que a produção de tijolos não é considerada ecológica?
A produção de tijolos geralmente não é considerada ecológica por alguns motivos, tais como:
- Produção baseada na queima em fornos: Os tijolos são feitos de argila, que é um recurso finito que precisa ser extraído e transportado, além de queimado em fornos movidos a combustível fóssil ou a carvão, muitas vezes por vários dias. Isso acaba por emitir gases de efeito estufa e, em certos casos, monóxido de carbono e outros poluentes atmosféricos perigosos.
- Uso intensivo de recursos naturais: A produção de tijolos requer, além de argila, grandes quantidades de água e energia. A extração desses recursos pode ter um impacto negativo no meio ambiente, incluindo a degradação do solo, a contaminação da água e a emissão de gases de efeito estufa.
- Descarte inadequado de resíduos: A produção de tijolos gera um excesso de resíduos sólidos, como sobras de argila, cinzas e materiais de embalagem. Se esses resíduos não forem descartados adequadamente, podem contaminar o solo e a água.
Como reduzir o impacto ambiental da produção de tijolos?
A produção de tijolos é uma atividade importante para a construção civil e pode ser realizada de forma mais sustentável, sim, com a adoção de medidas ambientalmente responsáveis. Existem tecnologias e práticas mais recentes, por exemplo, que podem reduzir o impacto ambiental da produção de tijolos, como o uso de fontes de energia renovável, adoção de métodos tradicionais de secagem ao sol para eliminar a necessidade de queima, e reciclagem de resíduos.
Trouxemos para este texto uma lista de exemplos de projetos experimentais com novas tecnologias de tijolos. Confira!
Tijolo de cortiça
O estúdio londrino MPH Architects desenvolveu, em parceria com a Bartlett School of Architecture, University of Bath, Amorim UK e Ty-Mawr, blocos interligados de cortiça. Os mesmos podem ser empilhados como LEGO, sem a necessidade de argamassa ou cola. E isso foi testado na construção da Casa Cork, indicada ao Prêmio Stirling. A ideia é que o produto possa ser oferecido em forma de kits e usado em estruturas que venham a ser desmontadas, recicladas e reutilizadas.
Tijolo não queimado
O K-Briq, da Kenoteq, é um tijolo com grande percentual de material reciclado em sua composição - cerca de 90%. Outro diferencial do produto é que não precisa ser queimado, requerendo menos energia em sua produção do que um tijolo tradicional, além de emitir menos de um décimo das emissões de carbono em sua fabricação.
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Tijolo com cabelo, esterco de cavalo e lã
O projeto desenvolvido por Ellie Birkhead, da Design Academy Eindhoven, faz a proposta de uso de resíduos como cabelo e esterco de cavalo e lã de fazenda para reforçar estrutura de composição de tijolos de barro não queimados. De acordo com a pesquisadora, esta é uma forma de se gerenciar resíduos de maneira mais circular e "criar um futuro para a indústria local".
Tijolo de concreto de demolição e vidro
O grupo Gent Waste Brick por Carmody Groarke, TRANS Architectuur Stedenbouw, Local Works Studio e BC Materials, apresentou uma ideia revolucionária de transformar resíduos de concreto de demolição e vidro em tijolos não queimados. Os mesmos carregariam um terço do carbono incorporado como um tijolo de barro tradicional. E sua fabricação seria simples e limpa, podendo ser conduzida dentro de pequenas oficinas. Aliás, foi o que se conseguiu durante a reforma de um museu em Ghent; um exemplo que pode ser replicado em outros ambientes urbanos.
Tijolo de carvão verde
Os tijolos desenvolvidos na Escola Indiana de Design e Inovação, em Mumbai, na Índia, são enriquecidos com terra, carvão e fibras de bucha, que criam bolsões de ar e ajudam a reduzir a quantidade de cimento ou argila para a sua produção. O resultado são peças mais porosas, onde acabam se instalando plantas e insetos, promovendo a biodiversidade local.
Tijolo de micélio
O estúdio norte-americano The Living, de Nova York, experimentou, na construção do pavilhão MoMA PS1 de 2014, um tipo de tijolo de micélio, que é uma rede de filamentos finos e ramificados que compõem o corpo vegetativo de um fungo. Eles tomaram como base para este projeto o processo pioneiro desenvolvido pela empresa de biomateriais Ecovative. O mesmo envolve colocar resíduos de talos de milho da agricultura dentro de um molde e estimular o micélio a crescer em torno desse agregado, cimentando efetivamente o tijolo.
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A saber, o micélio é um bom material para isolamento e proteção contra incêndios de edifícios.
Tijolo de urina
Pesquisadores da Universidade da Cidade do Cabo Suzanne Lambert apresentaram um projeto para o reaproveitamento de urina humana, areia e bactérias combinadas em moldes em forma de tijolo. No processo de produção, a bactéria desencadearia uma reação química que ajudaria a decompor a urina ao mesmo tempo que produziria carbonato de cálcio, que é um dos componentes do cimento, deixando o produto final muito mais forte.
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Fontes: Deezen.
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Eduardo Mikail
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