O surf é um dos esportes mais fascinantes praticados pelo ser humano; ele depende totalmente da natureza, estando intrinsecamente ligado às condições do mar. A cada ano, ele tem ganhado mais notoriedade e adeptos, sobretudo após sua inclusão nos Jogos Olímpicos. E entre as modalidades com mais entusiastas está o “Big Wave”, onde os surfistas enfrentam ondas que podem ultrapassar a 15 metros de altura. Impressionante, não?
Sem dúvidas, é difícil encarar os “paredões” das ondas gigantes; e mesmo assim, elas são perseguidas por profissionais como Lucas Chumbo e Lucas Fink. Você tem ideia do que eles enfrentam? Pois agora ficou mais fácil ter essa dimensão, graças a uma nova tecnologia para medição precisa de ondas, o Big Wave Tracker. Confira mais detalhes dessa inovação no artigo a seguir, do Engenharia 360!
O desafio da medição de ondas
Já se perguntou, ao olhar para o mar, qual o tamanho de uma onda? Saiba que essa tarefa não é nada fácil, nem mesmo para os cientistas. E, como pode imaginar, tal incerteza impacta diretamente na avaliação de competições e registros de recordes no surf. Os métodos tradicionalmente utilizados incluem fotografias e filmagens, mas isso não é suficiente, deixando margem para controvérsias e incertezas.
Vale citar o que ocorreu em 2020, quando a WSL (World Surf League) precisou decidir entre Maya Gabeira e Justin Dupont quem havia surfado a maior onda do ano em Nazaré, Portugal. Na ocasião, a dificuldade em determinar a base e a crista da onda fez com que a decisão dos jurados se tornasse subjetiva e contestada.
A criação do Big Wave Tracker
Há, sim, muita necessidade de inovação! Foi pensando nisso que o oceanógrafo português Luis Pedro de Almeida, do CoLAB +ATLANTIC, decidiu desenvolver uma nova tecnologia para medição de ondas, o Big Wave Tracker.
A ideia partiu de uma conversa que ele teve com outros pesquisadores, inclusive considerando as tecnologias já existentes, como stereo-vídeo e LiDAR, que permitem a captura de imagens e o cálculo de profundidade das ondas. Mas o Big Wave foi pensado para ser diferente - melhor -, funcionando praticamente como uma espécie de ‘VAR do surf’.
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Vale destacar que a ideia realmente só ganhou forma em 2021, quando Almeida e seu aluno de doutorado, Matheus Vieira, iniciaram experimentos em Nazaré, se valendo de câmeras GoPro. A saber, os resultados foram promissores, mas mostraram a necessidade de um equipamento avançado para medir ondas em longas distâncias. Aliás, só para esclarecer, por que Nazaré? Porque esse é um dos pontos de encontro de surfistas mais importantes, onde as ondas podem atingir 30 metros de altura.
O funcionamento do Big Wave Tracker
A tecnologia do Big Wave Tracker é mesmo muito incrível, trata-se de uma combinação de estereoscopia por vídeo e mapeamento 3D. Explicando melhor, as câmeras são alinhadas para captar a mesma superfície do oceano sob diferentes ângulos. Assim, dessa forma, é possível “desenhar” essa linha de modo preciso, mensurando a altura das ondas sem que o cientista esteja fisicamente presente no mar.
Na prática, é possível determinar os pontos de base e crista da onda, com valores mínimos e máximos extraídos diretamente dos dados coletados.
Etapas do processo
- Captura de imagens pelas câmeras GoPro.
- Análise geométrica - a dimensão dos surfistas ou jet skis nas imagens serve como escala para calcular a altura das ondas.
- Medição em 3D através do processamento das imagens capturadas, com o sistema gerando um modelo tridimensional da superfície do oceano.
Os benefícios da medição de ondas no surf
A introdução de uma tecnologia como a do Big Wave Tracker no surf pode mudar completamente a história do esporte, mexendo com a forma como os profissionais se preparam e competem com base em dados mais precisos e confiáveis. A expectativa é da redução de erros nas medições e aprimoramento dos registros de ondas gigantes, ajudando os treinadores a maximizarem seus programas e trabalharem com foco no desempenho e segurança dos atletas - ou seja, quando surfar e onde surfar.
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Na visão dos empresários, o projeto abre novas possibilidades para estudos sobre os processos que geram essas enormes ondulações. Não à toa que, em 2022, ele recebeu um financiamento significativo da Fundação para Ciência e a Tecnologia (FCT), o que permitiu a criação do primeiro protótipo do Big Wave Tracker. O mesmo já foi testado no Forte de São Miguel Arcanjo, em Nazaré.
O futuro das competições de ondas gigantes
Infelizmente, apesar dos resultados promissores, em 2024 o investimento público não foi renovado, levando Almeida a buscar apoio financeiro privado para continuar o desenvolvimento da tecnologia Big Wave Tracker. Além disso, ele também conta hoje com a colaboração de colegas oceanógrafos, além de engenheiros e surfistas, que trocam ideias para entender as necessidades reais do projeto.
A expectativa é que o Big Wave Tracker seja utilizado para tornar as competições de surf mais justas - e até emocionantes, por que não? Ele deve oferecer uma leitura mais precisa das condições de ondas e dos novos recordes estabelecidos. Certamente, será um complemento valioso para a prática do esporte! Ainda tem dúvidas sobre isso?
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Fontes: O Globo, Jornal de Leria.
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Eduardo Mikail
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