A UPS é uma das maiores empresas de entrega do mundo. Há alguns anos, ela implementou uma política de logística bastante interessante. Seus caminhões simplesmente NÃO podem virar à esquerda! Isto é bastante incomum, não é? E por que resolvemos citar tal prática no Engenharia 360? Pois tem tudo a ver com sustentabilidade, ciência de dados e algoritmos avançados. Continue lendo este artigo para saber mais!
O problema com as curvas à esquerda
Esta história começou nos anos de 1970. A UPS criou na época o chamado "despacho em loop", que é um traçado de entregas maximizando as curvas à direita. O método se tornou mais excipiente após a empresa lançar, em 2008, um software de roteirização chamado Orion (On-Road Integrated Optimization and Navigation), capaz de criar cerca de 30 mil rotas por minuto, analisando 250 milhões de pontos de endereço diariamente.
Mas por que tanto esforço? A resposta é simples: redução de combustível e emissões de carbono. E parece que a ideia deu certo, pois a empresa afirma hoje ter uma economia anual de 300 a 400 milhões de dólares.
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Fora isso, há outras razões. Segundo Tom Vanderbilt, autor de “Traffic: Why We Drive the Way We Do”, curvas à esquerda geralmente envolvem cruzar o fluxo de tráfego, aumentando o risco de acidentes e causando atrasos. Dados da Associação Nacional de Segurança no Trânsito Rodoviário dos EUA mostram que virar à esquerda está presente em 22,2% dos acidentes em cruzamentos, comparado a apenas 1,2% para curvas à direita. E ainda dados de Nova York indicam que curvas à esquerda têm três vezes mais chances de atropelar pedestres.
Então, resumindo, se um motorista da UPS quisesse virar à esquerda nos Estados Unidos, ele precisaria aguardar muito tempo, poderia se acidentar mesmo parado na rua, enfrentaria muitos congestionamentos e gastaria mais combustível.
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A ciência de dados e o problema de roteamento de veículos
Vale destacar que toda essa solução apresentada pela UPS para economia de combustíveis e além é baseada na teoria do problema de roteamento de veículos. Trata-se de uma análise sobre o desafio clássico da otimização combinatória. Traduzindo, uma frota de veículos com capacidade limitada precisaria atender a um conjunto de clientes a partir de um ou mais depósitos, minimizando o custo total.
Entenda melhor a teoria do problema de roteamento de veículos no vídeo a seguir:
Contando com o software Orion, a UPS consegue analisar trilhões de possibilidades para suas rotas, encurtando ao máximo a distância total percorrida. Apesar de ser um modelo algoritmo simples, sua "computacionalidade" é complexa, com um número exponencial de possíveis soluções. Foi preciso desenvolver heurísticas eficientes para resolver instâncias realistas do problema. É claro que nada disso seria possível sem a ciência de dados.
Os benefícios econômicos e ambientais
Com o programa Orion, mais a utilização de ferramentas comerciais como o Google Maps, integrando-se com sistemas de rastreamento por satélite e telemetria, a UPS conseguiu criar um mapa detalhado de mobilidade. As rotas são calculadas em tempo real, considerando todas as restrições, como quantidades de entregas e demandas dos consumidores. Assim, se reduziu a quilometragem total percorrida em até 185 milhões de milhas por ano e as emissões a mais de 20 mil carros de passageiros ou 100 mil toneladas de CO2.
Enfatizamos novamente a importância da ciência de dados nesse cenário, desde a análise à otimização das operações logísticas! Todo o resultado do trabalho resultou em um modelo de padrão de sustentabilidade que pode ser seguido por outras empresas (por exemplo, de coleta de lixo e transporte público) e motoristas comuns, ainda que de forma limitada. Afinal, a UPS possui uma frota de mais de 100 mil veículos e consegue planejar rotas com antecedência.
Um motorista comum enfrenta desafios diferentes, como uma rota diária relativamente fixa e menos flexibilidade para evitar curvas à esquerda. Ainda assim, algumas dicas podem ajudar a economizar combustível:
- Consolidar viagens sempre que possível.
- Estacionar em um local central e caminhar até destinos próximos.
- Usar o veículo adequado para cada tarefa.
Por fim, mapear rotas alternativas e ficar atento a mudanças na infraestrutura, como a instalação de rotatórias, pode render ganhos de eficiência.
Fontes: CNN.
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Eduardo Mikail
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