A questão do impacto ambiental provocado pela construção civil mundial nunca foi tão discutida quanto nos dias de hoje. De fato, os materiais indicados em projetos repensados visando, por exemplo, a arquitetura de arquitetura desmontável e reaproveitável.
Sim, queremos e podemos ter prédios que tenham um tempo de vida útil maior; estruturas que sejam mais econômicas; e resíduos de obras que possam ser reaproveitados. Mas, infelizmente, o Brasil está atrasado nessa questão. Pensando em mudar esta realidade, trazemos a pauta para discussão no Engenharia 360!
O cenário atual da Arquitetura e Engenharia Civil
A questão do aumento expressivo do desmatamento em território brasileiro nos últimos anos tem impactado toda a população ao redor do mundo. Os profissionais em todos os setores precisam estar mais engajados em buscar soluções que ajudem a amenizar o problema. A ideia é conseguir encontrar alternativas simples e factíveis de mudar o cenário do país, incluindo a situação da arquitetura e engenharia brasileira atual.
Sabemos que a indústria da construção civil é uma das que mais impacta o planeta, aumentando as emissões de CO2 e uso de recursos naturais. Tem-se falado muito sobre projetos mais sustentáveis ou mais verdes. Porém, isso precisa ir além das instalações de telhados verdes ou de painéis solares. De fato, há muito mais a se fazer neste sentido!
Também existe outro problema que se agrava no país envolvendo o meio ambiente, sendo o aumento de pessoas em situação de miséria. Por todas as cidades, há milhares de desabrigados que precisam ser acolhidos; também aquelas pessoas que perderam as suas casas por conta de desastres naturais. Estes são fenômenos que devem aumentar principalmente agora com as mudanças climáticas e a recente pandemia mundial. E projetos mais sustentáveis poderiam ajudar bastante nesse sentido!
A solução da arquitetura desmontável e reaproveitável
Trazemos para este texto uma possibilidade de construção que pode ser colocada em prática para atender estas famílias de desabrigados e, além disso, ajudar a amenizar, a longo prazo, outros problemas ambientais. É o caso das chamadas arquiteturas desmontáveis ou reaproveitáveis! Estas seriam estruturas construídas por meio de um sistema efêmero ou que pode ser reaproveitado em caso de demolição, minimizando o desperdício de materiais.
Especificamente no caso das construções efêmeras, tal arquitetura poderia ser provisoriamente instalada em um local longe de perigos de desastres naturais, sendo, posteriormente, remontadas de forma rápida e econômica em outro local e em uma nova situação.
Já no segundo caso, das arquiteturas reaproveitáveis, as estruturas apresentariam partes com conexões desmontáveis que podem ser totalmente recuperadas. Outra opção seria pensar, desde a concepção do projeto arquitetônico, na utilização de materiais em substâncias que são capazes de ser recuperadas ou segregadas para uma possível reciclagem ou modernização da estrutura.
O modo de pensar desses modelos de arquitetura
Pensar em arquiteturas sustentáveis tão complexas como são essas arquiteturas desmontáveis ou reaproveitáveis não é fácil! Deve-se levar muita coisa em conta na hora de projetá-las!
Primeiro vem a questão da durabilidade - "Quantas vezes poderão ser reutilizadas em situações de emergência?", "Em quantas horas poderão ser montadas?" - e da praticidade - "Será que poderão ser personalizadas?". Também deve-se levar em conta uma execução com muito menos resíduos e desperdícios de recursos. Um transporte mais fácil das peças. E por fim como será a integração do homem com esta arquitetura e seus espaços.
Geralmente estas arquiteturas apresentam estruturas modulares pré-fabricadas - como em gesso e polietileno - com possibilidade de desmonte. Sua planta pode ser facilmente adaptada para abrigar diversos usos - moradia, escola, posto de saúde, e mais. Também detalhes que tornam a estadia das pessoas mais confortável, seja no período do ano que for. Elas possuem um bom isolamento térmico e acústico. Muitos revestimentos são feitos de material reciclado - como a base de pneu, por exemplo -, e as instalações hidráulicas e elétricas seguem um modelo sustentável.
Dois exemplos de projetos de casas sustentáveis
Na década de 1930, o metalúrgico especialista em móveis estilo Art Decó, Jean Prouvé, começou a testar alguns dos seus estudos em estruturas arquitetônicas. Ele foi o primeiro a pensar em casas desmontáveis, um conceito que está presente hoje em dia em diversas obras de arquitetura e engenharia civil.
O projeto da Nolla Cabin, do finlandês Robin Falck, é um bom exemplo. Ela possui uma estrutura leve com peças de encaixes que são fáceis de montar, desmontar e transportar. Ela ainda apresenta diversas soluções sustentáveis, como painéis solares. E a ideia do projetista é que este modelo de construção sirva de referência de como impactar o mínimo possível o meio ambiente!
A Casa Lite, desenvolvida pela empresa Duda Porto Arquitetura, no ano de 2013, é mais outro exemplo bem sucedido - e brasileiro. Ela possui uma área de 190 metros quadrados que pode ser erguida em apenas 40 dias. Sua construção é totalmente modular, desmontável, autossuficiente e sustentável, com baixa utilização de água e emissão de poluentes. Tal estrutura é composta de peças metálicas em estilo steel frame, que dispensa concretagem e pode ser reconstruída em terrenos diferentes. E a casa possui ainda captação de água pluvial, painéis solares, luzes de LED integradas a um sistema automatizado e ventilação cruzada.
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Mais uma questão importante
Sim, é importante pensarmos na Arquitetura e Engenharia Civil do futuro! Porém, não podemos nos esquecer das obras do passado! É natural que, ao longo do tempo, com a evolução das cidades, muitos desses edifícios sejam demolidos ou renovados, um processo que gera entulhos. Trata-se de mais uma questão que podemos colocar no debate! Afinal, o que fazer com este material residual? Será que podemos reaproveitar alguma coisa?
De fato, deveríamos sempre pensar em adotar uma economia circular baseada em processos e fluxos de construção que tentasse sempre absorver, reutilizar ou reciclar sistemas, componentes e materiais das estruturas já existentes.
E mais, na utilização de materiais que sempre pudessem reformar a natureza! Seriam mais boas soluções para diminuir o impacto da construção civil sobre o meio ambiente!
Imagine você se pudéssemos reaproveitar todos os materiais provenientes de demolições destinados para aterros? É simples, basta olhar para a sua cidade como se fosse um grande estoque de matéria-prima que pode ser, um dia, utilizada para novas edificações. Que tal, ao invés de pensarmos em demolições, pensarmos em desmontagens? Reflita sobre essa questão!
Você já tinha parado para pensar sobre retrofit e a possibilidade de arquitetura desmontável? Responda na aba de comentários logo abaixo!
Fontes: Ciclovivo, Revista Casa Cor, ECO Debate, ArchDaily.
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