Um dos maiores desafios que os engenheiros enfrentam no combate ao aquecimento global é diminuir as emissões de gases de efeito estufa provenientes do setor da aviação. Na mira da descarbonização, muitos passaram a desenvolver combustíveis alternativos. O SAF, produzido a partir de biogás e hidrogênio verde, é um exemplo. Ele é uma aposta promissora aos combustíveis fósseis tradicionais, reduzindo as emissões em até 80%.
Agora, o Brasil deu um passo significativo em direção a um futuro mais sustentável. A Itaipu Binacional está inaugurando a primeira fábrica de petróleo sintético para aviação no país. Ela está localizada em Foz do Iguaçu, no Paraná, e sua instalação representa um marco na busca por combustíveis renováveis e na redução das emissões de carbono na aviação. Mas o que é petróleo sintético? Descubra no texto a seguir, do Engenharia 360!
O que são combustíveis sintéticos e por que eles poderiam salvar o planeta?
No geral, os combustíveis sintéticos são bem parecidos com os combustíveis fósseis, como gasolina e diesel, ambos são compostos de hidrocarbonetos (moléculas formadas por hidrogênio e carbono). Mas ao invés de serem extraídos da terra, são produzidos a partir de hidrogênio da água através da eletrólise e carbono de diversas fontes, como CO2 capturado da atmosfera.
Os combustíveis sintéticos podem ser utilizados em diversos setores, como:
- Aviação
- Transporte marítimo
- Indústria
Vale destacar que combustíveis sintéticos são considerados sustentáveis. Uma das principais razões é porque a eletricidade utilizada na sua produção pode vir de fontes renováveis. O processo é bem eficiente, minimizando perdas e otimizando o uso de recursos.
Depois, qualquer CO2 liberado de sua queima se torna neutro a partir do uso de carbono capturado diretamente do ar para fabricação. Neste processo, o CO2 emitido é o mesmo que foi previamente retirado do ambiente.
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Como anda a produção e uso dos combustíveis sintéticos?
Em 2021, um marco histórico foi alcançado pela engenharia. O Guinness World Records registrou o primeiro voo com combustível sintético. Ele foi realizado no Reino Unido.
De fato, a aviação tem enxergado um grande potencial no petróleo sintético. É que, hoje, outros combustíveis não são a melhor solução para o setor, considerando o uso mais intensivo de terras agrícolas e os impactos ambientais negativos associados à produção em larga escala. Por isso, a fabricação desse novo combustível precisa aumentar, à medida que se investe mais energias renováveis e infraestrutura de eletrólise.
Algumas iniciativas para expansão da tecnologia já estão em prática ao redor do mundo, como das empresas Zero Petroleum, Fulcrum BioEnergy, HIF Global e Repsol.
Como é a primeira planta-piloto de produção de petróleo sintético no Brasil?
Antes de tudo, é importante explicar que petróleo sintético é um tipo específico de combustível sintético obtido através de síntese especial, que combina gás hidrogênio (H2) e dióxido de carbono (CO2) para formar hidrocarbonetos semelhantes aos encontrados no petróleo natural.
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A primeira planta piloto de fabricação de petróleo sintético para aviões no Brasil é uma iniciativa pioneira e conta com uma parceria entre Centro Internacional de Energias Renováveis (CIBiogás) e o projeto H2Brasil, e entre o governo brasileiro e alemão (que já investiu 1,8 milhão de euros via Ministério Federal da Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha). A previsão é de que esse combustível seja produzido aqui a partir de biogás.
O foco principal será a geração de SAF (Sustainable Aviation Fuel) para aviação (compatível com as turbinas a jato e motores de aeronaves existentes), contribuindo para a descarbonização do setor de transporte aéreo. A capacidade de fábrica da Itaipu será de 6 kg de bio-syncrude por dia. Esse composto será depois enviado para refinamento na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Aliás, a expertise da UFPR foi fundamental para o projeto, desde o desenvolvimento de catalisadores até a criação de um mapa de áreas com potencial para produção de SAF no Paraná.
Enfim, o Brasil tem um enorme potencial para se tornar um grande produtor e exportador de SAF, impulsionando a economia verde e combatendo as mudanças climáticas. Espera-se que, com pesquisas e parcerias estabelecidas, o avanço na fabricação ocorra de maneira mais rápida. Isso combina com a promessa global de redução das emissões de carbono no transporte aéreo até 2050.
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Eduardo Mikail
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