Engenharia 360

Embraer: Educação e Engenharia em Harmonia através do Programa de Especialização

Engenharia 360
por Samira Gomes
| 16/06/2021 | Atualizado em 23/08/2023 5 min
Imagem extraída de Carta Capital

Embraer: Educação e Engenharia em Harmonia através do Programa de Especialização

por Samira Gomes | 16/06/2021 | Atualizado em 23/08/2023
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Nota: Na data da atualização deste texto, em 23 de agosto de 23, Yevgeny Prigojin, líder do Grupo Wagner da Rússia, importante personagem na guerra contra a Ucrânia, foi declarado morto. Ele estava a bordo de um avião jato Legacy da Embraer que caiu perto de Moscou. O Legacy 600 é um jato executivo de médio porte, capaz de transportar até 15 passageiros, com velocidade máxima de 870 km/h e alcance de 6.290 km. A Embraer parou de fabricar esse modelo em 2020. E vale destacar que a empresa não tem ligação com o acidente. Há princípio, a especulação é que o incidente foi causado por ataque de míssil.

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Em 1950, Marechal-do-Ar Casimiro Montenegro Filho, que comandou a criação do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), já dizia: "Antes de produzirmos aeronaves, precisamos produzir engenheiros". Hoje, a frase é considerada um mantra pelos funcionários da Embraer, que vem investindo cada vez mais na formação e capacitação de engenheiros, além da fabricação de aeronaves.

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Foto extraída de Embraer

Formando uma Nova Geração de Engenheiros

Baseada nesse princípio, a empresa brasileira elaborou o Programa de Especialização em Engenharia (PEE), um dos mais duradouros modelos organizacionais de progresso intelectual e tecnológico do Brasil. Com uma jornada de 20 anos, o PEE tem um papel indispensável na composição de engenheiros da fabricante, que demanda um alto nível desses profissionais e que sejam "apaixonados pela aviação", como afirmou Carlos Alberto Griner, o vice-presidente de Pessoas e Sustentabilidade da Embraer, em entrevista ao CNN Business.

Ainda segundo Griner, “é um programa extremamente estratégico. Uma empresa como a Embraer não consegue ser competitiva se ela não tiver uma oferta de talentos qualificados, e o PEE é a espinha dorsal dessa fonte. O PEE atende nossa demanda por engenheiros, que é muito grande, e ainda cria um ecossistema de desenvolvimento de educação”.

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Foto extraída de Embraer

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Perfil do Engenheiro Embraer e a Busca pela Diversidade

O programa é designado a recém-formados de diferentes áreas da Engenharia que anseiam por atuar no setor aeronáutico. O PEE oferece um Mestrado Profissional do ITA com um curso preparatório para atuação de engenheiros em equipes de trabalho interdisciplinares da empresa e contém, em sua grade, aulas ofertadas por professores do ITA, profissionais da fábrica e consultores. "É a principal porta de entrada para engenheiros recém-formados na Embraer", salienta Griner.

O executivo também deu detalhes do perfil de engenheiro almejado pelo programa: “Procuramos engenheiros que tenham atitude, de perfil mais colaborativo, com muita energia e paixão pela tecnologia. Esses são, inclusive, os pilares da própria Embraer. Procuramos nos candidatos valores alinhados aos da empresa, com espírito de equipe, foco no resultado, abertura e transparência. Também estamos atentos ao tema da diversidade. Trazemos engenheiros do Brasil inteiro, independentemente do gênero, raça ou condição social. Nos últimos 20 anos, passaram pelo PEE engenheiros formados em mais de 100 universidades de 20 estados do Brasil”.

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Imagem extraída de Getty Images - iStockphoto

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Uma Jornada de 20 Anos Rumo à Excelência

Há 20 anos, no dia 19 de março de 2001, ocorria a primeira aula do PEE, na Unidade da Embraer em Eugênio de Melo, em São Paulo (SP), em fundações erguidas particularmente para essa finalidade educativa. Desde esse tempo, mais de 1.600 engenheiros de ramos distintos participaram do programa. Ao todo, a empresa possui, atualmente, quase 800 profissionais que adentraram por meio do PEE – 59 deles foram formados na primeira turma.

O curso permanece em constante desenvolvimento, acompanhando os avanços da indústria aeronáutica. Recentemente, a grade do programa incluiu conteúdos como Ciência dos Dados, Indústria 4.0, Prototipação de Projetos em Impressora 3D.

“Além da parte teórica, que é muito rica e forma algumas habilidades necessárias para a engenharia aeronáutica, os alunos também aprendem muita coisa, na prática. O programa tem um foco muito grande na identificação e no entendimento do avião. Eles aprendem até a pilotar planadores”, relatou Carlos Alberto Griner.

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Imagem extraída de Getty Images - iStockphoto

Além disso, o PEE também opera na desenvolução de aptidões pessoais, relativas à conduta e inteligência emocional que possibilitam o trabalho em equipe, agilidade, comunicabilidade, influência, empatia e outras competências comportamentais para o âmbito de trabalho na fábrica brasileira.

O programa possui quase 2.400 horas de aulas somado há 695 horas de atividades práticas (projeto de aeronave), totalizando 18 meses de realização. Durante esse tempo, os participantes recebem bolsas de mestrado da Embraer, cartão, alimentação, convênio médico, seguro de vida e um notebook. O capital investido anualmente no programa é de R$ 5 milhões.

Forjando o Futuro da Engenharia Aeronáutica no Brasil

Para se concorrer na seleção do programa, o candidato precisa ter um nível de inglês avançado e ser graduado em uma das seguintes áreas da Engenharia: civil, aeronáutica ou aeroespacial, naval, ambiental, química, elétrica, energia, automobilística, materiais, computação, metalúrgica, controle e automação, eletrônica, física, mecânica, mecatrônica, produção e sistemas.

No decorrer do processo, os engenheiros enfrentam uma mistura de vestibular com entrevista de emprego. Primeiro são sujeitos a testes de inglês e provas de conhecimento. Depois, são submetidos a entrevistas presenciais e dinâmicas de grupo e individuais.

Participantes

A quantidade média de inscritos por seleção é 5.000 anualmente. No ano de 2020, foram registrados cerca de 8.227 candidatos. A parcela de vagas varia conforme a necessidade da empresa. As últimas turmas obtiveram média de 17% de inscritos do público feminino. “Todo o processo seletivo é realizado sem a visualização de gênero, nome ou universidade de formação, para evitar vieses. Acontece um pouco às cegas. Com isso tentamos oferecer o máximo de diversidade nesse processo”, contou Giner.

O percentual das universidades que com mais participantes no PEE nas duas últimas décadas foram as seguintes: USP-Poli (8%), UFMG (8%), Unicamp (7%), UFSC (6%) e UFRJ (4%). A maioria dos selecionados vem dos estados de São Paulo (43%), Minas Gerais (17%), Rio de Janeiro (10%), Santa Catarina (6%) e Paraná (6%).

Gringer finaliza enfatizando a importância do programa para a formação profissional de engenheiros: “A Embraer é a Disney dos engenheiros. É um espaço de aprendizados, desafios e de crescimento muito grande. Engenheiro gosta disso!

É possível ter empresas brasileiras competindo num ambiente de altíssima tecnologia, como a aviação, desde que se planeje e invista em educação e na formação de bons profissionais, como fazemos de forma constante há 20 anos. Não é à toa que entregamos 20 projetos em 20 anos. É um ganha-ganha para a própria sociedade, pois elevamos o padrão de nossos engenheiros. É um ciclo muito construtivo”.

Você já estava familiarizado com esse programa da Embraer? Compartilhe suas impressões conosco na seção de comentários!

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Fonte: CNN.

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Samira Gomes

Engenheira de Produção formada pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF); certificada como Yellow Belt em Lean Seis Sigma.

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