Entenda
como a automação está mudando o mercado de trabalho.
O MIT Technology Review reuniu, em 2018, 18 relatórios sobre os efeitos da automação na mão de obra, basicamente tentando responder à questão que assola muitos: os robôs vão roubar nossos empregos?
Os resultados dos relatórios foram
extremamente variados: desde um ganho de quase 1 bilhão de empregos globalmente
até 2030, até uma perda de 2 bilhões. A elaboração destes documentos, no caso,
se concentrou em tecnologias de automação que provavelmente surgirão nas
próximas décadas, de modo que o balanço envolve mudanças na alocação dos
serviços e mão de obra.
A extrema variabilidade das previsões pode refletir a complexidade da questão - mas alguns economistas dizem que isso mostra que a pergunta "os robôs vão roubar nossos empregos?" não é o correto a questionar. As próximas décadas, eles argumentam, não verão uma luta contra a automação, onde os empregos são perdidos ou salvos. Em vez disso, a influência dos robôs será sobre como a força de trabalho se adapta às novas tecnologias. Os títulos de emprego devem mudar, de modo que novas demandas serão criadas e novas políticas e regulamentações serão elaboradas. Os robôs estão por aí, não para assumir nossos empregos, mas para mudá-los, facilitando algumas tarefas e nos dando espaço para exercer outras.
Neste sentido, Erik Brynjolfsson,
economista do MIT, argumenta contra o foco nas perdas de emprego como o efeito
central da automação, porque é raro ver um trabalho que seja todo e
exclusivamente automatizado. “Reinvenção e reengenharia de empregos é a
história principal”, diz ele. A questão é menos sobre se um trabalho
sobreviverá e mais sobre se ele ainda será reconhecível em um novo contexto
histórico, em que robôs trabalham concomitantemente à gente.
É bom lembrar, que em meio ao medo de
os robôs supostamente roubarem os empregos dos humanos, há alguns exemplos em
que a automação nos substitui sem criar cenários apocalípticos. Ilustrativamente,
podemos falar dos bancos: muito embora o trabalho de caixa atualmente responda
por uma parcela menor do emprego do que a 50 anos atrás, os caixas sobreviveram
à chegada de caixas eletrônicos muito melhor do que o previsto. Os funcionários
agora estão se concentrando em parte no atendimento ao cliente e na interação
humano-humano.
Complementarmente, Daniel Tozadore, doutorando da Universidade de São Paulo e membro do Laboratório de Aprendizagem de Robôs do campus São Carlos, aponta no vídeo abaixo alguns exemplos cotidianos que corroboram a necessidade de quebrar esses tabus quanto aos robôs roubarem os nossos empregos e advoga a favor da inclusão das máquinas:
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Se, apesar de tudo, você ainda se sentir ameaçado quanto aos robôs assumirem seu emprego, vale consultar sua ocupação no willrobotstakemyjob, uma página que usa dados de um estudo da Universidade de Oxford sobre 702 profissões nos EUA. Os autores do trabalho examinam como os empregos são suscetíveis à informatização e à automação e, dessa forma, a página foi criada usando um classificador de processo gaussiano.
E aí, quem se adapta ao quê? Os robôs ou a gente?
Fontes: Nature