Engenharia 360

A obsolescência tecnológica e a logística reversa

Engenharia 360
por Larissa Fereguetti
| 08/06/2014 | Atualizado em 04/09/2022 3 min
Imagem reproduzida de PECE – Poli

A obsolescência tecnológica e a logística reversa

por Larissa Fereguetti | 08/06/2014 | Atualizado em 04/09/2022
Imagem reproduzida de PECE – Poli
Engenharia 360

Quantas vezes você trocou de celular nos últimos cinco anos? Talvez essa seja uma pergunta inusitada demais para começar. Eu não quero saber quantos celulares você trocou, eu quero que você saiba. O motivo é simples: já parou para pensar em quanto lixo eletrônico há em sua casa? Eis a logística reversa como solução!

lixo-eletronico-celulares

Tecnologia é algo incrível que facilita nossa vida cada dia mais. Nossos avós jamais imaginariam como a vida seria simples se eles pudessem tirar uma foto do quadro e compartilhar com a sala inteira ao invés de ter de copiar, assim como não podemos imaginar o que nossos netos farão com a tecnologia que estará disponível para eles. O problema da tecnologia é a chamada obsolescência programada, que consiste em um produto ter um determinado tempo de vida, forçando o consumidor a adquirir um novo produto, e a obsolescência perceptiva, que é uma maneira de reduzir a vida útil de produtos ainda funcionais. Como consequência, a quantidade de lixo eletroeletrônico gerada é gigantesca. 

PUBLICIDADE

CONTINUE LENDO ABAIXO

Apesar de achar a tecnologia fantástica, vários motivos me levaram a continuar com meu smartphone até que ele deixe de funcionar. Mesmo com uma memória minúscula que não me deixa instalar aplicativos direito ou uma câmera horrível, ele continua com a película de fábrica e sem nenhum arranhão. Então, por que trocar?

lixo_eletronico

Além do celular eu também tenho uma televisão obsoleta mais velha que eu em casa (aquela com tubo de raios catódicos, cheia de metais pesados), todos os destroços dos meus celulares antigos, peças de computador velhas e uma bela quantidade de pilhas usadas aguardando eu encontrar um “papa-pilha” (eles sumiram!!!).  Eu não descarto isso em lixo comum porque tenho consciência dos impactos ambientais gerados devido à quantidade de metal pesado e outras substâncias que vão parar no solo. Querendo ou não, esses problemas vão acabar voltando para mim. O pior é que uma hora o espaço acaba e eu precisarei descartar em algum lugar.

Sobre logística reversa

É possível ver a quantidade de lixo eletroeletrônico produzida pelos países em um mapa criado pela ONU. Agora, imagine a quantidade de matéria-prima utilizada para produzir novos aparelhos! Reciclar seria uma ótima ideia. É aí que entra o conceito de logística reversa, que envolve a coleta desses materiais e o encaminhamento para a reciclagem, reduzindo os impactos ambientais provenientes tanto da extração de matéria-prima como do descarte. Porém, esse ainda é um conceito muito novo que conta com uma série de fatores que vai desde a atitude do fabricante até a conscientização da população sobre o descarte correto.

ciclo-logistica-reversa

Em 2010 entrou em vigor a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que reforça a ideia de logística reversa, forçando o fabricante, importador, distribuidor ou comerciante a implementar esse sistema após o uso do produto pelo consumidor. Porém, ainda não existe estrutura suficiente para o cumprimento da lei.

PUBLICIDADE

CONTINUE LENDO ABAIXO

Não é porque a lei exclui a responsabilidade do consumidor que nós não precisamos nos preocupar. A reciclagem de latinhas de alumínio é feita não porque tivemos consciência de descartá-la em locais corretos, mas porque elas passaram a ser trocadas por dinheiro. Não é preciso criar um drama ambiental que será respondido com ignorância por parte de muitos, é preciso apenas entender o quanto nós saímos prejudicados. Ainda vai demorar muito para que ocorra uma mudança de valores e uma conscientização maior e eu espero que até lá minha casa não esteja repleta de lixo eletroeletrônico. Enquanto isso, eu continuo procurando um papa-pilha.

Comentários

Engenharia 360

Larissa Fereguetti

Cientista e Engenheira de Saúde Pública, com mestrado, também doutorado em Modelagem Matemática e Computacional; com conhecimento em Sistemas Complexos, Redes e Epidemiologia; fascinada por tecnologia.

LEIA O PRÓXIMO ARTIGO

Continue lendo