Os pagers, também conhecidos como "bipes", são dispositivos de comunicação móvel que ficaram bastante populares entre os anos de 1980 e 1990. Eles não eram lembrados pela população desde o surgimento dos celulares modernos e smartphones. Porém, esta semana, voltaram às manchetes por conta de um evento assustador: eles foram usados como armas letais para matar membros do Hezbollah no Oriente Médio.
No dia 17 de setembro de 2024, dezenas de pagers foram levados a explodir matando nove pessoas e deixando quase três mil feridos no Líbano. Segundo informações, os dispositivos tinham cargas implantadas, o que os transformou em verdadeiras bombas-relógio.
Neste artigo do Engenharia 360, vamos lembrar como funcionam os pagers, tecnologia quase obsoleta, mas que um dia revolucionou a comunicação. Confira!
Como funcionam os pagers?
Os pagers foram inventados entre as décadas de 1950 e 1960. Trata-se de aparelhos portáteis e sem fio, que permitem o envio e a coleta de mensagens curtas (de texto ou de voz) por meio de sinais de rádio. Eles emitem alertas sonoros ou vibrações para informar o recebimento dessas mensagens, que ficam disponíveis em seu visor. Eles foram muito utilizados por profissionais como médicos e trabalhadores de emergência, sendo mais eficientes do que os telefones fixos.
Diferente dos smartphones, eles não dependem de Internet e GPS com câmeras, o que os tornam bastante seguros para determinadas aplicações. No entanto, as transmissões precisam passar por uma central eletrônica, onde um operador transmite o conteúdo ao destinatário. O auge dessas operações fora mesmo nos anos de 1990; mas, em certos casos, eles continuaram sendo utilizados, sobretudo em locais com cobertura celular limitada ou onde a segurança da informação é prioritária.
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Quais os tipos de pagers que existem?
Existem diferentes tipos de pagers. Vale citar aqui os modelos unidirecionais, que apenas recebem mensagens, e os bidirecionais, que também permitem o envio de respostas. Os mais avançados exibem mensagens de textos em suas telas de cristal líquido. Mas por não usar Internet ou geolocalização, não ter câmeras, microfones ou chips, impedem a invasão e p monitoramento em cenários de guerra ou espionagem. Bem, pelo menos é o que se acreditava até os eventos desta semana!
Por que o Hezbollah usa pagers?
Tais características - assim como descritas antes - fizeram o Hezbollah, grupo militante xiita libanês, adotar os pagers em suas comunicações internas, especialmente nas fronteiras com Israel, evitando a utilização de celulares, considerados facilmente rastreáveis e mais vulneráveis a espionagens cibernéticas.
As explosões no Líbano foram o resultado de uma técnica sofisticada. Sabe-se que pequenas cargas explosivas de aproximadamente 50 gramas foram implantadas nos dispositivos durante o processo de fabricação ou importação. Essas cargas foram detonadas remotamente ou por meio de uma falha - certamente a primeira opção -, que fez com que os pagers vibrassem de forma contínua. Os usuários se sentiram forçados a interagir com o equipamento; e ao pressionar os botões, a detonação foi acionada.
Durante o treinamento de guerra, o líder do grupo Hezbollah, Hassan Nasrallah, alertou seus combatentes sobre o risco de uma inteligência israelense ter penetrado na rede de celulares. Em julho deste ano, a Reuters noticiou que o uso de pagers era obrigatório no campo de batalha para evitar o monitoramento por Israel. Mas, até agora, não há confirmações da origem dos recentes ataques.
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Qual o futuro dos pagers em cenários de guerra?
Quem poderia imaginar que simples pagers seriam transformados em armas de guerra e ainda armadilhas mortais? Agora a tragédia no Líbano levanta questões sobre o uso dessa tecnologia ou outras tão quanto obsoletas em contextos modernos de guerra e espionagem. Pelo que tudo indica, a manipulação na cadeia de suprimentos e o uso de explosivos disfarçados em equipamentos de comunicação revelam um novo cenário, bem mais arriscado do que se pensava.
Parece que agora a história dos pagers realmente chegou ao fim. Mas não podemos esquecer do seu importante legado para a comunicação móvel. Afinal, esses dispositivos traçaram o caminho para tecnologias como o SMS, o envio de e-mails via celular e até mesmo a criação dos emojis - no Japão, por exemplo, os pagers tiveram um papel crucial no nascimento desses símbolos gráficos. E mesmo com o declínio, sua influência será eternamente sentida na comunicação moderna.
Enquanto a investigação sobre o ataque continua, uma coisa é certa: os pagers, que um dia foram símbolos de progresso e inovação, agora carregam uma sombria lembrança de sua capacidade de causar destruição e morte.
Fontes: G1 - Globo.
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Eduardo Mikail
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