Engenharia 360

O que podemos aprender com as cúpulas geodésicas do deserto de Wadi Run

Engenharia 360
por Simone Tagliani
| 30/05/2017 | Atualizado em 16/01/2023 4 min

O que podemos aprender com as cúpulas geodésicas do deserto de Wadi Run

por Simone Tagliani | 30/05/2017 | Atualizado em 16/01/2023
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Em um lugar remoto, no meio do deserto de Wadi Rum – também conhecido como ‘Vale da Lua’, na Jordânia - o hotel Sun City oferece uma experiência de vida "marciana". A região, repleta de formações rochosas, de arenito e granito, é considerada patrimônio mundial pela UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Foi inspiração e cenário para a criação de diversas estórias científicas, como as dos filmes ‘Prometheus’ e ‘Perdido em Marte’. Hoje, ela serve de passagem aos viajantes do país e recebe turistas de várias nacionalidades, que buscam conhecer melhor a cultura beduína, que se hospedam sob estruturas de cúpulas de arquitetura curiosa!

O que podemos aprender com as cúpulas geodésicas do deserto de Wadi Run
(imagem extraída de Inhabitat)

The Martian Camp

Recentemente, o hotel Sun City Camp fez uma parecia com a Freedomes, especialista em estruturas de cúpulas geodésicas. Essa empresa foi responsável, inclusive, pela construção do habitat idealizado pelo diretor Ridley Scott, como parte do cenário de ‘Perdido em Marte’. A ideia era criar versões menores dessas cúpulas, adequando-as ao estilo glamping, ou seja, de acampamento luxuoso. No total, o campo conta, hoje, com vinte unidades na cor areia.

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O que podemos aprender com as cúpulas geodésicas do deserto de Wadi Run
(imagem extraída de Sun City Camp Jordan em Facebook)
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(imagem extraída de Sun City Camp Jordan em Facebook)

Arquitetura e estruturas geodésicas

As cúpulas geodésicas ou domos geodésicos são um tipo de estrutura arquitetônica. Elas ganharam mais notoriedade com o trabalho do arquiteto autodidata Robert Buckminster Fuller. Esse americano realizou, durante a década de 1930, diversos experimentos inovadores, envolvendo principalmente o estudo da geometria. Ele entendeu, na prática, que vários triângulos poderiam formar uma esfera e compor uma edificação altamente resistente, onde as forças aplicadas se distribuiriam igualmente por toda a estrutura. Foi nos anos de 1950 que, finalmente, o profissional conseguiu disseminar a ideia das construções geodésicas.

Antes de Fuller as cúpulas já faziam parte da história da arquitetura. Elas estão inseridas nas paisagens naturais e nas obras erguidas pelo homem. Por sua incrível beleza e eficiência, podem ser vistas aplicadas tanto em projetos atuais quanto da antiguidade. Abrigos assim já foram erguidos nas áreas mais remotas do planeta, como nos desertos e polos, já que é possível realizar esse tipo de construção, de forma fácil e rápida, utilizando materiais básicos. Mas a obra mais emblemática dessa tipologia é a do The Eden Garden, em Cornwall, na Inglaterra. Seu conjunto é considerado a maior estrutura geodésica do mundo.

O que podemos aprender com as cúpulas geodésicas do deserto de Wadi Run
(imagem extraída de Sun City Camp Jordan em Facebook)

Características estruturais

A geometria das cúpulas geodésicas é inspirada em padrões energéticos, em sistemas matemáticos, físicos e na abstração de formas encontradas na natureza. Sua esfera facetada não só é muito bonita como leve, resistente e estável. Toda a força que é aplicada sobre ela acaba sendo distribuída igualmente até sua base.  Pode suportar muito bem pequenos tremores de terra e fortes rajadas de vento, como ocorre em Wadi Rum.

Além da resistência mecânica, as geodésicas também têm se mostrado bastante eficiente em relação à ação das intempéries, como grandes variações de temperatura - algo comum nos desertos. Seu formato permite que a temperatura interna permaneça sempre estável, numa condição uniforme ideal para ocupações humanas, melhor até que em modelos de habitações convencionais. Funcionam como chaminés, empurrando o ar quente para cima. Se necessário, as cúpulas também podem servir como coletores solares, concentrando e refletindo o calor nos interiores, ajudando a evitar a perda do calor por irradiação.

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(imagem extraída de Sun City Camp Jordan em Facebook)

Instalações hoteleiras

O Eco Camp - inaugurado em 2001, na zona austral da Patagônia, no Chile - é o primeiro hotel com cúpulas geodésicas do mundo. A escolha desse modelo arquitetônico partiu da premissa de se ter estruturas resistentes aos ventos fortes da região. Assim como em Sun City, lá os turistas podem entrar em contato com a cultura do povo local, os Índios Alacalufes; e vivenciar toda a  dificuldade de suas vidas. Também podem apreciar a bela vista panorâmica, que os leva a ter uma sensação de maior proximidade com a natureza.

O que podemos aprender com as cúpulas geodésicas do deserto de Wadi Run
(imagem extraída de Sun City Camp Jordan em Facebook)
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(imagem extraída de Sun City Camp Jordan em Facebook)

As cúpulas de Wadi Rum também têm um design esteticamente atrativo e belo. O conjunto lembra uma base espacial. Diferente das tendas comuns, esses abrigos são considerados de luxo. Foi difícil para os projetistas encontrar a divisão ideal para os espaços internos, já que o formado abobadado da habitação não permite certos arranjos de fluxos e alinhamento de paredes. Mas, no final, cada unidade ganhou seu próprio terraço, móveis planejados e um banheiro privativo. Esse foi o meio de o hotel Sun City oferecer, ao mesmo tempo, aventura e conforto aos seus hóspedes.

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Fontes: Sun City Camp, Lonely PlanetInhabitatGenesis Geodésica.

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Simone Tagliani

Graduada nos cursos de Arquitetura & Urbanismo e Letras Português; técnica em Publicidade; pós-graduada em Artes Visuais, Jornalismo Digital, Marketing Digital, Gestão de Projetos, Transformação Digital e Negócios; e proprietária da empresa Visual Ideias.

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