Engenharia 360

O que a história da bananada da vovó tem a nos ensinar sobre o desenvolvimento do país

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por Marcos Muniz
| 20/06/2017 | Atualizado em 11/05/2022 6 min

O que a história da bananada da vovó tem a nos ensinar sobre o desenvolvimento do país

por Marcos Muniz | 20/06/2017 | Atualizado em 11/05/2022
Engenharia 360

Primeiramente, gostaria de deixar claro que este texto sobre o Desenvolvimento do Brasil, além do discurso do Professor Weber, descreve a minha opinião pessoal sobre o assunto. Se você, leitor, discorda ou concorda com o que está escrito, escreva nos comentários e tenhamos um debate construtivo.

De onde vem a riqueza?

Somos um país riquíssimo em belezas naturais, mas infelizmente, somente esse tipo de riqueza não faz um país ser rico do ponto de vista econômico. A transformação dessas riquezas naturais sim, agregam valor ao produto final. [O texto abaixo explica isso de uma forma bastante clara.]
O que a história da bananada da vovó tem a nos ensinar sobre o desenvolvimento do país

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Por que o Brasil não investe no setor produtivo?

Vejo comentários no LinkedIn e até mesmo na rua de que investir no Brasil é praticamente cometer suicídio, visto que a burocracia para abrir um negócio e a alta taxa de impostos que recaem sobre o investidor, intimidam muitas das vezes uma ideia brilhante sair de um papel.

Ciranda Financeira vs Setor Produtivo

Definindo resumidamente o que é uma ciranda financeira: giro financeiro com fins especulativos apenas - ninguém faz nada de produtivo, mas fatura alto na especulação sem gerar empregos ou riquezas para o país.
Agora podemos deduzir qual é o papel do setor produtivo: alguém faz algo produtivo, gera empregos e riquezas para o país.
O que a história da bananada da vovó tem a nos ensinar sobre o desenvolvimento do país
Durante o meu TCC, que consistia na abertura de uma empresa fictícia, tínhamos que avaliar se aquele era um investimento viável ou não, e a forma de verificar isso era comparar a taxa de retorno sobre investimento com uma taxa de investimento bancário. Caso essa taxa de retorno de investimento fosse menor que a taxa de investimento bancário, mesmo gerando lucro, esse projeto seria inviável, pois o lucro seria ainda maior se o dinheiro fosse investido em algum banco. Seria essa a melhor opção para o desenvolvimento do país?
Abaixo segue o texto do discurso do Professor Weber, reflitam:

A Bananada da Vovó

Discurso do paraninfo, professor Weber Figueiredo da Silva, proferido no auditório da UERJ, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 13.08.2002, por ocasião da formatura de estudantes da Faculdade de Engenharia.

Ilustríssimos Colegas da Mesa, Senhor Presidente, Meus Queridos Alunos, Senhoras e Senhores.
Para mim é um privilégio ter sido escolhido paraninfo desta turma. Esta é como se fosse a última aula do curso. O último encontro, que já deixa saudades. Um momento festivo, mas também de reflexão.
Se eu tivesse sido escolhido paraninfo de uma turma de direito, talvez falasse da importância do advogado que defende a justiça e não apenas o réu. Se eu tivesse sido escolhido paraninfo de uma turma de medicina, talvez falasse da importância do médico que coloca o amor ao próximo acima dos seus ganhos profissionais. Mas, como sou paraninfo de uma turma de engenheiros, vou falar da importância do engenheiro para o desenvolvimento do Brasil.
Para começar, vamos falar de bananas e do doce de banana, que vamos chamar de bananada especial, inventada (ou projetada) pela nossa vovozinha lá em casa, depois que várias receitas prontas não deram certo. É isso mesmo. Para entendermos a importância do engenheiro vamos falar de bananas, bananadas e vovó.
A banana é um recurso natural, que não sofreu nenhuma transformação. A bananada é igual a banana mais outros ingredientes, mais a energia térmica fornecida pelo fogão, mais o trabalho da vovó e mais o conhecimento, ou tecnologia da vovó. A bananada é um produto pronto, que nós vamos chamar de riqueza.
E a vovó? Bem, a vovó é a dona do conhecimento, uma espécie de engenheira da culinária.
Agora, vamos supor que a banana e a bananada sejam vendidas. Um quilo de banana custa um real. Já um quilo da bananada custa cinco reais. Por que essa diferença de preços?
Porque quando nós colhemos um cacho de bananas na bananeira, criamos apenas um emprego: o de colhedor de bananas. No entanto, quando a vovó, ou a indústria, faz a bananada, ela cria empregos na indústria de açúcar, da cana-de-açúcar, do gás de cozinha, na indústria de fogões, de panelas, de colheres e até na de embalagens, porque tudo isto é necessário para se fabricar a bananada.
Resumindo, 1kg de bananada é mais caro do que 1kg de banana porque a bananada é igual banana mais tecnologia agregada, e a sua fabricação criou mais empregos do que simplesmente colher o cacho de bananas da bananeira.
Agora, vamos falar de outro exemplo que acontece no dia-a-dia no comércio mundial de mercadorias. Em média: 1kg de soja custa US$ 0,10 (dez centavos de dólar), 1kg de automóvel custa US$ 10, isto é, 100 vezes mais, 1kg de aparelho eletrônico custa US$ 100 (mil quilos de soja), 1kg de avião custa US$1.000 (10 mil quilos de soja) e 1kg de satélite custa US$ 50.000 (uma montanha de soja!).
Vejam, quanto mais tecnologia agregada tem um produto, maior é o seu preço, mais empregos foram gerados na sua fabricação. Os países ricos sabem disso muito bem. Eles investem na pesquisa científica e tecnológica com retorno garantido. Por exemplo: eles nos vendem uma placa de computador que pesa 100g por US$ 250. Para pagarmos esta plaquinha eletrônica, o Brasil precisa exportar 20 toneladas de minério de ferro.
A fabricação de placas de computador criou milhares de bons empregos lá no estrangeiro, enquanto que a extração do minério de ferro, cria poucos e maus empregos aqui no Brasil.
O Japão é pobre em recursos naturais, mas é um país rico. O Brasil é rico em energia e recursos naturais, mas é um país pobre. Os países ricos, são ricos materialmente porque eles produzem riquezas. Riqueza vem de rico. Pobreza vem de pobre. País pobre é aquele que não consegue produzir riquezas para o seu povo. Se conseguisse, não seria pobre, seria país rico.
Gostaria de deixar bem claro três coisas:
1º) quando nos referimos à palavra riqueza, não estamos nos referindo nem a joias nem a supérfluos. Estamos falando daqueles bens necessários para que o ser humano viva com um mínimo de dignidade e conforto;
2º) não estamos defendendo o consumismo materialista como uma forma de vida, muito pelo contrário;
3º) achamos abominável aqueles que colocam os valores das riquezas materiais acima dos valores da riqueza interior do ser humano. Existem nações que são ricas, mas que agem de forma extremamente pobre e desumana em relação a outros povos.
Creio que agora podemos falar do ponto principal. Para que o nosso Brasil torne-se um País rico, com o seu povo vivendo com dignidade, temos que produzir mais riquezas. Para tal, precisamos de conhecimento, ou tecnologia, já que temos abundância de recursos naturais e energia. E quem desenvolve tecnologias são os cientistas e os engenheiros, como estes jovens que estão se formando hoje. [E claro, você que está lendo]
Infelizmente, o Brasil é muito dependente da tecnologia externa. Quando fabricamos bens com alta tecnologia, fazemos apenas a parte final da produção. Por exemplo: o Brasil produz 5 milhões de televisores por ano e nenhum brasileiro projeta televisor. O miolo da TV, do telefone celular e de todos os aparelhos eletrônicos, é todo importado. Somos meros montadores de kits eletrônicos. Casos semelhantes também ocorrem na indústria mecânica, de remédios e, incrível, até na de alimentos. O Brasil entra com a mão-de-obra barata e os recursos naturais.
Os projetos, a tecnologia, o chamado pulo do gato, ficam no estrangeiro, com os verdadeiros donos do negócio. Resta ao Brasil lidar com as chamadas caixas pretas.
É importante compreendermos que os donos dos projetos tecnológicos são os donos das decisões econômicas, são os donos do dinheiro, são os donos das riquezas do mundo. Assim como as águas dos rios correm para o mar, as riquezas do mundo correm em direção aos países detentores das tecnologias avançadas.
A dependência científica e tecnológica acarretou para nós brasileiros a dependência econômica, política e cultural. Não podemos admitir a continuação da situação esdrúxula onde 70% do PIB brasileiro é controlado por não residentes. Ninguém pode progredir entregando o seu talão de cheques e a chave de sua casa para o vizinho fazer o que bem entender.
Temos a convicção que o desenvolvimento científico e tecnológico aqui no Brasil garantirá aos brasileiros a soberania das decisões econômicas, políticas e culturais. Garantirá trocas mais justas no comércio exterior. Garantirá a criação de mais e melhores empregos. E, se toda a produção de riquezas for bem distribuída, teremos a erradicação dos graves problemas sociais.

Texto na íntegra encontra-se na internet!
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